Yasmim Careta Santos e Mauro Henrique Miranda de Alcântara


APRENDENDO SOBRE O SEGUNDO REINADO BRASILEIRO EM POSTS DA PÁGINA PEDRO II DO BRASIL NO FACEBOOK


Vivemos em um mundo no qual há muita informação, e a desinformação é maior ainda. A quantidade de notícias, fatos, documentos que circulam diariamente em nossas vidas, por meio da internet, é cada vez maior e mais rápida. Hoje nos informamos e aprendemos, com ferramentas que fogem da tradição livresca enciclopédica, a qual foi a base da construção do conhecimento no mundo ocidental desde o iluminismo. Tais mudanças tem nos colocado em uma condição confusa: ao mesmo tempo que temos acesso a um mar de informações, e, também, podemos ser os construtores e disseminadores de conteúdo, o que demonstraria uma característica democrática dos nossos tempos, por outro lado, essa perspectiva de liberdade nos traz pouca capacidade de filtrar o que é verdadeiro e falso. As fakes news são, hoje, objetos de investigação jornalística e, até mesmo, criminal. E, precisa, também, ser alvo da pesquisa histórica.

No meio desse emaranhado de informações e desinformações, professores/as e estudantes, buscam formas de continuar a ensinar e a aprender. Todavia, a relação de ensino-aprendizagem não é mais como fora outrora. O conhecimento (e o desconhecimento) está a um clique de smartphone(para uma considerável parcela do público escolar). Isso coloca os/as professores/as em situações limites, nas quais, por vezes, precisam ter respostas para miríades de informações propagadas pelas redes. O caminho seria evitar a discussão/debate do conteúdo que os/as alunos/as trazem para sala de aula? Ou seria buscar, através desta participação dos/as estudantes, que trazem tais informações para sala de aula, problematizar e construir/descontruir tais conteúdos?

A princípio, não temos uma solução para esse impasse. Contudo, a proposta deste trabalho é possibilitar a abertura de um debate, no qual, podemos, a partir de posts do Facebook, trabalhar conteúdos no Ensino de História. Independentemente da objetivação da página, do conteúdo publicado, podemos utilizá-los para análises, tanto de períodos históricos, como da pesquisa no campo historiográfico. Para este trabalho, vamos utilizar um post fixado da página Pedro II do Brasil, do Facebook.

Antes de realizarmos essa análise, e apresentarmos nossa proposta metodológica para o ensino de história, vamos problematizar o ensinar história na era das mídias digitais, compreender o lugar do Facebook como local de construtor e disseminador de conteúdo, e, também, relacionar como tais publicações impactam na construção de uma memória histórica digital.

Ensinar história na era das mídias digitais
O ato de ensinar nas últimas duas décadas, seja em qualquer área do conhecimento, foi afetado, seja positiva ou negativamente, pelo acesso a uma gama gigantesca de informação, fornecida por dispositivos tecnológicos, sendo a internet o principal. Derivadas desse avanço digital, as mídias sociais permitem aos/as estudantes fácil acesso à conteúdos de diferentes matrizes e que, por vezes, são pouco ou nada comprometidos com estudos científicos. Discernir o conteúdo que fora construído a partir de uma base analítica e/ou interpretativa/explicativa, utilizando métodos que buscam a construção de um conhecimento, ainda é uma grande dificuldade neste mar de informações. E, para além das mídias sociais, os/as alunos/as interagem por meio de redes sociais, compartilhando diversos materiais destas mídias, disseminando-os, comentando-os e ressignificando-os. Cada vez mais essas narrativas atravessam o ambiente virtual, chegando até a realidade social, confundindo e dificultando discernir entre o real e o irreal, entre o imaginário e o concreto, nos conteúdos, materiais, informações.
Os/as historiadores/as há tempos vêm discutindo sobre as dificuldades entre o conhecimento construído na academia e o apresentando/ensinado na escola de nível básico (infantil, fundamental e médio). E não se trata de uma transposição didática e, sim, na capacidade das pesquisas históricas e da historiografia de apresentarem novas abordagens e/ou informações sobre problemas e perguntas do/no presente. No entanto, no decorrer desse processo, uma avalanche de novas formas de apresentar o discurso histórico foram (e estão sendo) compartilhadas pelas mídias e redes sociais, que passaram a construir uma nova percepção de verdade no discurso histórico:

