João Gilberto Neves Saraiva


POR QUE AINDA CRIAR UM BLOG EM TEMPOS DE INSTAGRAM?  REVENDO POSSIBILIDADES NUMA EXPERIÊNCIA DE ENSINO DE HISTÓRIA NA “GALÁXIA DOS CELULARES”



Na virada para o século XXI, o sociólogo Manuel Castells (2003, p. 82) já tratava da passagem da Galáxia de Gutemberg para a Galáxia da Internet. Um momento em que as informações e tecnologias de comunicação baseadas no computador e na Internet já eram muito relevantes e avançavam para tomar o globo. Essa mudança causou alterações profundas nas relações econômicas, sociais, educacionais, etc. e tiveram impactos variados na vida escolar do Brasil. É pertinente observar que essas transformações tornaram-se ainda mais agudas a partir dos anos 2010 com o barateamento e a massificação de aparelhos celulares e das redes Wi-Fi e 3G/4G. A realização de chamadas passou a ser uma função secundária de celulares que ano a ano foram se espalhando pelas escolas, na mão de gestores, professores e alunos. Mesmo em escolas públicas de periferia, hoje são abundantes os aparelhos conectados em tempo real em redes sociais, aplicativos de chat, vídeos e jogos online.

Inicialmente, a chegada da “Galáxia dos Celulares” no ambiente escolar – para utilizar os termos de Castells – assustou os profissionais da educação e pais devido a sua força e velocidade e especialmente por conta de problemas para o ensino e aprendizagem, pois, é comum nas escolas relatos de que o uso indiscriminado dos telefones celulares afetou o sono, o interesse, a capacidade de escrita, a concentração e outros aspectos da vida dos alunos. Além disso, há pesquisas como as de David Buckingham (2010, p. 39) que evidenciam que a simples inserção de novas tecnologias na escola não é capaz de melhorar a aprendizagem. Todavia, essa nova galáxia também permitiu novas ferramentas para a escola, os alunos e os professores – as salas de aula invertidas, a disseminação de conteúdo didático nas redes, a educação à distância, etc. Este trabalho segue nessa direção, pois examina as novas possibilidades de uso dos blogs ante a profusão de celulares conectados a internet dentro e fora do ambiente escolar. É também um relato e análise dos resultados iniciais de uma experiência de utilização de blogs no primeiro trimestre de 2020 na disciplina de História (Ensino Fundamental Anos Finais) em uma escola pública de Parnamirim-RN, a Escola Municipal Ivanira de Vasconcelos Paisinho.

Criando blogs educacionais em tempos de Instagram

Os blogs – uma contração em inglês de web (rede) e log(diário de bordo) – são websites com postagens de textos, imagens, áudios, weblinks, etc. que são organizados geralmente de forma cronológica inversa, ou seja, com atualizações mais recentes aparecendo no topo da página. Eles existem desde o final dos anos 1990, mas se tornaram populares no Brasil a partir dos anos 2000. A maior parte dos blogs possui uma caixa de comentários para interação com os leitores e são  vinculados a uma ou várias temáticas. Flávia Luccio e Ana Costa (2010, p. 136) mapearam diversos gêneros de blogs: diários pessoais, jornalísticos, tecnológicos, literários, políticos, esportivos, fotográficos, etc. Segundo as autoras, no início de 2008 já existiam mais de 100 milhões de blogs no mundo e essa era uma cifra crescente naquele momento.

Desde os primeiros anos de popularização os blogs foram utilizados para fins educacionais. Ainda no início dos anos 2000, professores, redes de ensino de educação básica, editoras, grupos de estudos e universidades do Brasil investiram em blogs como uma forma de ocupar o ciberespaço a partir de uma ferramenta de relativa fácil utilização – já que não exige conhecimentos técnicos avançados de programação – e que são gratuitos. A pesquisadora Gláucia Bierwagen (2011, p. 88) evidenciou variadas formas de usos dos chamados edublogs: portfólio de trabalhos escolares desenvolvidos por alunos e professores, fóruns, caderno de atividades, diários de classe online, fontes de pesquisa, mural de informações escolares e outras. A mesma pesquisadora sublinhou diversas vantagens do uso dos blogs na educação, tais como: o incentivo a criatividade, a autoria e a coautoria; incentivo a colaboração e compartilhamento de informações e aprendizagem extraclasse; desenvolvimento de habilidade de pesquisa e seleção de informações na internet a partir do pensamento crítico; potencialização das relações de ensino e aprendizagem e aumento da interação entre alunos e profissionais da educação.

