Renan Bolonha Sancio e Jaqueline Maissiat


CONVERGÊNCIAS ENTRE A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA E O ENSINO DE HISTÓRIA MEDIADO PELAS TECNOLOGIAS DIGITAIS




Esse texto parte de uma pesquisa de mestrado profissional intitulada “Tecnologias digitais e ensino de História no Ensino Fundamental II” e desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). Nesta, nosso objetivo é identificar como as Tecnologias Digitais (TD) podem auxiliar o professor de História do Ensino Fundamental II em seu ofício. Como produto educacional, pretendemos elaborar um guia didático em formato digital (e-book), acerca dos usos e possibilidades das tecnologias digitais no ensino de História. Com isto, queremos estabelecer um diálogo sobre as convergências e possibilidades entre o ensino de história, a pedagogia histórico-crítica e o uso das TD em sala de aula.

Em nossa pesquisa fazemos uso do conceito Tecnologias Digitais, que se refere à computadores, tablets, celulares, smartphones, smart tv e qualquer outro aparelho eletrônico que possibilite a seus usuários o acesso à internet. Optamos por essa nomenclatura, pois o termo Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) abrange objetos tecnológicos mais antigos, como televisão, cinema e rádio.

Os rápidos avanços e a popularização ao acesso das tecnologias digitais vêm modificando a realidade em que vivemos. A partir de uma observação do cotidiano de grande parte das cidades brasileiras, percebemos que comunicações, transações bancárias, transporte urbano, por exemplo, estão sendo constantemente transformados pelo uso de ferramentas tecnológicas. Acreditamos que com a educação escolar essa tendência de mudanças não há de ser diferente. Portanto, faz-se necessário que determinadas linhas da pesquisa em educação e ensino se aprofundem nos temas ligados ao uso das TD com viés pedagógico. É necessário acompanhar esse movimento de modernização das comunicações para extrair e incorporar os benefícios e as melhores ferramentas disponíveis a partir do desenvolvimento tecnológico, sob pena de a educação e a escola ficarem ainda mais distantes da realidade dos alunos que já nascem cercados por essas tecnologias.

Antes de avançar em nossa proposta, gostaríamos de esclarecer que em nenhum momento nosso apoio ao uso das TD tem a intenção de dirimir o papel do professor ou substituir sua figura no processo educacional. Nas palavras de Kenski:

“[...] o professor precisa ter consciência de que sua ação profissional competente não será substituída pelas tecnologias. Elas, ao contrário, ampliam o seu campo de atuação para além da escola clássica. O espaço profissional dos professores, em um mundo em rede, amplia-se em vez de se extinguir. Novas qualificações para esses professores são exigidas, mas ao mesmo tempo, novas oportunidades de ensino se apresentam.” (KENSKI, 2007, p. 104).

Nossa defesa é a de que as tecnologias devem ser utilizadas como ferramentas para auxiliar o trabalho do professor na sua função, que dentre outros aspectos, de acordo com Saviani (2013) é a de levar aos seus alunos os saberes e conhecimentos clássicos elaborados pela humanidade. A educação escolar é um ato essencialmente humano. É um equívoco pensar que aparelhos tecnológicos resolverão problemas tão complexos quanto os que surgem no cotidiano dos ambientes escolares.

Nesse ínterim, aproveitamos para expor nossa concepção de educação, que está alinhada com os preceitos da pedagogia histórico-crítica, que tem Dermeval Saviani como seu principal fundador e expoente. Para esta corrente do pensamento pedagógico, o trabalho educativo pode ser entendido como:

“[...] o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo.” (SAVIANI, 2013, p. 13).

Portanto, para a pedagogia histórico-crítica o objetivo principal da educação é humanizar os indivíduos, ou seja, prover para cada indivíduo os conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade que nos diferenciam das outras espécies e nos tornam seres humanos. A transmissão intencional e direcionada dos saberes objetivos entre os homens é essencial do ponto de vista da humanização de cada ser, pois é desde o nascimento, no processo de convívio com o outro e a partir da apropriação do significado dos signos que ocorre o processo de humanização dos indivíduos.

No tocante ao objeto da educação, Saviani o divide em duas partes: a “identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e [...] à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo” (SAVIANI, 2013, p. 13). A primeira parte desse objetivo é cumprida por meio da elaboração de parâmetros curriculares em âmbito federal por meio de currículos elaborados por cada rede de ensino municipal e estadual.