A história passa a ser “aquilo que aparece” nas mídias, já que, em tese, seus discursos conquistaram poder e autoridade suficientes para elevar narrativamente seus fatos e acontecimentos à categoria de “históricos”, dialogando com uma série de outros atores e narrativas (DIAS, 2019, p. 4).
Essa forma de disseminar informações, opiniões e comentários, transformaram o conhecimento histórico em um “ringue de boxe” nas redes sociais, onde as pessoas deixam suas opiniões, sem a necessidade de comprová-las. Para Morishita e Gurgel, é justamente essa possibilidade “de ter sua opinião ‘ouvida’ sem necessariamente a necessidade de comprovar uma expertise sobre um determinado assunto, incentiva os sujeitos a expressarem suas opiniões de maneira mais livre” (2018, p. 4). As redes sociais compartilham os conteúdos históricos postados e/ou gerados nas mídias sociais e, a cada compartilhamento, novas formas de apresentá-los, com novas descrições sobre o tema, gerando novos comentários, constrói-se assim, novas significações. E nessa difusa composição, tais conteúdos chegam à sala de aula, através das falas e escritas dos/as estudantes ou, até mesmo, através do/a professora/a que, por desconhecimento e/ou também, pela falta de tempo é consumido pela velocidade das informações postadas e compartilhadas, acabam por utilizar desses materiais como informação didática, sem a capacidade de decifrá-la/explicá-la.

Apesar dessa confusão na construção e disseminação do conhecimento histórico, por meio das mídias digitais, podemos partir de tais informações/conteúdos, para construir o conhecimento histórico, conjuntamente com os/as discentes. Neste ponto o historiador Jörn Rüsen colabora com nosso estudo, pois, para ele, a aprendizagem histórica, é mediada por um movimento duplo: “algo objetivo torna-se subjetivo” e, “simultaneamente”, um sujeito confronta-se com essa experiência, que se objetiva nele” (2010, p. 106). Os estudantes compreendem objetivamente esse conhecimento, e, partindo disso, conferem para si uma inteligibilidade. Ao mesmo tempo, constroem uma consciência e significação em relação ao tempo e si:

A formação histórica é, antes, a capacidade de uma determinada constituição narrativa de sentido. Sua qualidade específica consiste em (re)elaborar continuamente, e sempre de novo, as experiências correntes que a vida prática faz do passar do tempo, elevando as ao nível cognitivo da ciência da história, e inserindo-as continuamente, e sempre de novo (ou seja: produtivamente), na orientação histórica dessa mesma vida (RÜSEN, 2010, p. 104).

Partindo dessa perspectiva, nossa proposta metodológica é utilizar um post da página Pedro II do Brasildo Facebook, para ensinar História do Segundo Reinado brasileiro, objetivando que o/a estudante possa ler/compreender o conteúdo publicado, de forma crítica. Eles/as serão instigados a pesquisar sobre a página, os seus ideais e objetivos. Por fim, eles/as terão que fazer pesquisas históricas para confrontar os dados inseridos no post e o que é publicado pela história e historiografia.

O Facebook e o Ensino de História:
A rede social Facebook é a que possuí maior número de usuários na atualidade, segundo ao portal de dados digitais DataReportal (2020). Segundo esta fonte, essa rede possuí mais de 2,449 bilhões de usuários. Sendo, portanto, a mais popular rede social do planeta.

No Brasil, essa popularidade é similar. Apesar de perder a primeira posição para o Youtube, contudo, mais de 130 milhões de brasileiros possuem uma conta no Facebook, sendo o terceiro país do globo que mais possuí perfis nesta rede social (IMME, 2020).

Trata-se, o Facebook, de uma mídia social-digital de amplas funções e conectividade. Ao mesmo tempo que é possível compartilhamento um pensando/ideia, pode-se utilizar ferramentas para curtir e compartilhar o conteúdo de outrem, criar grupos e páginas. Segundo Ribeiro (2017), apesar desta rede ser livre e gratuita, contudo, há uma política de acesso, que restringe determinados conteúdos e usos. Os padrões da comunidade, é um conjunto de regra que todos/as usuários devem obedecer e, também, os meios para denúncias caso alguém atente contra tais princípios. Ribeiro (2017, p. 24) argumenta, que, este “site de redes sociais não proporciona tanta a liberdade de conectar, compartilhar informações como propaga”.
Como uma importante rede social, o Facebooké um lugar de construção e propagação de conteúdo histórico. Um universo de bilhões de pessoas. Rodrigues (2018), destaca que nas redes sociais, o conhecimento histórico foi transformado em um lugar de disputa por parte de pessoas e coletividades. Isso tem contribuído na construção de uma fake history, embaralhando esta área do conhecimento e transformando em difusa a sua compreensão. A internet, para ele, “permitiu a busca e replicação de informações de maneira cada vez menos mediada pelos aparatos institucionais do campo da educação (bibliotecas, escolas, centros de estudo etc.) ou pelos professores” (2018, p. 161).

