Ronyone de Araújo Jeronimo


A IMAGINAÇÃO E O DESPERTAR PELO GOSTO DE IR AO CINEMA


 

“Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação”. [Charles Chaplin]

A imaginação se estabelece enquanto uma construção elaborada pela mente de um sujeito que para o filósofo Gaston Bachelard [1988] supera as noções de realidade, pois nesse mundo que construímos em nossa cabeça podemos ser o que quisermos e fazer o que desejarmos. É nesse universo que o intérprete de Carlitos gostaria que nos posicionássemos, pois o cinema é fruto da imaginação de um autor que executa cada detalhe inspirado por essa dádiva. Logo, o que será projetado e visualizado por nós é apenas um devaneio de uma mente criativa que articulou todo aquele trabalho, com intuito de despertar nos presentes das salas de projeções diferentes emoções. Inclusive, incorporar ao mundo de fantasia desses sujeitos que modificam a sua maneira o filme que foi assistido: os personagens se tornam reais em nossas mentes, e suas ações também.

Assim, discernir um personagem de um ator ou atriz se tornava uma tarefa difícil para o público que frequentava o cinema, e o próprio Charlie Chaplin vivenciou essa dificuldade de compreensão por parte de seus admiradores. Para estes Chaplin era Carlitos, e era inadmissível ir ver um filme em cartaz desse ator que não tivesse uma veia cômica própria do personagem que ele dava vida. O seu nome também estava atrelado ao mesmo, pois este personagem deu notoriedade para o artista. Dessa maneira, para o público, ver um filme de Charlie Chaplin que não fosse uma comédia, seria provavelmente um motivo para se criar sobre a película algum tipo de rejeição. O que de fato ocorreu quando o intérprete de Carlitos se aventurou na produção de um drama em 1923, intitulado “A woman of Paris”, no Brasil recebeu o título de “Casamento de luxo”. Os críticos avaliaram positivamente, todavia, pela primeira vez o artista experimentaria o “fracasso” comercial, e o seu público não aceitou tão bem a falta do Carlitos que estampava os cartazes do filme.

A explicação para essa rejeição sofrida por Charlie Chaplin não seria apenas por dirigir um longa-metragem que não pertencia ao gênero que o tornou famoso, mas devido ao imaginário dos sujeitos que acompanhavam a trajetória desse artista que já tinham se acostumado a ver o seu o nome ligado ao humor.  Assim, para Bachelard [1988] a imaginação tende a antecipar certos acontecimentos, criando em nossas cabeças cenários diferentes dos que serão apresentados. É devido ao futurismo proporcionado por nossas mentes que muitas vezes nos decepcionamos com as ações vindouras, alheio ao universo construído por nossa cabeça. Essa talvez tenha sido a razão do público do intérprete de Carlitos saírem das salas de projeções desapontados com o que assistiram, pois se adiantaram no seu imaginário que o filme que iriam presenciar era mais uma comédia de um famoso artista responsável por arrancar risos do seu público.

Essa talvez seja a magia do cinema, acreditar que o ator que dá vida a um personagem, seja de fato aquele sujeito, e essa fantasia não se perdeu por completo no nosso cotidiano. Entretanto, o tempo mudou nossa relação com as produções cinematográficas, e hoje não necessitamos ir ao cinema para assistir um lançamento, pois com as plataformas de “streaming”podemos assistir em nossas casas, com todo conforto que os nossos lares proporcionam, apesar de que as salas que exibem os filmes não perderam seu público. Pois existe todo um ritual para se frequentar esse espaço, tendo em vista que:

“Ir ao cinema envolve uma preparação, uma saída, um passeio, ver gente e assistir ao filme ao lado de outras pessoas. E essa possibilidade de compartilhar emoções faz a grande diferença do meio cinema configurando-se também como espaço de socialização e de produção de imaginários coletivos”. [FANTIN, 2009, p.213].