É fato que as estratégias de ensino e aprendizagem que utilizam edublogs podem contribuir para aquisição de competências gerais da Educação Básica, como nos termos da recente legislação educacional brasileira – a BNCC (Brasil, 2018, p. 9) –, especialmente a de “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares)”. Bem como, “exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências” e “valorizar e reconhecer os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital”. E, especificamente no campo das humanidades (Brasil, 2018, p. 357): “analisar o mundo social, cultural e digital e o meio técnico-científico informacional com base nos conhecimentos das Ciências Humanas, considerando suas variações de significado no tempo e no espaço”. Considerando essas competências a serem adquiridas pelos alunos, o professor tem que ter objetivos claros ao se valer dessa ferramenta de ensino. Selva Guimarães (2012, p. 373) sintetizou bem a postura e ações necessárias ao docente quando se vale dos blogs e outras tecnologias digitais: orientar os alunos; problematizar e elaborar roteiros de pesquisas; selecionar os tipos de informação e documentos a serem buscados (fotos, letras de música, entrevistas, etc.); indicar sites seguros; acompanhar a execução de tarefas; discutir, sistematizar e publicizar a produção dos alunos; incorporar informações e saberes offline e online.

Um primeiro passo para utilizar hoje um edublog é contextualizar essas características dos blogs e o horizonte de competências e objetivos buscados pelo professor na conjuntura da “Galáxia dos Celulares”. Boa parte da bibliografia sobre o tema foi produzida até metade dos anos 2010 em um momento em que a maior parte do acesso aos blogs – e a internet como um todo – no Brasil se dava através de computadores, seja em casa ou na escola. Conforme João Machado (2018), já no ano de 2016 cerca de 94% dos internautas brasileiros se conectavam a rede através de aparelhos celulares. Desses usuários, a maior parte era composta de jovens – até 24 anos–, com um percentual relevante desde a faixa dos 10 anos de idade. Entre os principais usos da internet no Brasil está o acesso a redes sociais e aplicativos de troca de mensagens, áudio e imagem, assistir vídeos, séries ou programas, além de chamadas de voz ou vídeo. Um edublog atual tem de levar em conta essa ampliação e popularização do acesso, bem como o tipo de uso específico que crianças e jovens fazem da internet atualmente.

Ao levar em consideração esses aspectos, um questionamento pertinente é: por que não desviar dos blogs e utilizar diretamente as redes sociais populares atualmente entre adolescentes e jovens, como Instagram, TikTok, YouTube e afins, que também são gratuitas? A resposta atravessa aspectos de ordem moral, técnica e prática. Como argumenta Jaron Lanier (2018), há uma série de implicações veladas no uso dessas redes: o roubo de dados por parte das empresas, a influência deliberada delas para alteração do comportamento social e político, a manipulação dos sentimentos dos usuários a acentuação do individualismo, presentismo e vício nas próprias redes sociais. Incluindo o fato de que usar irrefletidamente as redes sociais incentiva a concepção de boa parte dos alunos de que a internet se limita a elas, quando há um mundo completo fora delas. Nesse sentido, a utilização das redes sociais destoa completamente dos usos educacionais da internet. Por outro lado, a dinâmica das redes pode atrapalhar consideravelmente pois seus algoritmos costumam direcionar para o primeiro plano postagens recentes ou que tenham apelo ao usuário, seja pelo conteúdo, cor, propagandas veladas ou não. Muitas vezes relocam postagens arbitrariamente para longe da página inicial do usuário, ou mesmo completamente fora do alcance. Desse modo, o professor não tem controle sobre a ordem de prioridade do que foi visto ou sequer certeza se os alunos têm acesso efetivo a algum conteúdo. Há também a dimensão da integração entre plataformas, pois as redes sociais têm limitação quanto ao tipo de formatos dos conteúdos. As mais limitadas – como Instagram e TikTok – não facilitam ou sequer permitem um compartilhamento fácil de hiperlinks, áudios e vídeos extensos. Mesmo redes mais abertas como Facebook e Twitter, dificultam o uso de textos mais extensos, slides ou arquivos gif.

Desde a popularização na primeira metade dos anos 2000, existem diversas plataformas gratuitas para a criação e edição de blogs. Entre as mais utilizadas estão o Blogger, o Wordpress e o Joomla. Os dois primeiros são mais antigos e intuitivos, pois a edição de página se assemelha a de um editor de texto como o Word ou o Libreoffice. Neles é possível copiar e colar textos, imagens, hiperlinks, vídeos, etc. com poucos cliques. Dentre essas três opções de plataformas, as duas últimas são iniciativas de código aberto – em inglês, open-source que promovem um modelo colaborativo de produção intelectual em que cada um pode conhecer e modificar suas partes. Nesse sentido, plataformas e programas de código aberto são mais alinhados com finalidades educacionais do que as de código fechado ou com fins meramente comerciais.