Ainda para este historiador, o conteúdo criado e compartilhado nas redes sociais, atravessam o tecido social, “penetra o senso comum, chegando aos alunos que a eles estão expostos na Internet e no cotidiano em geral” (2018, p. 167). Tudo isso vem gerando uma grave crise no ensino de História, pois o que propõe parte dessas informações é “revisar” o conhecimento histórico, contudo, sem um trabalho histórico e historiográfico. Rodrigues faz uma interessante proposição para superar essa situação:

Talvez o melhor caminho seja a problematização dos elementos subjacentes ao teor dos discursos “revisionistas”, procurando entender os lugares por onde se difundem e quais os interesses que podem estar por trás da sua disseminação (RODRIGUES, 2018, p. 167).

E é justamente esse o caminho que objetivamos neste trabalho e que iniciaremos na próxima seção: problematizar, questionar e sintetizar o conhecimento que tem sido publicado no Facebooksobre o Segundo Reinado Brasileiro.

(Des)construindo o Segundo Reinado Brasileiro na página Pedro II do Brasil do Facebook
A página Pedro II do Brasil, no Facebook, conta com mais de 130 mil seguidores. Segundo os dados contidos na página, ela está vinculada ao Museu Imperial de Petrópolis (MIP), inclusive colocando o site o oficial e o telefone do museu nas informações sobre ela. Todavia, quando tentamos acessar o site indicado, não é o mesmo do site oficial do museu. O telefone, no entanto, consta no site oficial do museu. Outra importante informação: ela está classificada como figura pública, ou seja, ela busca apresentar conteúdos referentes a pessoa de D. Pedro II (PEDRO II NO BRASIL, 2020)
A página foi criada em 21 de novembro de 2012, com o nome de D. Pedro II do Brasil, e teve o seu nome alterado para Pedro II do Brasil em 9 de outubro de 2016, ela possui a seções de fotos, vídeos e o famoso feed, onde ficam as publicações em ordem cronológica. Há uma quantidade grande de postagens recentes na página. Nos últimos 30 dias, por exemplo (entre 8 de março e 8 de abril de 2020), foram exatamente 30 publicações, entre novas, compartilhamentos ou re-compartilhamentos. Apesar do volume, as postagens ficam restritas a cinco datas: 4 de abril de 2020, 25 de março de 2020, 21 de março de 2020, 9 de março de 2020 e 8 de março de 2020.  (PEDRO II NO BRASIL, 2020).

O post fixado, o qual vamos analisar, foi publicado em 9 de março de 2017, portanto, há pouco mais de três anos, contudo, cinco anos após a criação da página. O post fixado, é aquele que sempre será o primeiro no feed, ou seja, sempre que alguém entrar na página, terá acesso a essa primeira informação. Essa é uma estratégia de apresentação da página, para novos usuários/seguidores/as. Sendo assim, compreendemos como de suma importância compreendê-la e analisá-la. Trata-se de um longo post. E no final, ele traz fontes que teria utilizado para escrevê-lo. Não descreve as fontes no decorrer do texto, apenas as elenca no final. Sendo elas descritas da seguinte maneira:
Fonte: IHGB, FGV, ARQUIVO NACIONAL RJ, BIBLIOTECA NACIONAL RJ, IMS RJ , MUSEU IMPERIAL PETROPOLIS RJ, Biografia Pedro II Ser ou não Ser de José Murilo de Carvalho 2006 e 2007 ( Membro da Academia Brasileira de Letras). (PEDRO II DO BRASIL, 2020, post fixado).

Como é possível identificar, trata-se de fontes genéricas. Afinal, a maior parte do que foi descrito, são arquivos, que possuem milhares de centenas de documentos. Somente uma bibliografia. Na verdade, uma biografia. A escrita pelo historiador José Murilo de Carvalho, conhecido por seu posicionamento pró-monarquia.

