Sara Pereira Ferreira


RELATO DE UMA PRÁTICA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DO RECURSO CINEMATOGRÁFICO NO ENSINO DE HISTÓRIA E SUAS POTENCIALIDADES



Tomando como base o crescente desinteresse do alunado em relação aos conteúdos ministrados em sala, mais especificamente os do componente curricular História, verificou-se a imensa necessidade de se buscar meios de ensino que dialoguem com a realidade desses indivíduos e que despertem curiosidade quanto ao conteúdo trabalhado e principalmente o interesse de permanecerem na escola e assistirem essas aulas. Dessa forma, buscou-se refletir sobre a introdução do cinema em sala de aula e os seus benefícios para a aquisição de um conhecimento significativo.

A proposta pensada dentro dessa perspectiva teve por tema “A diáspora e resistência africana no Brasil Colônia”, a análise desse conteúdo partiu da exposição de um trecho do filme Amistad (1997), que suscitou uma discussão extremamente interessante entre os alunos. O recurso fílmico utilizado foi problematizado, analisado e questionado em sala, atentando para a importância de um olhar crítico sobre toda e qualquer fonte no estudo de História.

Portanto, os tópicos que se seguem tratarão de fazer uma breve caracterização da escola trabalhada, procurando ambientar o leitor sobre a realidade vivenciada. Em seguida, o cinema será apresentado através do olhar de alguns autores como um importante recurso pedagógico para o ensino de História e por fim, narrado em forma de relato de experiência estará as atividades desenvolvidas sobre a temática proposta.

Breve caracterização da escola: recursos físicos e humanos
A Escola Estadual de Ensino Médio João Silveira Guimarães localiza-se na Rua Cícero Dias de Oliveira, 216 - Dão Silveira, no município de São Bento – PB. Foi criada em 1963, quatro anos após a emancipação da cidade, sendo assim uma de suas primeiras escolas. Recebeu esse nome em homenagem a um grande empresário da região que muito se destacou no comercio automobilístico e atingiu grande notoriedade na região. 
Atualmente a instituição atua somente com o Ensino Médio (1° ao 3° ano), distribuídos nos turnos manhã e tarde, já o período da noite é destinado aos alunos da modalidade EJA (Educação de jovens e adultos). Possui, aproximadamente, 1.254 (Um mil duzentos e cinquenta e quatro) alunos matriculados, porém por não possuir uma boa estrutura física, as vagas para receber mais alunos são limitadas, o que leva a mães ou responsáveis pelos alunos a acamparem em vila na frente da escola nos períodos de matriculas. Esses alunos são distribuídos de acordo com suas idades, sendo sua maioria moradora dos bairros vizinhos, outra parte considerável, mora em bairros periféricos, onde o acesso até a escola se dá por meio de transporte público escolar.

A referida escola dispõe de 10 (dez) salas de aula de tamanho pequeno ou médio, não sendo capazes de atender de maneira satisfatória a quantidade de alunos que nelas são ingressados. As salas são mal estruturadas, pouco arejadas e iluminadas. Em algumas delas devida a falta de planejamento, as janelas de vidro expõem os alunos de boa parte da sala ao sol, o que levou a eles próprios comprarem cortinas e anexarem nas janelas para impedir a entrada do sol. As salas possuem ventiladores, em sua grande maioria já gastos e que não são capazes de manter um clima agradável no ambiente. A escola não possui acessibilidade a portadores de deficiência física. Possui uma biblioteca com um acervo considerável e laboratório de informática, esse último disponibiliza aproximadamente dez computadores para o uso dos alunos, porém não dispõe de internet. Não possui atendimento especial e nem quadra de esportes. E seu corpo docente é formado por aproximadamente 40 professores graduados, sendo alguns mestres ou mestrandos. 