Com relação ao segundo aspecto a respeito dos objetos da educação, trata-se dos meios para que cada indivíduo realize o processo de apropriação da humanidade produzida historicamente. Esses meios são os conteúdos, espaços, tempo e procedimentos relativos ao processo educativo na escola. Nossa proposta se dá no campo dos procedimentos, que consistem na forma como se coloca em prática o processo educativo. Defendemos a inserção das TD na educação não como um fim em si próprio, mas como um conjunto de ferramentas para agregar positivamente ao trabalho pedagógico, sendo utilizadas como instrumentos mediadores entre o sujeito e o conhecimento.

Essa concepção de educação nos leva a buscar um entendimento a respeito do conceito e dos objetivos do ensino de História, que alinhados com os preceitos da pedagogia histórico-crítica. Entendemos a História escolar como uma disciplina autônoma, ou seja, separada da História acadêmica que há séculos vem nos ajudando a compilar, analisar, problematizar e compreender, documentos, fatos, enredos e narrativas da espécie humana ao longo de sua existência.

A História escolar é independente, pois possui práticas e métodos próprios. Alimenta-se da disciplina acadêmica, entretanto é constituída por uma série de outros aspectos. Sua construção é diária e se dá não apenas no âmbito da academia, onde são produzidas as bases teóricas de nossa disciplina. Por sermos seres históricos, nossa disciplina se constitui também no cotidiano das salas de aula, como uma espécie de organismo vivo e em constante mutação. É a aplicação prática de toda a teoria, metodologia e demais fundamentos estudados pelos professores quando em formação.

Para orientar nossa prática pedagógica diária, buscamos nos basear em estudos consolidados sobre o conceito e as finalidades do ensino de História. Defendemos uma disciplina repleta de intencionalidade e voltada a contribuir para a formação crítica e humanística de indivíduos conscientes da memória coletiva que compartilham com aqueles que os cercam e com o restante da população brasileira. Nessa perspectiva:

“Ao Ensino de História cabe um papel educativo, formativo, cultural e político, e sua relação com a construção da cidadania perpassa diferentes espaços de produção de saberes históricos. Desse modo, no atual debate da área, fica evidente a preocupação em localizar, no campo da História, questões problematizadoras que remetam ao tempo em que vivemos e a outros tempos, num diálogo crítico entre a multiplicidade de sujeitos, tempos, lugares e culturas.” (SILVA e FONSECA, 2010, p. 24).

Ao nosso ver, está descartada a hipótese de se trabalhar a História como um mero resgate factual daquilo que aconteceu. A concepção positivista de estudar o passado pelo passado, é um mero exercício intelectual frívolo e sem utilidade prática para a modificação da realidade. Ao ministrar suas aulas, o professor deve se posicionar mediante os fatos e dialogar com os alunos sob uma perspectiva humanística, buscando construir reflexões que nos auxiliem a compreender o presente e construir um futuro onde a desigualdade seja passado. Esse objetivo só pode ser alcançado pela atuação consciente e intencional do professor em sala, pois:

“A aula de História é o momento em que, ciente do conhecimento que possui, o professor pode oferecer a seu aluno a apropriação do conhecimento histórico existente, através de um esforço e de uma atividade com a qual ele retome a atividade que edificou esse conhecimento. É também o espaço em que um embate é travado diante do próprio saber: de um lado, a necessidade do professor ser o produtor do saber, de ser partícipe da produção do conhecimento histórico, de contribuir pessoalmente. De outro lado, a opção de tornar-se apenas um eco do que os outros já disseram.” (SCHMIDT, 2017, p. 57).

Considerando as principais finalidades de nossa disciplina, nos apropriamos da fala de Circe Bittencourt e concordamos com a autora no que diz respeito à essa questão:

“Um dos objetivos centrais do ensino de História, na atualidade, relaciona-se à sua contribuição na constituição de identidades. A identidade nacional, nessa perspectiva, é uma das identidades a ser construídas pela História escolar, mas, por outro lado, enfrenta ainda o desafio de ser entendida em suas relações com o local e o mundial.
A constituição de identidades associa-se à formação da cidadania, problema essencial na atualidade, ao se levar em conta as finalidades educacionais mais amplas e o papel da escola em particular. A contribuição da História tem-se dado na formação da cidadania, associada mais explicitamente à do cidadão político. Nesse sentido é que se encontra, em inúmeras propostas curriculares, a afirmação de que a História deve contribuir para a formação do “cidadão crítico”, termo vago, mas indicativo da importância política da disciplina. [...]. (BITTENCOURT, 2009, p. 121).