No primeiro parágrafo do post, identificamos a pré-figuração, da qual partirá a página, para escrever sobre o período histórico e o papel do monarca:

Quando Pedro II do Brasil subiu ao trono em 1840, 92% da população brasileira era analfabeta, em seu último ano de reinado em 1889, essa porcentagem era de 60%, devido ao seu grande incentivo a educação, a construção de Faculdades e principalmente de inúmeras Escolas que tinham como modelo o excelente Colégio Pedro II (PEDRO II DO BRASIL, 2020, post fixado).

Estes dados não são apresentados com suas respectivas fontes. Contudo, em uma rápida consulta, na própria biografia que a página coloca como fonte, temos uma consideração que contrasta com o descrito no post: “seu [do Imperador] apoio à ciência, às letras e às artes, à educação e à técnica foi um exemplo importante num país de 80% de analfabetos. O pouco que se fez no Brasil no século XIX nesses campos deve muito a ele” (CARVALHO, 2007, p. 230). Ao mesmo tempo que o biógrafo concorda com o postao dar ao monarca protagonismo no apoio à educação, ciências e artes, por outro lado, ele coloca um número muito distante do apresentado, em relação ao analfabetismo ao final do império. Mais uma vez Carvalho, agora em sua obra Cidadania no Brasil, destaca uma realidade muito adversa a descrita pela página do Facebook: “mais de 85% eram analfabetos, incluíam-se muitos dos grandes proprietários rurais” (2005, p. 32). E para ficar claro que isso se trata do período final do império, o historiador, quando traz informações sobre a reforma eleitoral de 1881, que, alterou a obrigatoriedade de ter uma renda mínima para participação na política, para a necessidade de ser alfabetiza, diz: “somente 15% da população era alfabetizada” (CARVALHO, 2005, p. 39). Outros autores, como Valladares (2009), Schwarcz (1998), também ratificam essa informação. Contudo, Ferraro e Kreidlow explicitam esses dados, analisando os censos brasileiros do século XIX e XX: a taxa de analfabetos era 82,3% no censo de 1872 e 82,6% em 1890 (2004, p. 185). Autores/as sobre a História da Educação brasileira, descrevem a falta de organização educacional no período, a pouca oferta de escolas para as crianças e esse analfabetismo estrutural da sociedade brasileira do período (ARANHA, 1996; GUIRALDELLI JUNIOR, 2009).

Em cima desta pequena descrição do post, podemos fazer com que os/as estudantes verifiquem três situações: a não-veracidade das informações postadas na internet, a importância da pesquisa bibliográfica e documental e, por fim, compreendam a realidade da população brasileira do final do século XIX.

Vamos para a análise de mais uma parte do post:
(1880) O Brasil era a 6º Economia do Mundo; (1860-1889) A Média do Crescimento Econômico era de 8,81% ao Ano; (1880) Eram 14 Impostos, atualmente são 198. (1850-1889) A Média da Inflação era de 1,02% ao Ano. (1880) A Moeda Brasileira tinha o mesmo valor do Dólar e da Libra Esterlina (PEDRO II DO BRASIL, 2020, post fixado).

Estes dados econômicos, que o texto traz, são complexos e sem fundamentação teórica e comprovação documental. Afinal, não podemos mensurar e analisar o país à época com os mesmos critérios com os quais avaliamos hoje. Todavia Tombolo e Sampaio (2013, p. 184)., se apropriando em dados e escritos do historiador da economia brasileira, Celso Furtado, descrevem que o crescimento do Brasil foi de aproximadamente 1,5% ao ano, entre 1850 e 1900. Outros estudos, no entanto, colocam como o máximo de crescimento para o Brasil, à época, em 0,36% ao ano na primeira metade do século XIX e 0,40% na segunda metade.

Apesar de termos esses dados, e eles serem interessantes para podermos problematizar o período, são outros fatores que cabem e valem a problematização em sala de aula, visando uma aprendizagem histórica. Primeiramente, é evidenciar para o/a aluno/a que análises históricas precisam serem contextualizadas. Não podemos analisar a economia imperial, partindo de princípios econômicos do século XXI. Isso fica evidente com a questão dos impostos. Independentemente de termos muitos impostos hoje e poucos à época, mas a estrutura social e econômica era outra. Um importante dado: naquele período, a base da mão de obra era escrava, hoje, temos o trabalho assalariado. Essa mudança, gerou todo um impacto social e político, mas também econômico, que impactou. Parte dos nossos impostos atuais estão diretamente direcionados a proteção ao trabalho e ao trabalhador/a.