Em suma, uma escola fisicamente mal estruturada, e apesar de inúmeros pedidos de reforma ainda continua na mesma situação.  No entanto seus funcionários buscam trabalhar em conjunto para melhoria do funcionamento escolar e de certa maneira suplantar essa falta de estrutura física, tento como seu principal objetivo formar cidadãos reflexivos, participativos e aptos a exercerem a cidadania frente à sociedade, fazendo-se necessário que a escola consiga despertar em seus discentes o gosto pelo saber independente da má estrutura física.

Ensino de História: o cinema como ferramenta didática-pedagógica
No que diz respeito ao ensino de História, Caimi [2007] discorre sobre como ela tende a ser vista pela maioria dos alunos que estão hoje em sala de aula, apontando características como “chata”, “cansativa”, “decorativa” e com “leituras densas e de difícil compreensão”.  Portanto, diante dessa realidade, esses alunos reivindicam um ensino mais significativo, articulado com sua experiência cotidiana, além de um professor “legal”, “amigo”, “menos autoritário”, que lhes exija menos esforço de memorização e que faça da aula um momento agradável e que aproximem o conteúdo trabalhado a realidade deles próprios, pois estes conteúdos tendem a serem em excesso e extremamente complexos e abstratos.

Diante dessa espécie de repulsa que os alunos tendem a ter pela disciplina de História, fato esse que pode ser observado durante as aulas desenvolvidas na referida escola, se faz necessário uma busca por reformulação e por novas metodologias que possam auxiliar no melhor desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com Fávero [2010] é importante se ter em mente que a imagem clássica do aluno dos séculos passados esgotou-se e o professor vivencia essas mudanças no ambiente escolar e ele precisa entender e se adaptar a ela. Dessa forma, durante o planejamento das aulas começou-se a buscar meios de levar para sala de aula uma outra linguagem e fonte, além daquela utilizada cotidianamente representada pelo livro didático, uma metodologia que estivesse em diálogo com a realidade desses alunos.
Para Azevedo [2013] é imprescindível o planejamento docente, onde esse deve servir para organizar e sistematizar as ideias antes de executá-las. Portanto, para fazer um bom planejamento devem-se observar os aspectos e características da turma e do espaço escolar. Em outras palavras, se planejando a partir de sua própria realidade. Como na escola já mencionada, apesar da estrutura física precária, ela dispõe de aparelhagem audiovisual, optou-se por utilizá-lo. Assim, em um mundo globalizado e com o rápido desenvolvimento de tecnologias que estão disponíveis a grande parte dos indivíduos que fazem parte da comunidade escolar atualmente, o ensino de História deve estar articulado com esses mecanismos pois eles servem como agentes motivadores para os discentes. 

Partindo desse pressuposto e tomando como base os Parâmetros Curriculares Nacionais [1997] quando estes propõem que se deve estabelecer relações históricas entre o passado e o tempo presente, situar os conhecimentos históricos em múltiplas temporalidades, reconhecer semelhanças, diferenças, mudanças e permanências, conflitos e contradições sociais em diversos contextos históricos, buscou-se através da introdução do cinema em sala de aula meios que ajudassem no processo de produção de conhecimento e que suscitasse no aluno o desejo de permanecer na escola e assistir essas aulas de história proporcionando assim uma maior identificação com o tema estudado.

Dessa forma, a utilização correta de produções cinematográficas no ensino de História pode contribuir imensamente no processo ensinar/aprender na disciplina, principalmente quando o professor entende que essa é uma das ferramentas que podem ser utilizadas na melhoria do processo de aprendizagem.

“[...] pode-se afirmar que o filme promove o uso da percepção, uma atividade cognitiva que desenvolve estratégias de exploração, busca de informação e estabelece relações. Ela é orientada por operações intelectuais, como observar, identificar, extrair, comparar, articular, estabelecer relações, sucessões e causalidade, entre outras. Por esses motivos, a análise de um documento fílmico, qualquer que seja seu tema, produz efeitos na aprendizagem de História, sem contar    que tais operações são também imprescindíveis para a inteligibilidade do próprio filme”. [ABUD, 2003, p.191].