Esse comportamento que o cinema nos impõe não é algo novo, desde o seu surgimento ir a uma sala de exibição possuía essa intenção de socializar os sujeitos de provocar reações semelhantes e ao mesmo tempo diferentes, pois cada indivíduo possui uma resposta diversa para uma cena que foi apresentada. Todavia, essas imagens em movimento tem a intenção de provocar nos espectadores a difusão de ilusões que corroboram para discussões calorosas das ações dos personagens, como os mesmos fossem dotados de uma existência que invade o nosso cotidiano. Estamos cada vez mais inseridos no “Universo Pop” onde o cinema, quadrinhos, séries e livros que tratam dessas temáticas fantásticas possuírem um amplo domínio de persuasão e de consumo por parte de um grande público.

Nossa imaginação ganharia com o surgimento do cinema uma nova ferramenta para se evadir de nossas vidas, muitas vezes monótonas e sem nenhum atrativo, para um mundo que tudo é possível. Por esse motivo que “teóricos como Adorno e Horkheimer previam o “naufrágio” da arte a partir do cinema, que para eles não sobreviveria à vulgarização de uma cultura transformada em indústria”. [FANTIN, 2009, p.213]. Para esses autores a difusão dessa cultura que compreende a nossa sociedade na atualidade, possui um único intuito induzir o sujeitos a consumirem tantos os produtos ligados a essa grande indústria cultural que obtém lucros através da exploração de seus filmes e personagens, quanto das ideologias que as mesmas emanam em suas produções. Contudo, não há como descartar do nosso cotidiano a influência da cinematografia, tendo em vista que as mesmas nos levam a muitos mundos, alguns fantásticos e outros que fazem parte de nossa memória afetiva.

O cinema então, nos possibilita teletransportar para qualquer lugar através da nossa mente. Foi o que ocorreu com um jovem que por falta de uma casa de instrução na sua cidade natal teve de se deslocar para uma outra cidade para se tornar interno de um colégio em Campina Grande-PB no começo do século XX:

“A minha matricula no Colégio São José, a 6 de janeiro de 1917, quase escrita com as tintas dos meus olhos lacrimosos, fés-se pensar que dali não poderia nunca mais avistar os meus saudosos pais, desilu-me rever, ainda aqueles campos de minhas pueris diversões e não iria jamais bater nas águas barrentas do Araçagi”. [REVISTA MANAÍRA, 1949, Ano-X].

Nesse novo ambiente esse jovem se viu sozinho em um banco, cabisbaixo e distante de sua família e de tudo que era próximo a ele. Em uma cidade nova e desconhecida onde o seu mestre seria a figura paternal mais próxima. Apesar da primeira impressão do professor Clementino Procópio não tenha sido uma das melhores, pelo fato do mesmo ter o primeiro contato com o educador em sala de aula, onde o mesmo era sério e rigoroso, o semblante de seus companheiros era de melancolia, talvez por estar na mesma situação do novo discente, sozinho em um lugar desconhecido ou apenas por estarem entediado com a aula. Com o tempo o jovem advindo do vale do Araçagi se habituou com ambiente, fez amigos e se aproximou de Clementino Procópio que além de educador era o diretor da escola em que o rapaz estudava. De acordo com o jovem o administrador do São José tinha os discentes enquanto filhos, e motivava os jovens de sua instituição a descobrir as novidades da modernidade que aos poucos estavam chegando a Campina Grande para que os mesmos ficassem cientes desses avanços. O primeiro passeio desses garotos que na sua maioria não eram residentes da localidade foi até a estação ferroviária, e lá tiveram uma surpresa ao recepcionar a chegada de um trem:

“No domingo fomos assistir a chegada do trem. O pasmo seria enorme. Nenhum de nós conhecia aquele gigante vomitando fogo, num vuco-tevuco acelerado, a gritar como suíno amarrado. Na imaginação de muitos, ele teria funções contrárias da que vimos na realidade. Próximo a uma ponte deu um apito estritamente como nos dizendo – saiam do trilho que vou chegando que vou chegando. Foi um berro rouquenho de fera assustada, a estrugir, prolongado como cantiga de cigarra! Naquele momento menino abriu da perna deixando o bebal desatinado. Eu fui encontrado no sangradouro do Açude Velho espantado como novilhote que faz tempo que não ver gente”. [REVISTA MANAÍRA, 1949, Ano-X].
        