A segunda questão que é importante ressaltar, em dados como estes, lançados ao vento, por publicações disseminadas nas redes sociais, é a importância da checagem. Sem averiguá-los, estaremos, somente, construindo fake history, e, não, elucidando fatos novos para a história. Por fim, podemos problematizar, também, os números. Mais uma vez: sem contextualizá-los, podemos fazer deduções que projetam valores positivos, pois estamos trazendo para o nosso presente, sem, na verdade, terem sido para sua época. Um exemplo do trecho acima: não conseguimos verificar se, de fato, a moeda imperial, tinha o mesmo valor da Libra Esterlina inglesa, ou do Dólar americano, entretanto, tal fator não impactava diretamente a situação econômica brasileira. Vivíamos o tempo do padrão-ouro, ou seja, o lastro do nosso dinheiro era medido pela reserva deste minério e não pela poupança em dólares ou libras (NE10, 2015).

Considerações finais
Haveria muito mais a explorar neste post fixado na página Pedro II do Brasil. Contudo, temos limitações neste texto. Mesmo assim, podemos verificar que é possível e importante problematizar o conteúdo que é postado nas redes sociais. Devemos sempre questionar, contextualizar e analisar. Essa é uma estratégia interessante, para ensinar duplamente: primeiro sobre períodos/conteúdos/personagens históricos, segundo, sobre a importância da história e da pesquisa histórica.

Biografias:
Yasmim Careta Santos é Bolsista de iniciação científica de nível médio (IC-EM/IFRO), do projeto de pesquisa “Ensinar História na Era das Mídias Digitais”. Estudante do Curso Técnico em Informática integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal de Rondônia, Campus Cacoal.
Mauro Henrique Miranda de Alcântara é Doutor em História pela Universidade Federal de Mato Grosso. Professor da mesma área no Instituto Federal de Rondônia, Campus Cacoal. Coordenador do projeto de pesquisa “Ensinar História na Era das Mídias Digitais”.

Fonte:
PEDRO II DO BRASIL. Sobre. s/d. Disponível em:
https://www.facebook.com/pg/PedroIIBrasil/about/?ref=page_internal. Acesso em: 08 abr. 2020.

Referências
Afinal, por que o dólar é tão importante para a economia?. NE10. Recife, 23 set. 2015. Disponível em:
<https://noticias.ne10.uol.com.br/10horas/noticia/2015/09/23/afinal-por-que-o-dolar-e-tao-importante-para-a-economia-570515.php>. Acesso em 08 de abr. 2020.
ARANHA, M. L. A. História da educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 7ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
CARVALHO, J. M. D. Pedro II. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
DIAS, André Bonsanto. Um Brasil (em) Paralelo: as “verdades” da ditadura e sua historicidade mediada como um empreendimento político. XII Encontro Nacional de História da Mídia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN. jun. 2019.
FERRARO, A. R.; KREIDLOW, D. Analfabetismo no Brasil: configurações e gêneses das desigualdades regionais. Educação & Realidade. v. 29, n. 2, jul.-dez. 2004. pp. 179-200.
GARCIA, R. A evolução da moeda brasileira: Uma breve história do nosso dinheiro desde os tempos do Império. Veja São Paulo. São Paulo, 27 nov. 2017. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/memoria/evolucao-moeda-brasileira/>. Acesso em 08 abr. 2020.
GUIRALDELLI JUNIOR, Paulo. História da Educação Brasileira. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
HOOTSUITE & WE ARE SOCIAL. Digital 2020 Global Digital Overview. Datareportal. 30 jan. 2020. <Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2020-global-digital-overview>. Acesso em 08 abr. 2020.
IMME, A. Ranking das redes sociais: as mais usadas no Brasil e no mundo, insights e materiais gratuitos. Resultados Digitais. Florianópolis, 21 jan. 2020. Disponível em: < https://resultadosdigitais.com.br/blog/redes-sociais-mais-usadas-no-brasil/>. Acesso em 08 abr. 2020.
MIRANDA JÚNIOR, Jaime. Redes Sociais e a educação. 2. ed. Florianópolis: IFSC, 2013.
MORISHITA, C. GURGEL, R.; Verdade e Subjetividade nas Redes Sociais. IV Seminário Pensar de Otro Modo. Colômbia, Maio/2018.
RIBEIRO, C. U. O uso do Facebook e suas interfaces com o processo ensino-aprendizagem em uma escola mineira de Ensino Médio. Dissertação (Mestrado em Processos Socioeducativos e Práticas escolares). São João Del Rei, Universidade Federal de São João del Rei, 2017. 286 p.
RODRIGUES, Aldair. O ensino de História na era digital: potencialidades e desafios. In: LINS, Isadora; DURÃO, Susana. Pensar com Método. Rio de Janeiro, 2018.pp145–175.
RÜSEN, J. História viva: teoria da história: formas e funções do conhecimento histórico. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 2010.
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
TOMBOLO, G.; SAMPAIO, A. V. O PIB brasileiro nos séculos XIX e XX: duzentos anos de flutuações econômicas. Revista de Economia. v. 39, n. 3, set.-dez.2013. pp. 181-216.
VALLADARES, E. M. O declínio do Império – o advento da República. In: GUARITA, S. O Brasil como Império. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.