Nesse sentido a  introdução do cinema em sala de aula favorece mais um meio para ampliação do ensino de História, já que essa ferramenta contém em sua elaboração duas possibilidades de análises, a primeira sobre o contexto no qual o filme se refere e a segunda sobre a sua época de produção, problematizando assim duas conjunturas diferentes, ampliando as discussões e trazendo o aluno para o centro, onde este possa a partir do seu lugar de fala repensar os fatos e se incluir nas narrativas da história, identificando e assimilando os conteúdos com a arte analisada.

Pois o elemento fílmico deve ser pensando muito além de algo que busca apenas representar determinado período histórico, deve-se pensar sobre o que almeja essa produção, qual público quer atingir, o que quer representar e que discurso ele objetiva transmitir. Esses questionamentos são imprescindíveis na formação de um pensamento crítico do aluno, sendo esse pensamento de extrema relevância na aquisição do conhecimento. 

Buscando estimular nos alunos o senso investigativo e a capacidade de formular questionamentos frente a fontes primárias, nesse caso especifico os filmes, Castro [2010] salienta que se deve:

“[...] preparar o aluno/professor/cidadão para ver a mídia (a notícia, o filme, a telenovela, o anúncio, etc.). Como uma mediação, uma aproximação da realidade, que exige uma apreciação crítica e um esforço para se relacionar o que se vê ou ouve com seus próprios reconhecimentos e valores pessoais. O filme, o telejornal, ou a telenovela não são formas acabadas de expressão da realidade. Mas meras aproximações, substituições da realidade, muitas vezes simplistas e empobrecidas. Nem por isso se pode transigir com a ultras simplificação, pois significa, por exemplo, retirar do filme e da telenovela sua dimensão artística de retratar ou interpretar realidades; e do jornalismo, sua capacidade de gerar conhecimento”.

Nessa linha de pensamento, o cinema em sala de aula se torna uma ferramenta pedagógica de grande valia para problematizações no ensino de história, onde o período que se passa determinada narrativa pode ser tomado como tema gerador, observando principalmente as semelhanças e diferenças existentes entre o real e o fictício. Pois é válido salientar que as fontes cinematográficas não possuem o compromisso com o real, pois podem interpretar essa realidade com inúmeros olhares distintos, e é esse um dos fatos que deve ser analisados juntamente com os alunos. 

“[...] apesar    de    ser    uma    arte centenária e muitas vezes ao longo da História ter sido pensado como linguagem    educativa, o    cinema ainda tem alguns problemas para entrar   na escola.   Não apenas   na “escola   tradicional” (o   que   seria compreensível, dada    à    rigidez metodológica que dificulta o uso de filmes   como   parte   didática   das aulas), mas também dentro da escola renovada, generalizada a partir dos anos 1970, o cinema não tem sido utilizado   com   a   frequência   e   o enfoque desejável.  A maioria das experiências    relatadas    ainda    se prende ao conteúdo das histórias, às 6 fábulas em si, e não discute os outros   aspectos   que   compõem   a experiência do cinema [NAPOLITANO, 2006, p. 7].

A reflexão feita por Napolitano [2006], destaca o processo de amadurecimento e formulação de meios para a utilização bem elaborada e com objetivos claros do cinema em sala de aula. Pois mesmo com uma maior abertura dessas novas metodologias no ensino, ainda é possível se observar maneiras não eficazes de sua utilização, como filmes utilizados como mero recurso ilustrativo e de entretenimento ou para substituir aulas de professores faltosos. Mediante tal realidade, o repensar e a busca por meios que favoreçam a problematização, o pensar crítico e análise dos fatos históricos ocorridos é de suma importância. 

Portanto, repensar o ensino de História, a inserção de novas metodologias, em especifico o cinema, é buscar dialogar com as mudanças sociais, e trazer para a vivência escolar um incentivo aos sujeitos para se portarem como cidadãos críticos e participativos em sua comunidade, o professor enquanto também pesquisador tem por oficio apresentar possibilidades para um ensino instigante, diferenciado e significativo.