Para além da questão da multiplicidade de significados que o termo “cidadão crítico” possa ter, é implícito que tal proposta, seja o sentido que tenha, está imbuída da necessidade de ser composta, também, pela formação intelectual. Na disciplina de História, esta:

“[...] ocorre por intermédio de um compromisso de criação de instrumentos cognitivos para o desenvolvimento de um “pensamento crítico” o qual se constitui pelo desenvolvimento da capacidade de observar e descrever, estabelecer relações entre presente-passado-presente, fazer comparações e identificar semelhanças e diferenças entre a diversidade de acontecimentos no presente e no passado.” (BITTENCOURT, 2009, p. 122).

Percebe-se que dentro dos objetivos da disciplina escolar, está a defesa de um ensino voltado para a formação de indivíduos conhecedores de suas identidades e aptos a atuar politicamente de maneira consciente na sociedade onde vivem. A essas características, soma-se a ideia de que, por meio do ensino de História se atinja:

“Uma formação humanística moderna, que abrange reflexões e estudos sobre as atuais condições humanas, mas que se fundamenta nas singularidades e no respeito pelas diferenças étnicas, religiosas, sexuais das diversas sociedades. [...] A perspectiva histórica permite uma visão não apenas abrangente ao estabelecer as relações entre passado-presente na busca de explicações do atual estágio da humanidade, como permite também, identificar as semelhanças e diferenças que têm marcado a trajetória dos homens no planeta Terra [...].” (BRASIL, MEC, 2002, p. 51 apud BITTENCOURT, 2009, p. 123).

Podemos afirmar, portanto, que nossa base teórica de nossa disciplina, em seus objetivos e finalidades, está alinhada aos preceitos da pedagogia histórico-crítica apresentados de forma sucinta em nosso texto. Acreditamos em um ensino de História voltado à formação humana e cidadã, capaz de levar os alunos a refletirem e problematizarem o passado para conhecer seu presente, constituir suas identidades e se reconhecerem enquanto seres históricos portadores de uma memória coletiva e capazes de utilizar seu conhecimento para trilhar seus caminhos individuais e colaborar com a construção de uma sociedade mais justa.

As TD são ferramentas de grande potencial de cumprir esse papel de ser uma das formas mais adequadas para se atingir os objetivos da educação no auxílio do professor que deseja colocar em prática seu papel de formador de cidadãos. Graças aos constantes avanços no desenvolvimento de dispositivos móveis e na melhoria na qualidade de acesso à internet, as TD têm aberto portas, derrubado as barreiras geográficas e possibilitado um rápido acesso à informações e ao conhecimento produzido ao longo da existência da humanidade. Dessa forma, concordamos com Ferreira quando o autor afirma que:

“[...] a elaboração de formas mais ricas da atividade de ensino está condicionada à apropriação das igualmente mais ricas objetivações disponíveis em certo período histórico. Para sermos mais precisos, a escolhas dos melhores meios para o fazer pedagógico deve se dar a partir do repertório de meios em seu estágio mais desenvolvido. [...] estando-se, portanto, no campo da escolha dos meios mais adequados, as TIC representam um potencial que pode ser explorado positivamente.” (FERREIRA, 2015, p. 94).

O fazer pedagógico dentro da disciplina de História, que deve buscar estar aliado às mais adequadas formas para se atingir os objetivos educativos, pode encontrar no uso das TD e da internet grandes chances de êxito, uma vez que as possibilidades na busca de conteúdos e informações é de limite imensurável. Dessa forma, o uso das tecnologias digitais na educação não pode ser desvencilhado da principal finalidade da educação, que é proporcionar a cada indivíduo o processo de assimilação dos elementos culturais produzidos no decorrer da História, objetivando a humanização de cada sujeito da sociedade.

Entretanto, antes de proceder à utilização das TD em sala de aula, os professores devem se qualificar e planejar e adequar suas aulas a uma nova realidade, uma vez que estará lidando as mudanças decorrentes da introdução de novos recursos de aprendizado na sala. Nesse sentido:

“Não há dúvida de que as novas tecnologias de comunicação e informação trouxeram mudanças consideráveis e positivas para a educação. Vídeos, programas educativos na televisão e no computador, siteseducacionais, softwares diferenciados transformam a realidade da aula tradicional, dinamizam o espaço de ensino-aprendizagem, onde, anteriormente, predominava a lousa, o giz, o livro e a voz do professor. Para que as TIC possam trazer alterações no processo educativo, no entanto, elas precisam ser compreendidas e incorporadas pedagogicamente. Isso significa que é preciso respeitar as especificidades do ensino e da própria tecnologia para poder garantir que o seu uso, realmente, faça diferença. Não basta usar a televisão ou o computador, é preciso saber usar de forma pedagogicamente correta a tecnologia escolhida.” (KENSKI, 2007, p. 46).