19 comentários:

  1. Boa tarde! Achei muito relevante sua abordagem sobre a página em questão do Facebook e suas implicações quanto ao ensino de História (do Brasil) em um período atual onde encontramos muito desserviço nas redes sociais, inclusive por meio das fakes news. Algo que deve ser levado em consideração é que a maioria (ressaltando que uma minoria sem acesso ver um abismo maior em termo de educação no Brasil) considerável de alunos possuem todos os dias acesso contínuo às redes sociais, mais do que os próprios educadores que por inúmeros motivos ou se abstém ou limitam seus acessos diários, assim sendo com base em sua análise sobre o post citado, como você analisa as redes sociais como disseminadoras do ensino histórico? É possível conciliar o ensino de História nas redes sociais mesmo com uma orientação docente, seja através do Facebook ou mesmo de grupos de wathsapp haja vista que são partes integrantes do cotidiano dos discentes?
    Lázaro José Farias Barbosa

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    1. Prezado Lázaro, agradeço muitíssimo seu comentário e seu questionamento. É importante ter essa troca de ideias para enriquecer o trabalho, que se trata de um resultado parcial de um projeto que ainda está se iniciando.
      Vou responder por tópicos:
      1. Penso que as redes e mídias sociais são importantes meios de divulgação do conhecimento histórico. Contudo, hoje, elas são mais propagadores de (des)conhecimento histórico, caixas de ressonâncias de mitos históricos e, também, de fake history, do que de narrativas históricas que somam para a aprendizagem histórica. Acredito que o post (e a página que estamos analisando, como um todo), demonstra isso. Uma importante interação de conteúdos que perpetua uma história mestre da vida, no entanto, para além disso, distorcendo dados, falsificando documentos, etc.
      Acredito que é possível, mas ainda estamos distante disso. Esse projeto é um indicativo. Ele é um projeto integrador (pesquisa-extensão), ao final dele, iremos fazer oficinas de Ensino de História e Mídias Sociais-Digitais com os/as professores/as da educação básica da nossa região (ao menos 2). A ideia é, primeiro, apresentar os problemas do conteúdo histórico que, costumeiramente, estão nestes posts e compartilhamentos. E, depois, buscar fazer isso que estamos fazendo com a análise deste post, (des)construir o que é construído nestas mensagens/narrativas, a partir de um método de pesquisa histórico. Assim, acreditamos, poderemos ensinar história partindo da des-construção para a construção.
      Mais uma vez, obrigado pelo questionamento, Lázaro!

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    3. Boa tarde! As redes sociais, muita das vezes, são disseminadoras devido ao excesso de informações fragmentadas, pois causa uma interpretação errônea nos jovens estudantes, o ensino da história acaba sendo mais afetado, já que cada detalhe importa e contém grande diferença.
      Existe sim formas de conciliar o ensino de história pelas redes virtuais, mas necessita de um planejamento correto das aulas ou debates, com especialistas da área.

      Yasmim Careta Santos.