Relato de uma prática: a diáspora e resistência africana através do filme Amistad (1997)
O conteúdo “A escravidão nos engenhos de açúcar no Brasil colonial” foi apresentado a uma turma de 2° ano da Escola Estadual de Ensino Médio João Silveira Guimarães (localizada no município de São Bento-PB), inicialmente de maneira expositiva, onde foi feito o uso de slides que continham trechos e imagens do tema abordado. A aula ocorreu de maneira satisfatória, buscando incentivar discussões a partir do que estava sendo exposto. A turma se mostrou curiosa, o que suscitou em perguntas feitas ao longo da exposição. 

Em seguida foi proposto que os alunos fizessem uma leitura silenciosa do capitulo trabalhado anteriormente. Terminada a leitura eles foram incentivados a exporem suas opiniões sobre o que tinham lido e assim se iniciou uma discussão extremamente rica. No entanto, só um pequeno grupo de alunos falavam, enquanto os demais acompanhavam em silencio ou entravam em conversas paralelas. Ao final da aula, foi solicitada a elaboração de questões sobre o tema para que fossem feitas em casa e entregues na aula seguinte.

Porém, durante a exposição do conteúdo já mencionado, observou-se uma curiosidade dos alunos sobre como se deu o uso da mão de obra escrava no período de produção de açúcar no nordeste colonial brasileiro. Aliado a isso, tomou-se como base a Lei 10.639/2003 que torna obrigatório no Ensino Fundamental e Médio, o ensino sobre História e Cultura afro-brasileira e africana, dessa forma se pensou em organizar uma oficina tomando como tema a “Diáspora e resistência africana no Brasil colônia”. 

Portanto, a discussão foi iniciada a partir da exposição de um trecho do filme Amistad (1997). Filme produzido por Steven Spielberg, baseia-se em fatos reais ocorridos a bordo do navio negreiro espanhol Amistad no ano de 1839. A partir dele é possível analisar aspectos como captura e transporte de escravos africanos, como eram tratados nos porões dos navios, mais conhecidos como tumbeiros, devido ao número de mortes ser extremamente alto, as formas de resistência que esses indivíduos desenvolviam e os movimentos de luta pelo fim da escravidão.

 Os alunos se mostraram extremamente interessados e atentos ao assistirem ao filme, era perceptível suas reações de admiração, incomodo e até mesmo espanto no decorrer do trecho. Ao final, eles foram incentivados a exporem pontos que mais chamaram sua atenção. E assim o fizeram, resultando em uma discussão bastante interessante, introduzindo e suscitando problematizações em busca de se construir conhecimento. Após a discussão houve uma aula expositiva, fazendo uso de slides com trechos e imagens referentes ao viés escolhido, além do que os trechos do filme iam sendo tragos à tona na medida que se enquadrava na explicação. Associando assim a linguagem falada e visual, processo que facilitou o processo de ensino aprendizagem. 

Em um segundo momento a aula foi destinada a uma atividade que deveria ser feita por eles a partir dos subsídios trabalhados anteriormente. Foi executada uma atividade de contação de histórias, onde os alunos foram orientados a se imaginarem no lugar de um escravo negro trazido para um engenho de açúcar no período colonial e em forma de carta, iriam produzir uma narrativa contento os aspectos relacionados ao tráfico, cotidiano e resistências desses indivíduos. Buscando assim, aprimorar a prática da escrita, leitura e interpretação textual, entendidas como competências fundamentais a serem alcançadas para o melhor desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem da disciplina de História, além de desenvolver a capacidade imaginativa e o sentimento de empatia nesses alunos.