Os blogs atuais diferem dos pioneiros, os da virada para o século XXI, em aspectos importantes como o visual mais rebuscado até a capacidade de incorporar códigos, funções e trechos de redes sociais e outros tipos de página. Essa última característica é muito útil no caso dos edublogs porque é possível numa única página reunir conteúdos diversos: texto, imagem, slides, vídeos, questionários virtuais, calendários, jogos em html, aplicativos, entre outros. Nesse sentido, uma postagem pode conter um texto criado pelo professor, junto de imagens de época do acervo da Wikipédia ou slides feitos por outro professor no Slideshare. Nela também poderia ter um trecho de um filme retirado do Youtube ou um questionário produzido no Google Forms, bem como links com conteúdos extras para os alunos pesquisarem. Um universo de possibilidades a serem exploradas por professores e alunos. Atividades que podem – e devem – ser interconectadas com as atividades em sala de aula.

No formato atual, as páginas dos blogs se redimensionam e adaptam a tela do dispositivo – seja ela um computador, celular, tablet ou smartv. As postagens também podem ser criadas e editadas a partir de qualquer desses dispositivos em tempo real, o que acrescenta dinamismo ao uso. Outro ponto relevante é que os blogs têm embutidas ferramentas de controle de tráfego que permitem saber por recorte temporal – hora, dia, semana, mês, ano – a quantidade e a origem dos acessos de cada página.

Escolhas e resultados iniciais

A plataforma escolhida para criação do blog de História para a Escola Ivanira de Vasconcelos Paisinho foi o Wordpress. Além da facilidade de edição e dela ser de código aberto, o professor já tinha uma experiência prévia com a plataforma por manter um blog pessoal nela já há alguns anos. Uma escolha inicial relevante foi criar um endereço eletrônico padrão para acesso de todos os alunos – https://joaogilberto0.wordpress.com/escola/ o que ajuda na divulgação em aplicativos, redes sócias e sala de aula. Desde o primeiro dia de aula, 17 de fevereiro de 2020, os discentes receberam o endereço do blog, bem como os seus responsáveis foram informados sobre ele no grupo de pais e mestres da escola no aplicativo Whatsapp.

A partir do endereço principal, o usuário seleciona a página específica do ano desejado, no caso “7º A B C”, “8º A B” ou “9º A B” (os anos e turmas nas quais o docente leciona). Essa divisão visa garantir uma melhor organização e um acesso direito do aluno, pai e gestão escolar às propostas específicas de cada ano. A atualização dessas páginas é feita uma vez por semana, no dia de planejamento do professor na escola. Essa opção visa não tornar a alimentação do blog desgastante para o docente e também evita um excesso de novas informações a cada visita do usuário.

A proposta inicial desse edublog é utilizá-lo como um recurso pedagógico. Dentro dessa proposta, como sintetiza Maria Gomes e Antonio Lopes (2007, p. 123), o objetivo é criar em um único espaço: um diário de atividades de sala e casa; um portfólio de atividades realizadas pelos alunos;  um espaço de divulgação de trabalhos, planos de ensino e notícias relativas à escola. Nessa perspectiva, os alunos e pais acessam o blog para se informar, ver conteúdos e atividades a serem realizadas ou já feitas, também conhecer trabalhos de outros alunos e turmas. Logo na primeira postagem, por exemplo, eles tiveram acesso ao plano de ensino do 1º bimestre com conteúdos programáticos, recursos a serem utilizados, temas de trabalho, notas a serem atribuídas a cada quesito (caderno, trabalho, prova, comportamento, etc.) e um vídeo de dicas para o ano letivo.

Em um segundo momento – que foi retardado por conta da crise global do Covid-19 – o plano é ampliar o uso do blog como recurso pedagógico para ele se tornar uma estratégia pedagógica que dê maior autonomia e protagonismo ao aluno. Ainda conforme Gomes e Lopes (2007, p. 124), isso implica que ele saia do papel de simples leitor para o de produtor. Nesse sentido, o discente passe a utilizar o edublog para: produzir seu próprio portfólio ou diário de aprendizagem; realizar trocas de experiências e conhecimentos entre estudantes, dominar plenamente a linguagem do blog e a de outros recursos online, fazer uma leitura crítica dos conteúdos disponíveis na internet. A perspectiva do professor é começar a construir esse modelo de estratégia pedagógica a partir do retorno das aulas presenciais.  