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  3. Olá.
    Primeiramente, quero parabenizar os autores pelo texto de grande relevância para o momento que estamos vivendo. Sabemos da importância tanto da problematização em torno do conhecimento histórico até agora gerado sobre figuras públicas como o imperador Pedro II e ratificado por livros didáticos ao longo da nossa história. E também sabemos que é essencial fazer com que nosso alunos saibam realizar pesquisas de qualidade e com variedade de informações, desde que devidamente fundamentadas em fontes confiáveis.
    Tendo em vista a citação às fake news, questiono se não seria o caso de explorar mais o conceito a fim de que as definições sejam mais claras?
    Além disso, gostaria de saber a opinião dos autores sobre a possibilidade da criação de páginas com conteúdos facilmente acessíveis (como a citada no texto), porém que disponibilizassem informações verídicas e fundamentadas, até mesmo como forma de instigar os alunos à produção de conhecimento para além do ambiente acadêmico.
    Obrigado!
    Nome: André Guilherme da Cruz Cremonesi

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    2. Boa tarde! Podemos sim explorar as fake news e suas consequências, por enquanto abordamos dessa forma, essa dificuldade dos pesquisadores ainda está presente e é realmente importante falar sobre. Estamos verificando qual a melhor plataforma para propagar as informações sem fragmentação, ou, que possa instigar a pesquisa, acredito que até o final do semestre podemos estar com um planejamento a respeito dessa situação, obrigada pela pergunta e dica.

      Yasmim Careta Santos.

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    3. Prezado André,
      Feliz com suas palavras e contribuição.
      Complementando o que escreveu a Yasmim, aprofundar nas discussões conceituais e, também, aplicadas das Fake News será importante para a continuidade do projeto. Será um dos nossos próximos passos.
      Quanto a criação de páginas com conteúdos facilmente acessíveis é de suma importância. Acredito que o/a historiador/a contemporâneo, precisa ter um compromisso com a História Pública. Precisamos estudar, pesquisar e publicar cada vez mais, para colaborar com esse debate e, também, buscar publicações de mais fácil acesso aos estudantes, bem como para um pública amplo e heterogêneo.

      Forte abraço,

      Mauro Henrique Miranda de Alcântara

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  4. Bom dia! Acabei de ler o texto e não consegui deixar de associar com a introdução de novas mídias e tecnologias no processo de ensino-apredizagem. Obviamente, utilizar redes sociais, memes, vídeos do youtube, entre outros, aproximam aluno e educador, e torna a aprendizagem mais fluída. O grande problema são as informações falsas que são difundidas por esses meios. Durante meu estágio, fiz uma atividade relativa aos mortos e desaparecidos durante a ditadura militar brasileira, que consistia em pesquisar sobre quem eram essas pessoas, afim de "humanizar" os números. Indiquei os sites Brasil Nunca Mais e Memórias da Ditadura, que considero sites de informações seguras. O fato é que tive grande resistência por parte dos alunos em pesquisar nestes sites, e para contornar a situação, resolvi mostrar o site para eles e selecionar os nomes que eles deveriam pesquisar, pois assim, ao jogarem no google, o site Memorias das Ditadura seria o primeiro a aparecer. Neste caso, eu acho que consegui contornar a situação, e, apesar de haver resistência, alertei sobre informações falsas que podemos encontrar em vídeos e blogs aleatórios na internet.

    Como historiadores, estamos acostumados a sempre questionar tudo que é lido: Quem produziu? Para quem foi produziu? Que fontes foram utilizadas? O que está implícito? São perguntas de praxe para nós. Eu acho que devemos orientar os alunos ao pensamento crítico, sempre buscando questionar tudo o que lêem.

    Gostaria que os autores falassem um pouco mais sobre a inserção das novas mídias na sala de aula, e como vêem esse processo.



    Att, Nycole Schmitt Andrade.

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    2. Boa tarde! Fico feliz que tenha orientado seus alunos a pesquisarem em um site que tenha confiança e que analisou o assunto, já que é uma grande dificuldade atualmente. Eu, como autora do texto e com base nos meus estudos, acredito que as novas plataformas ampliam o acesso dos alunos a informações, porém dificulta em alguns aspectos, como a fragmentação da história e as famosas fake news. Portanto, os professores, especialistas em algum assunto, devem escolher uma plataforma ou site, conforme você mesma fez, que confie e explicar com base nessa mídia, instigando os alunos a pesquisarem mais.

      Yasmim Careta Santos.