O “pavor” vivido pelo autor dessas memórias, se remete a surpresa que aquela invenção da modernidade suscitara sobre seu íntimo. A reação do então jovem escritor nos faz lembrar a inocência dos primeiros espectadores das salas de projeções com a exibição experimental do primeiro filme intitulado “A chegada de um trem a estação” de 1896 dos irmãos Lumière, um grande alvoroço tomou conta do íntimo dos sujeitos que estavam presentes neste ambiente, quando avistaram a locomotiva  chegando na grande tela, só era avistado uma parte dos trilhos, logo, o trem estava a caminho e o destino dele era colidir com os espectadores, esses assustados se apressaram para deixar o ambiente para salvar suas vidas. Esse tipo de comportamento é gerado pelo estranhamento ao desconhecido, muitas vezes tememos o que é estranho, as ações dos rapazes e dos espectadores podem ser vistas enquanto uma reação comum, proporcionada pela surpresa de ambos com o objeto não conhecido. Para Clementino Procópio que avistara os meninos as margens do Açude Velho a chegada de um trem não mais o espantava, o mesmo já era acostumado com as idas e vindas das locomotivas, tendo participado da comitiva campinense que recebeu o primeiro trem que desembarcou em Campina Grande em 1907. Se as Marias fumaças não impunham no mestre mais nenhum tipo de assombro, o cinema por outro lado proporcionava divertidas emoções.

Assim, após enfatizar que aquela invenção da modernidade não o espantava, o mesmo dizia para os seus discípulos que “Domingo levarei uma turma ao Cine-Fox. Irão ver o filme de Eddi Polo e os gracejos de Carlito”. [REVISTA MANAÍRA, 1949, Ano-X]. O autor desconhecido revela que ficou muito ansioso para que chegasse o dia que o preceptor tinha prometido que levaria a sua turma para o cinema, e a ansiedade para conhecer aquele espaço era tanta que o escritor passara a semana toda pensando como seria a reação:

“Iríamos a uma bilheteria comprar ingressos entrar de salão a dentro onde a multidão assistia, de lâmpadas interrompidas, a representação de figuras que passavam através de um orifício luminosos, em espirais, numa fumaça veloz, projetando numa tela um movimento extraordinário a fazer a gente refletir a conquista da cena muda como cousa maravilhosa. Atiravam em gente correndo a cavalo, amarravam os artistas, uns eram varados de balas num tiroteio tremendo e saiam sãos. Cavaleiros violentos lembravam os nossos vaqueiros indômitos e um fazendeiro de chapéu de abas largas montava um cavalo possante como os que serviam nas nossas vaquejadas. Era um quadro admirável. Tão cheio de vivacidade que a gente desejava ficar assistindo o resto da vida. – Tomei gosto pela diversão. O meu espirito, por muito tempo encheu-se daquele movimento. Nunca mais deixei de ir ao cinema... os de tela e os da vida...” [REVISTA MANAÍRA, 1949, Ano-X].

O fascínio pela sétima arte surge nesse sujeito através dessa experiência influenciada pelo seu mestre que ficara na sua lembrança. Naquela época tudo era novo para o autor, o simples fato de comprar ingressos na bilheteria para poder acessar ao cinema era uma novidade, a tela e as imagens em movimento despertava curiosidade e emoção. Todas as vezes que o escritor assistia a um filme no cinema possivelmente lembrava dessa experiência. Logo, é bem provável que a escrita dessa lembrança deve ter surgido, após esse autor sair do cinema, pois um “filme propicia por si só uma atração especial, é envolvente, mobiliza a atenção concentrada, envolve o espectador, mobiliza aspectos emocionais, explora a percepção, valores, julgamentos, paixão e compaixão, opiniões e até desejos” [CASTILHO, 2003. p.8]. Logo, as aventuras assistidas naquele primeiro momento fizeram emergir no sujeito, tanto um sentimento de saudade de sua terra, quanto da sua família, por estar distante dos mesmos. A busca por encurtar divisas transformara o faroeste estadunidense em algo próximo e conhecido. Pois a imaginação permite que os sujeitos associem aspectos comuns do seu cotidiano com ações provenientes de outra realidade que não é a sua.