As inúmeras possibilidades geradas pelo uso pedagógico das TD abrem um universo praticamente infinito para que o professor modifique e diversifique suas aulas. A utilização dos mais diversos recursos de hardware, como computadores, projetor multimídia, caixas de som, celulares, tablets, dentre outros, possibilita a elaboração e reprodução de variadas formas de conteúdos digitais, tais como vídeos, slides, músicas, podcasts, animações, infográficos, textos individuais e colaborativos. Entretanto, devem ser utilizadas com cautela pelo professor e após o planejamento minucioso da aula ou sequência didática.

Palavras finais
À título de encerramento de nosso texto, gostaríamos de ressaltar novamente que acreditamos no potencial de utilização das tecnologias digitais enquanto ferramentas para a prática pedagógica. Estas, não fazem o papel apenas de ser o meio mais moderno para se chegar aos conhecimentos elaborados pela humanidade. Além desse fator, a aplicação das TD em sala de aula altera a forma com que as pessoas aprendem, criando novas oportunidades de aquisição e construção do conhecimento. O uso da tecnologia também possibilita o incremento das aprendizagens já existentes e abre horizontes diversos de possibilidades para os alunos, que passam a ter contato com pessoas diferentes daquelas a cercam cotidianamente, mundos diversos e novos conhecimentos até então inimagináveis para sua realidade.

Já há alguns anos está lançado aos profissionais da educação o desafio para que aprendam a lidar com as TD no cotidiano escolar. Com o ensino de História não é diferente. Mais do que conviver com as tecnologias, acreditamos na tarefa de incorporá-las ao ato educativo. A disciplina de História é um campo extremamente fecundo para tal inserção, uma vez que o acesso a fontes, documentos, mídias, dentre outros, foi muito facilitado pela constante modernização e popularização das TD. Cabe aos cursos de formação inicial e às redes de ensino se adequarem às demandas atuais de incorporação de tecnologias na educação escolar e prover aos professores a capacitação necessária para inserir TD em suas atividades pedagógicas cotidianas.

Referências
Renan Bolonha Sancio é licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, professor efetivo da Rede Estadual de Ensino do Estado do Espírito Santo e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Ifes. Contato: historia.renan@gmail.com

Jaqueline Maissiat é licenciada em Pedagogia Multimeios e Informática Educativa e Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Doutora em Informática na Educação (PUCRS), Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Humanidades pelo Instituo Federal do Espírito Santo (Ifes) e Professora Em Cooperação Técnica e Coordenadora do Curso de Linguagens, Mídias e Educação pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM). Contato: jaquelinemaissiat@iftm.edu.br

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e
métodos. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2009.

FERREIRA, Benedito J. P. Tecnologias da informação e comunicação na educação: avanço no processo de humanização ou fenômeno de alienação? Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Salvador, v. 7, n. 1, p. 89-99, jan. 2015.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007.

SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica. 11. ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2013.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora. A formação do professor de História e o cotidiano da sala de aula. In: BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. 12. ed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2017.

SILVA, Marcos Antônio da; FONSECA, Selva Guimarães. Ensino de História hoje: errâncias, conquistas e perdas. Rev. Bras. Hist., São Paulo, v. 30, n. 60, p. 13-33, 2010.

9 comentários:

  1. Olá Renan e Jaqueline,
    O trabalho de vocês é muito interessante, mas gostaria de propor um questionamento. Vocês afirmam que "A História escolar é independente, pois possui práticas e métodos próprios. Alimenta-se da disciplina acadêmica, entretanto é constituída por uma série de outros aspectos". Não é possível pensar na escola também como produtora do conhecimento, e não como mero repassadora? Ao invés de somente alimentar-se da academia, a escola não será também capaz de alimentá-la?

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    1. Olá José,
      Somos gratos pelos elogios ao texto.
      Sim, a escola também é produtora de conhecimentos, por isso acreditamos que as disciplinas escolares são independentes em relação a suas disciplinas acadêmicas. Acreditamos também que essa é uma via de mão dupla, pois a escola é fonte para parte dos estudos acadêmicos de caráter educacional e é no chão da escola que são colocadas em prática as teorias elaboradas nos meios acadêmicos. Portanto, sim, a escola tanto se alimenta do conhecimento erudito, quanto fornece às instituições de nível superior material de trabalho.

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    2. Olá para ambos! Como concordamos nesse ponto, seria legal então repensar a frase, para que ela não entre em confronto com sua postura. Grandes abraços.

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    3. Com certeza José, vamos rever esse trecho do trabalho.