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    3. Prezada Nycole,

      Primeiramente, que interessante estratégia que você utilizou. Merece um relato e uma publicação como estratégia de ensino de História. Essas perguntas que você elencou, e que são nortes para o trabalho do/a historiador/, precisam estar presente nas aulas de História. Portanto, nosso trabalho vai um pouco nesse caminho. Buscamos a desconstrução destes pseudo conteúdos históricos. Com essas poucas, mas poderosas argumentações, desmontamos a perspectiva históricas destas páginas, que, na verdade, buscam contar estórias, exaltar memórias.
      Não podemos ser tecnofóbicos, portanto, penso que precisamos incluir, cada vez mais as tecnologias em nossas aulas. Mas precisamos fazer isso de duas maneiras: primeiro ensinando sobre as ferramentas tecnológicas. Explicando que o Google e o Facebook não são Deuses, inquestionáveis, por exemplo. Precisamos colocar que se discute sim sobre a internet, as redes e as mídias sociais. Desmontando esta perspectiva de ingenuidade dessas empresas de tecnologias, precisamos entrar com a história-problema, fazendo, justamente essas perguntas que você colocou, sobre o que é publicado e repercutido nas redes. Assim, nesse exercício diário, para além de ensinar história, ensinaremos a melhor usar as mídias digitais sociais, o que hoje, é fundamental para a formação do cidadão.

      Muitíssimo obrigado pela sua consideração e pela contribuição com seu relato!

      Um abraço,

      Mauro Henrique Miranda de Alcântara

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  5. Olá, caríssimos

    Me alegra muito em ler o texto. Fui visitar a página e observei que suas problematizações são pertinentes e bem fundamentadas. Minha dúvida, nesse sentido, é saber como vocês avaliam o uso ideológico por grupos para promoção de valores (como os pró-monarquistas) políticos e como, na sua opinião, é possível fazer as devidas ressalvas em memes ou posts para alunos e público geral?

    Sucesso!!!

    At.te

    José Carlos da Silva Ferreira

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  6. Prezado José Carlos,

    Que pergunta legal!
    Precisamos sim discutir quem produz esse material (inclusive os Memes, cada dia mais utilizado e, principalmente, pensando numa perspectiva de sátira social).
    Devido ao limite para escrita deste trabalho, foi necessário fazer um recorte. Contudo, vamos sim, precisar fazer uma discussão sobre o lugar do ideológico nestas produções.
    No caso do movimento monarquista, em ascensão e cada vez com maior adesão nas redes e mídias digitais sociais, faz parte do nosso recorte. Menos neste projeto e mais no projeto paralelo que inciamos a desenvolver este mês.
    No caso, esta página em especial, realiza uma perspectiva de uma nostalgia imperial, partindo da construção mítica e heroicizada do Imperador. Desconstruir isso, é uma forma de desconstruir a personificação da história.

    Enfim, espero poder ter respondido.

    Um abraço,

    Mauro Henrique Miranda de Alcântara

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  7. Boa noite, infelizmente grande parte da população se deixa levar por informações mais “fáceis” espalhando mitos e tradições populares, porém muitos desqualificam o trabalho do historiador então surge à questão, como levar as pessoas conteúdos de qualidade, seja na escola ou em redes sociais em tempos de fake news?
    Amando Silva de Lima Reinaldo

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    1. Olá Amando,

      Muito obrigado pela sua contribuição e questionamento.
      Essa é uma pergunta ainda difícil de responder. Fake News (e fake history, também) sempre existiram. Todavia, nossa era digital faz com que elas se propaguem muito mais rápido, chegando há um público extremamente heterogêneo e, com isso, com diferentes níveis de discernimento entre o que é verdadeiro e o que é falso. Vivemos, portanto, um simulacro de realidade. As empresas (como Facebook, Google e Twitter), não apenas fazem corpo mole para esse fenômeno, como, por vezes, acabam o repercutindo. Como diz Evgeny Morozov, a verdade [hoje] é o que gera mais visualizações". Então, quanto mais compartilhamento, mais ganham essas empresas. Quanto mais popularidade essas notícias (falsas), mais pessoas irão entrar nas redes e mídias sociais, e mais dados gerarão para essas empresas, que poderão vendê-los para as empresas de comércios para fins de consumo e padrões de comportamento.
      Precisamos de um marco civil da internet sério (o Brasil até tentou, mas o que foi projeto, o que foi aprovado e o que está sendo fiscalizado, há uma distância gigantesca) para coibir esse tipo de prática, em primeiro lugar.
      Quanto a situação do Ensino de História, precisamos, cada vez mais, da atuação e da responsabilidade dos/as profissionais da área em produzir material público, fugindo dos castelos da academia. Precisamos sim fazer história para um público heterogêneo.

      Espero ter respondido sua pergunta.

      Abraço,

      Mauro Henrique Miranda de Alcântara

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