O cinema teletransportou o jovem de uma sala de projeção para o vale do Araçagi, despertando no íntimo desse rapaz o gosto por aquela arte que incentiva a imaginação do sujeito. Após sua maturidade, a lembrança que emergia naquele momento era de Clementino Procópio que incentivava esse prazer pela sétima arte. As produções cinematográficas são como nossa imaginação, surge “num mundo que nasce dele, o homem pode tornar-se tudo” [BOUSQUET Apud BARCHELARD, 1988, P.8]. Não adianta buscar em uma película o que é real, e sim igualmente ao pensamento de Chaplin extrair a fantasia que aquela produção nos propõe, só dessa maneira, analogamente ao jovem do Araçagi desfrutaremos do gosto de ir ao cinema.

REFERÊNCIAS

Ms. Ronyone de Araújo Jeronimo pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG.
BACHELARD, Gaston. A Poética do Devaneio. Tradução: Antônio de Pádua Danesi. São Paulo; Martins Fontes, 1988.
CASTILHO, Aurea. Filmes para Ver e Aprender. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.
FANTIM, Monica. “Cinema e Imaginário Infantil: A Mediação Entre o Visível e o Invisível”. Revista Educação e Realidade. MAI/AGO, 2009. Disponível em <http://www.seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/viewFile/9357/5546>Acesso em 27 ago. 2017.
MEMORIAL URBANO DE CAMPINA GRANDE. Paraíba:/Prefeitura Municipal de Campina Grande, 1996.
REVISTA MANAÍRA, Campina Grande-PB: Edição de 1949. Arquivo Pessoal. Publicação Mensal. Ano-X.

15 comentários:

  1. Ronyone,
    Parabéns pelo seu texto. É um belo exemplo de narrativa. Como transpor narrativas (podemos falar de escrita de si?) como esta para a sala de aula? Como inseri=las nos currículos?

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    1. Obrigado professor por suas considerações que reverberam em meu íntimo o desejo de dar continuidade ao diálogo iniciado pelo meu texto. Em primeiro lugar, em razão do uso da fonte documental que apliquei na escrita desse trabalho e as influências da minha vida acadêmica e literária que sempre me nortearam para o estudo e a escrita de história de vidas, fazendo uso de biografias, escrita de memorialistas e cronistas, além de diários e periódicos que sempre contribuíram para minhas narrativas. Em decorrência desse cenário que expus, acredito que podemos falar de escrita de si e como a mesma pode ser inserida nos currículos e nas aulas de História. Sem se distanciar da temática que estou inserido nesse simpósio, apresentar a vida de um sujeito é expor muitas vezes qualidades e defeitos que muitas vezes corroboram com o ambiente histórico e social vivido por esse sujeito. Dessa maneira, sempre busquei incentivar os meus alunos a escrever sobre si e sobre seus cotidianos, principalmente fazendo paralelos com os acontecimentos históricos locais, nacionais e globais da atualidade, indicando a eles que a escrita deles podem nortear pesquisadores futuramente a usarem os seus relatos enquanto fontes. Além disso, o próprio cinema pode ser utilizado enquanto um recurso para abordar a escrita de si, tendo em vista a variedade de películas que tem sido lançadas recentemente que abordam histórias de vidas de personalidades conhecidas mundialmente ou de pessoas comuns que suas histórias despertaram algum tipo de curiosidade por parte dos idealizadores da produção cinematográfica. Em síntese, a escrita de si pode ser inserida nos currículos tomando como base a formação de escrita dos alunos, possibilitando para os mesmos o desenvolvimento dos processos de argumentação e interpretação que os ajudaram a desenvolver habilidades que os auxiliaram em outras atividades que os mesmos exerceram ao longo de suas vidas. Espero ter respondido aos seus questionamentos.