      Novamente, muito obrigado pelas considerações!

      Abraços virtuais!

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  2. EDUARDO SILVEIRA NETTO NUNES

    Prezado Prof. Renan e Prezada Profa. Jaqueline.

    Em primeiro lugar, quero parabenizar a reflexão apresentada que busca sintetizar percepções sobre como é possível integrar a atuação crítica de historiadores e historiadoras no ensino de história com a utilização das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC's).
    Concordo e também entendo como possível de fazer essa integração entre TIC'S E ensino crítico de História.
    Também concordo com os argumentos que vocês apresentaram, em especial as referências sobre a necessidade de planejamento, e uso não ingênuo das TIC's.
    Atualmente, de fato, existe uma "febre" pelas TIC's no ensino (em todos os níveis), e em diversas ocasiões se omitem os interesses e as relações de poder associadas ao emprego como substituto das TIC's do trabalho docente.

    Vocês poderiam comentar um pouco sobre a tendência das relações de poder no campo da educação estarem pendendo em favor de grandes corporações inclusive as tecnológicas (google, youtube, microsoft, facebook) em detrimento do poder decisório dos docentes sobre o ato pedagógico!
    E, poderiam relatar casos em que vocês conseguiram implantar em sala as TIC's no ensino de história de forma crítica?

    Muito obrigado

    EDUARDO SILVEIRA NETTO NUNES

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    1. Olá Eduardo!

      Primeiramente, agradecemos pelos elogios ao texto. Vamos aos questionamentos...

      Já somos usuários das tecnologias digitais (TD) na educação há alguns anos e, nesse passar do tempo, temos percebido que realmente está crescendo a quantidade de professorxs que buscam as TD como alternativa para mudar suas aulas e seu modo de trabalho. Achamos isso uma coisa muito boa. As possibilidades são praticamente infinitas...

      Somos totalmente contra a substituição do trabalho do professor pelos conteúdos digitais! Sem professor pode até haver instrução, mas não a educação! O aprendizado escolar é fruto dos embates e confluências cotidianas das salas de aula. O professor é uma peça fundamental nesse processo!

      Concordamos que as TD estão ficando cada vez mais presentes nos ambientes de aprendizado formal (da escola à pós-graduação), ainda mais nesse contexto de pandemia pelo qual estamos passando. Creio que vamos aprender muito sobre o uso pedagógico das TD durante essa época. Será uma oportunidade para testar quais são as reais possibilidades e limitações das TD no ensino.
      Um parêntesis: nossa pesquisa está focada no uso presencial das TD nas escolas. Sabemos das limitações financeiras da maior parte da população brasileira. A pesquisa tem o cuidado de levar em conta esse fator, para que o uso das TD não seja mais um aprofundador das desigualdades sociais. Esse deve ser um dos primeiros pontos a ser observado pelo professor no planejamento de suas aulas com tecnologias.

      Acerca das tendências da penetração das grandes corporações na educação: o mercado privado de produção de materiais pedagógicos é antigo e tem acompanhado as mudanças na relação educação X tecnologias com muito mais velocidade do que o Estado. Antigamente eram os sistemas de apostilas, jogos pedagógicos, vídeos educativos... hoje são as plataformas de ensino, os conteúdos digitais, videoaulas interativas, quadros digitais, óculos 3D, etc.
      Creio que nas escolas particulares que adotam esses pacotes privados, os professores são mais tolhidos ainda sobre as decisões pedagógicas. No âmbito da escola pública, que é nosso caso, temos muito mais liberdade para trabalhar. Sou da Rede Estadual do ES e o convênio que o Estado tem com o Google me beneficia bastante no uso das TD, pois tenho acesso aos chromebooks e à plataforma completa de softwares deles.

      Enfim, acreditamos que depende muito da postura do professor em sala. Da mesma forma que, com “cuspe, lousa e giz” você pode realizar uma educação libertária e cheia de potencialidades ou autoritária/bancária, você pode usar as TD tanto para ampliar os horizontes dos conteúdos que você trabalha, quanto para ministrar uma aula conteudista e vazia de intencionalidade.

      Sobre a implementação de forma crítica: depende do planejamento do professor. Exibir um vídeo e travar um debate, elaborar uma sequência didática com uso de TD... novamente, as possibilidades são infinitas! Tudo depende da intencionalidade e do planejamento.

      Nos desculpe a longa resposta e muito obrigad@ por suas questões ao nosso texto!

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    2. Prof. Renan. Obrigado pelos apontamentos e relatos de experiências sinalizando as potencialidades das TD que poderão ser concretizadas com o uso didático consciente, planejado e intencional.

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