 A princípio demostraram dificuldade em iniciar a narrativa, no entanto com orientação e incentivos necessários desenvolveram os textos solicitados. Em seguida, em um grande círculo leram suas cartas, o que despertou discussões e até mesmo emoção a partir de estórias criadas por eles próprios, ou seja, narrativas ficcionais a partir de um fato verídico. Analisando os textos escritos e as leituras compartilhadas foi possível observar o domínio do conteúdo trabalhado refletido em suas narrativas, escrevendo seus relatos associando trechos do filme com o que foi falado em sala. Além disso utilizaram a imaginação nas narrativas, porém isso não impediu em nenhum momento de se colocaram criticamente no texto.
...
A partir dos fatos mencionados, verifica-se a necessidade e importância da utilização de novas metodologias, que busquem suscitar no aluno o desejo de permanecer na escola e assistir as aulas de História, estabelecendo assim uma melhor relação entre professor e aluno, levando em consideração a subjetividade e conhecimento experiencial desse último como meios de articulação dessa abordagem. E para que isso ocorra é necessário o professor estar sempre disposto a inovar, acompanhando as mudanças e se adequando e remodelando a partir de sua própria realidade.

Referências
Sara Pereira Ferreira é mestranda em Ciências da Educação pela Faculdade de Sidrolândia – FACSIDRO, especialista em Docência e Gestão na Educação a distância pelo Instituto Superior de Educação do CECAP; Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica e Psicopedagogia Institucional, Clinica e Hospitalar pela FACSU. Possui Licenciatura em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN e em Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação São Judas Tadeu-ISESJT. Professora de História no Estado da Paraíba.
ABUD, Kátia   Maria. A   construção   de   uma Didática da História:  algumas ideias sobre a utilização de filmes no ensino. História, São Paulo, 22(1); 2003
AZEVEDO, Crislane Barbosa. Planejamento docente na aula de história: princípios e procedimentos teórico-metodológicos. In: Revista Metáfora Educacional (ISSN 1809-2705) – versão on-line, n. 14 (jan. – jun. 2013), Feira de Santana – BA (Brasil), jun./2013. p. 3-28. Disponível em: <http://www.valdeci.bio.br/revista.html>. Acesso em: 22 de março de 2020.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: História/ Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1997.
CAIMI, Flávia. Por que os alunos (não) aprendem História? Reflexões sobre ensino, aprendizagem e formação de professores de História. In: Tempo. Rio de Janeiro, n. 21, vol. 11, jul. 2006.
CASTRO, Nilo André Piana de. Leitura midiática na sala de aula nos cursos de extensão: interpretando e construindo conhecimento através de imagens em    movimento. In: BARROSO, Vera Lucia Maciel et al. Ensino de História: desafios     contemporâneos.     Porto Alegre: EST;Exclamação; ANPUH-RS, 2010.
FÁVERO Sobrinho, Antonio. O Aluno não é mais aquele! E agora, professor? A transfiguração histórica dos sujeitos da educação. In: Seminário Nacional: Currículo em Movimento – Perspectivas Atuais – I. Belo Horizonte, 2010. p. 1 – 17.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2006.

13 comentários:

  1. De acordo com o artigo 26 e § 8 da LDB a exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. Tendo em vista essa resolução acrescentada a LDB em 2014 pela então presidente Dilma Rousseff que legitima o uso desse documento. Enquanto professora de História você poderia se apoiar dessa resolução para poder trabalhar mais com essa mídia, principalmente nas abordagens de História do Brasil. Enfim, felicito pelo o trabalho que você produziu, principalmente no campo metodológico que demonstra o cuidado e o zelo que você tem pelo seus alunos e pela formação dos mesmos.
    Ronyone de Araújo Jeronimo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito grata pela colocação, bastante pertinente. É de fundamental importância a utilização e a valorização dos filmes nacionais. Particularmente utilizo bastante o filme "Deus e o diabo na terra do sol" de Glauber Rocha, ele faz parte do cinema novo e foi produzido durante a ditadura militar. Coloca em evidência o sertão nordestino, destacando as desigualdades sociais do país com a utilização de temas como seca, coronelismo, guerra de canudos e o cangaço, que resultaram em miséria, opressão e violência, porém sem deixar de exaltar as riquezas culturais e a resistência do povo nordestino. Dessa maneira, essas produções não devem servir apenas para ilustrar, mas também para problematizar as mudanças e permanências acerca de determinada realidade. SARA PEREIRA FERREIRA