      Atenciosamente:

      Ronyone de Araújo Jeronimo

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    2. Olá Ronyone,
      Respondeu sim. Acho que num contexto de educação escolar mais ampla, a história de si é um instrumento indispensável para a formação do aluno. Nesse contexto de pandemia, por exemplo, creio ser fundamental estimular a todos, mas em especial aos educandos, a redigir suas memórias, a traduzir suas experiências e sentimentos, até como modo de saber lidar com o luto. Grande abraço e boa sorte.

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    3. Com certeza Professor, quando suscitamos que nossos alunos redigiam sobre si, abrirmos uma porta para que as emoções e sentimentos saiam do porão em que estes estão aprisionados. Logo, assuntos como o que estamos vivendo, além de temas como violência e dramas sociais serão também evidenciados na escrita desses sujeitos.

      Atenciosamente:

      Ronyone de Araújo Jeronimo

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  2. Eduardo Augusto Barreto de Queiroz20 de maio de 2020 às 21:23

    Algo que não se pode negar é que cinema e História caminham lado a lado, com o cinema podemos tanto encontrar aspectos culturais e sociais de uma época longínqua quanto relatar eventos históricos. Ao seu ver a análise de aspectos históricos de filmes clássicos (como o citado Chaplin) em sala de aula seria um ótimo recurso de aprendizagem?

    Eduardo Augusto Barreto de Queiroz

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    1. É inquestionável nos dias atuais a importância do cinema enquanto uma fonte de análise histográfica. Por outro lado, nós historiadores cometemos o erro de analisarmos apenas filmes que possuem narrativas de acontecimentos históricos ou de personagens com esse valor. Todavia, igualmente as fontes impressas ou escritas (com suas exceções) não narram seus acontecimentos pensando no futuro se tornarem fontes para nós historiadores, e sim exploram aspectos relativos do seu cotidiano e de sua época. Cabe a nós nos debruçarmos na análises desses documentos fazendo as devidas interrogações para colhermos nossas respostas sobre a época estudada. Analogamente, o cinema também dialoga com o cotidiano, logo, filmes como o de Chaplin, ou até películas da última década, já podem ser abordadas e contextualizadas historicamente em sala de aula, com intuito de observar diferentes perspectivas de cunho cultural, comportamental, político e estético. Esses são apenas alguns exemplos da multiplicidade que essa fonte pode nos oferecer.

      Atenciosamente:

      Ronyone de Araújo Jeronimo

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  3. Karine Aparecida Lopatko21 de maio de 2020 às 15:49

    Olá! Gostei muito da seguinte colocação: “não adianta buscar em uma película o que é real, e sim igualmente ao pensamento de Chaplin extrair a fantasia que aquela produção nos propõe”. Sobre extrair o que nos é proposto, e correlacionando com a sala de aula, talvez fosse interessante uma breve formação com os estudantes sobre cinema, trazendo princípios básicos sobre planos e iluminação. Será que é possível fazermos isso em sala de aula para que os estudantes consigam ampliar a compreensão sobre filmes e, consequentemente, incentivá-los a ver mais filmes?

    Karine Aparecida Lopatko

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    1. Olá Karine, fico feliz que você tenha gostado do meu texto e principalmente pela colocação feita a ele. É importante apresentar aos alunos essas informações técnicas que irão contribuir para uma melhor compreensão dos filmes que iremos abordar em classe. Exemplificando em que cenários poderemos aplicar essas formações, indico encontrar um espaço no plano anual letivo para encaixar uma oficina que possa apresentar metodologicamente e didaticamente esses aspectos técnicos que constitui uma película. Se caso você não encontrar espaço para inserir essa oficina em seu plano, se utilize da ferramenta da internet, peça aos seus alunos para pesquisarem em casa alguns canais no YouTube que tratam da temática, um bom exemplo é o Canal “Entre planos” que aborda discussões filosóficas dos filmes e aspectos técnicos do mesmo em vídeos-ensaios. Tenho certeza que atrelado esse conhecimento ao suporte do professor em sala de aula os discentes adquirirão habilidades para extrair diferentes perspectivas referentes ao longa assistido.

      Atenciosamente

      Ronyone de Araújo Jeronimo

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    2. Karine Aparecida Lopatko22 de maio de 2020 às 14:28

      Grata pelas dicas. Gostei muito da proposta do canal e com certeza será muito útil!

      Abraços!

      Karine Aparecida Lopatko

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  4. Ótimo trabalho, professor.
    Meu questionamento é sobre a chegada do cinema em locais distantes das grandes metrópoles, o senhor usou o exemplo streaming, visto que em um país onde o acesso a internet é limitado, por vários motivos. A pergunta é, em uma sala de aula o quê o professor poderia fazer para os alunos terem um pequena experiência do que é um cinema e assim atiçar o imaginário?

    Juan Pimentel da Silva, aluno de graduação da Universidade Nilton Lins,Manaus, Amazonas

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    1. Olá Juan, obrigado por sua leitura e por seus questionamentos que são de fundamental importância para compreendermos o cerceamento dessa experiência audiovisual que poucos tem acesso. Por exemplo, no Estado em que resido (Paraíba), atualmente só quatro municípios possuem sala de cinema, são eles, a capital João Pessoa, Campina Grande, Patos e Remígio. Essa última cidade ainda possui um cinema nos moldes tradicionais, em um prédio especifico, as demais têm salas de exibições apenas em shoppings. Fica perceptível que o monopólio das grandes redes de cinema não se interessa em abrir salas em prédios que abrigue especificamente esse único empreendimento como era anteriormente, e sim apenas em grandes centros comerciais, como é o caso dos shoppings. Por conseguinte, como conseguiremos levarmos essas experiências para nossos alunos, se a demanda é escassa, e as distâncias e valores muitas vezes nos impede de suscitar essa vivência, que o próprio professor Clementino Procópio em 1917 teve a oportunidade de propor para seus alunos? Mas, muitos de nós educadores nos dias atuais não podemos nem mesmo apresentar, mesmo possuindo recurso, por não existir um lugar para desenvolver essa experiência. Todavia, mesmo os lugares mais longínquos de nosso país, pode existir um pequeno grupo de cinéfilos que se reúnem para exibições de filmes, os famosos cineclubes. Se for possível, seria interessante compor uma parceria com um desses grupos para levar até a sala de aula. Além disso, hoje podemos encontrar projetores (caso a escola não possua) com valores acessíveis no mercado. Essas são algumas possibilidades, para podermos levar o cinema até nossos discentes.

      Atenciosamente

      Ronyone de Araújo Jeronimo

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  5. Olá boa noite, excelente trabalho, o tema me encanta muito. Minha pergunta está relacionada à produção de conteúdo. Como o cinema pode nos ajudar com os processos criativos?

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    1. Olá, quando elaboramos os nossos planos de aulas sempre buscamos recursos que possam nos auxiliar para a melhor aplicação do conteúdo em sala de aula, e o uso do cinema pode muitas vezes despertar para aspectos que em algumas oportunidades deixamos de lado quando ministramos nossas aulas expositivas. Um exemplo, quando estamos ensinando sobre o conteúdo de Guerra Fria, e falamos da derrota estadunidense no Vietnã, recorrentemente destacamos a tática usada pelo os Vietcongs que se escondiam em buracos e atacavam as tropas oriundas dos Estados Unidos, e a falta de conhecimentos dos mesmos do clima e do solo que eles iriam enfrentar. Todavia, nos filmes, “Rambo, programado para matar” (1982), “Platoon” (1986) e “Nascido em 4 de Julho” (1989), essas películas nos proporcionam outros olhares para esse acontecimento, principalmente em relação aos danos físicos e mentais que ambos sofreram e que as narrativas desses filmes retratam. O uso do cinema no processo criativo de nossas aulas nos permite dialogar com nossas fontes cotidianas de estudos, (que são os materiais didáticos e paradidáticos e os livros dos nossos pares) e as fontes audiovisuais que nos levam a percepções que casualmente não chegaríamos sem o uso desse recurso imagético.

      Atenciosamente:

      Ronyone de Araújo Jeronimo

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