      Excluir
  2. Sara, parabéns pelo texto. Ao compartilhar sua experiência enriquecedora, acaba por nos ajudar a compreender a recepção fílmica por parte dos alunos. Você acha que funcionaria bem a criação de um cineclube em escolas de ensino médio? Haveria adesão e participação dos estudantes?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grata pelo comentário Adriano, fico feliz que minha experiência possa de alguma forma somar para os demais colegas. Acredito que a implantação de um cineclube seria um projeto riquíssimo a se pensar, pois objetivaria estimular os alunos a ver, discutir, refletir e problematizar as produções cinematográficas. Além de proporcionar um ambiente mais aberto, sem as cobranças da sala de aula, para uma prática dialógica entre alunos, professores e comunidade resultando na articulação dos saberes e vivências. Creio que a princípio seria visto com desconfiança por boa parte dos alunos, mas com práticas acolhedoras e de incentivo se faria uma participação significativa nesses encontros. SARA PEREIRA FERREIRA

      Excluir
  3. Olá, Sara!

    Parabéns pelo trabalho realizado e pelo relato apresentado acerca da experiência vivida com os seus alunos. Achei importante a contextualização do espaço escolar, tendo em vista que a má-estrutura incide diretamente no processo de aprendizagem, tal como os teóricos abordados para dar escopo à pesquisa realizada.

    Desse modo, entendendo o filme como uma ferramenta metodológica relativamente "nova" e partindo da ideia de que todo professor de história é, em si, um pesquisador, como preparar um profissional que, até então era distante dessa metodologia, para que o mesmo não exiba o filme apenas como artifício ilustrativo, mas, sim, como uma fonte capaz de dar conta de inúmeras problematizações?

    Grato,

    Vinícius Henrique Martins Monteiro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito grata pelo comentário Vinícius. Com as novas tecnologias se faz necessária novas competências, formas de aprender e de realizar o trabalho pedagógico. Tem que partir do professor a tomada de consciência dessa necessidade, levando-o a superar preconceitos quanto a utilização dessas novas fontes. Aliado a isso temos também a formação de professores que objetiva atualizar esse profissional, buscando aproximá-lo as novas discussões e apresentar a realidade com um olhar mais crítico. Mas é um caminho árduo, pois infelizmente a formação continuada dos profissionais de educação não tem sido privilegiada de maneira efetiva pelas políticas públicas. SARA PEREIRA FERREIRA

      Excluir
  4. Olá, Sara. Tudo bem?

    Parabenizo pela excelente discussão exposta em seu texto.
    No período da minha graduação, fiz parte do projeto PIBID, trabalhando com Cinema e Ensino de História, atualmente sinto saudades dessa temática, foi prazeroso ler novamente essas discussões.

    É muito importante a sua desenvoltura em tratar o filme de maneira crítica, e não um "tapa buraco", medida essa que abolimos da nossa prática docente.
    Por mais, que pareça consenso que as linguagens históricas, sejam diversas, enfrentamos problemas em colocá-las em prática.
    Os filmes, são um grande exemplo. Da estrutura escolar, que pode não ser propícia para exibições, o pouco tempo das aulas de história, para que possamos exibir um filme completo, e os alunos, que identificam que assistir filme, não é conteúdo escolar. Talvez, pela velha prática de utilizá-lo sem contexto, por parte dos docentes.
    Minhas questões, serão mais expositivas de práticas vivenciadas.
    Durante o período de PIBID, ministrei oficinas, que desenvolviam a estrutura de montagem dos filmes (direção, produção, roteiro, som), isso despertava o interesse dos alunos, ao entenderem, que tudo ali era milimetricamente montado, para se ter, o produto final. Gosto muito, da expressão: "que o filme não acaba, quando ele termina", é justamente no seu fim, que iremos começar as problematizar.
    Sugiro, que durante as exibições, os professores elaborem um roteiro simples (Ano de produção/Gênero/Personagens principais/Sugestões e Críticas), para direcionar o interesse dos alunos aos pontos de vistas, que possam contribuir durante o debate.
    Gostaria de saber sua opinião na interdisciplinaridade do filme, a evolução para projetos maiores, produções de pequenos curtas ou documentários?

    Atenciosamente

    Krystila Andressa Costa da Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muita grata pelas suas colocações, foram de grande valia. Também fui bolsista do PIBID durante minha graduação, foram experiências riquíssimas para minha formação docente. Lendo sua narrativa, me remeti a um projeto que trabalhei junto com outros pibidianos, foi a produção de um pequeno documentário onde podemos trabalhar a história local tomando como base pontos turísticos da cidade. Os alunos adoraram e participaram ativamente. Nesse sentido, creio que se trabalhar todo o processo de uma produção audiovisual auxiliaria muito aos alunos perceberem que toda produção tem um determinado fim. SARA PEREIRA FERREIRA

      Excluir
  5. Olá Sara,

    primeiramente, parabéns pela iniciativa, é fundamental pensar e atuar preventivamente e criativamente dentro da sala de aula. Gostei da metodologia utilizada em tono do filme. Diante da enorme dificuldade de ações culturais se manterem firmes, e principalmente da indústria cinematográfica que dispões de poucos recursos e políticas públicas de produção e necessita de profissionais de várias áreas para a produção você acredita que o uso do cinema como ferramenta de ensino pode ser incentivar o entendimento da importância de obras audiovisuais na representação social? Por sua experiência, acha válido o uso de filmes em todas as faixas etárias da educação básica?
    Att,
    Suzi De Andrade Leite

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Suzi, muito obrigada pela sua contribuição. Creio que sim, o uso do cinema em sala de aula é de extrema importância para se refletir sobre representações sociais que essas produções podem abordar. Mas se faz válido perceber como essas representações são abordadas e reproduzidas, pois todo e qualquer discurso tem um objetivo a ser alcançado. Os filmes podem ser exibidos em todas as faixas etárias da educação, mas sempre levando em consideração os conteúdos e a linguagem acessível para aquela determinada turma ou ano. Pois esse recurso deve fornecer subsídios necessários para uma discussão tomando como base a realidade, habilidades e limitações dos alunos. SARA PEREIRA FERREIRA

      Excluir
  6. Parabéns pelo seu trabalho e pelo relato de sua experiência docente. O uso do Cinema como fonte histórica contribui de forma inequívoca para o processo de aprendizagem e construção do conhecimento histórico. Nesse sentido, é imprescindível, a compreensão das produções cinematográficas não como reflexos da realidade, mas como representações acerca do passado. Tal discussão é fundamental, sobretudo quando analisamos filmes ditos como de “não-ficção” como os documentários. Em meu ponto de vista, essa metodologia evita o uso de filmes como meras ilustrações da realidade ao mesmo tempo em que permite reflexões mais aprofundadas também para o contexto de produção bem como os objetivos de seus idealizadores. Nesse sentido, como você analisa essas questões bem como a relação entre passado e presente nas obras cinematográficas em sala de aula?
    MICHELE APARECIDA EVANGELISTA

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Gostaria de agradecer pelo comentário, muito importante sua reflexão. Nesse sentido se faz necessário se ter em mente o cuidado na escolha desses filmes, buscando antes de exibi-lo fazer um levantamento minucioso sobre o objetivo que aquele discurso pretende alcançar. Outro ponto a se pensar seria os anacronismos observados em determinados filmes que buscam reproduzir questões passadas, pois essas produções não precisam ter o compromisso de representar os fatos de forma “verídica”, ao contrário de nós historiadores que necessitamos das fontes para dar sustentação a nossa narrativa. Dessa maneira, é importante refletir com nossos alunos que essas representações não são verdades absolutas, mas são narrativas que buscam difundir uma ideia, ideia essa influenciada por um tempo, espaço e um determinado fim. SARA PEREIRA FERREIRA

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.