O plano é que ao longo de alguns meses fazer com que os alunos conheçam a ferramenta e suas possibilidades de uso e se habituem a utilizar o ciberespaço com fins didáticos. Para tal, o professor vem explorando sistematicamente recursos variados ao longo das semanas. Na página “7 A B C”, por exemplo, na primeira semana foi disponibilizado o download de planos de ensino e um vídeo; na segunda foi postado um portfólio de trabalhos em grupo feitos em sala; na terceira, indicações sobre RPG jogado na escola e um quiz sobre profissões da Idade Média; na quarta, um texto com hiperlinks de sites educacionais e slides; na quinta, vídeos do YouTube sobre o Renascimento; na sexta um questionário para fazer no caderno; e na sétima semana um caça-palavras sobre temas estudados.

O número dos acessos total do endereço padrão –  disponibilizado a comunidade escolar em meados de fevereiro – teve um total de 1068 acessos nesses dois meses e meio desde sua criação. A página específica dos 7º anos teve 521 acessos, enquanto a dos 8º e 9º tiveram, respectivamente, 313 e 237 acessos. Essa diferença entre os anos é dada especialmente pelo maior número de turmas e alunos nos 7º anos, e também porque na rede municipal de Parnamirim-RN, os 6º e 7º anos têm o dobro de aulas de História na semana em relação aos 8º e 9º anos. Esse número expressivo de acessos em menos de três meses – para um universo de cerca de 270 alunos – pode ser explicado em parte pela adesão dos alunos ao blog, mas também a suspensão das aulas com a crise do Covid-19. Desde 18 de março as aulas presenciais estão suspensas nas escolas do Rio Grande do Norte, então as orientações e atividades passaram a ser online. Dentro dessa nova conjuntura, verificou-se que pelo menos dois terços dos acessos ocorreram nos últimos 30 dias – entre 2 de março e 2 de abril. De certo modo, a utilização do blog está servindo como uma estrutura de auxílio nesse período de quarentenas obrigatórias para professores e alunos. 

Outro importante indicador sobre o blog é o retorno de alunos e pais à plataforma. Ao longo das primeiras semanas foi perceptível um número crescente de alunos nas aulas afirmando ter acessado o blog e comentando os primeiros vídeos, hiperlinks e atividades. A maior parte dos pioneiros foi daqueles que têm contato com a internet no seu dia a dia, notadamente os que têm celular próprio para acessar via rede 3G/4G ou pela Wi-Fi de casa ou da escola. Em seguida, aqueles que acessam a internet e redes sociais a partir do aparelho do pai ou outra pessoa da casa. Por último, um grupo menor de alunos formado por aqueles que até o último dia de aulas presenciais não tinha acessado ainda o blog. Dele fazem parte alunos que não possuem acesso à internet fora o do laboratório de informática da escola. Devido a esse fato, só poderá haver um número preciso sobre eles quando as aulas presenciais retornarem.

Nas redes sociais do professor, coordenação e nos grupos da escola, diversos alunos e pais fizeram elogios, comentários e perguntas sobre as atividades propostas no blog. Parte desses elogios ainda antes das ações da escola terem se voltado para a internet no contexto da crise do coronavírus, mas em maior número depois da mesma. O que reitera a previsível ampliação do uso do blog a partir da quarentena em casa.

Um comentário de uma aluna em sala de aula é sintomático sobre a recepção do blog. Quando soube da sua existência, acessou na mesma hora pelo celular e disse para o professor e os colegas: “Até que enfim a escola chegou no século atual”. A frase denota a crença de muitos alunos e boa parte da sociedade da qual fazem parte – de que as tecnologias digitais são o sinônimo de modernidade e futuro, e que tudo deve obrigatoriamente caminhar para o ciberespaço. Uma concepção questionável se examinada a luz dos saberes da História e da Educação. No entanto, o apontamento da aluna nos remete a outra importante reflexão sugerida por diversos pesquisadores do tema. Eles sublinham que os blogs – e outras tecnologias digitais de informação – como elementos que servem, como afirma David Buckingham (2010, p. 45), para aproximar a “cultura da escola” da atual “cultura de crianças e jovens”. Uma aproximação transformadora, uma vez que eles são úteis à formação de cidadãos críticos e plenamente letrados nas mais diversas linguagens, incluindo as digitais. O blog de História da Escola Municipal Ivanira de Vasconcelos Paisinho ainda dá seus primeiros passos, mas este é o horizonte do seu caminho.

Referências
João Gilberto Neves Saraiva é professor de História na Prefeitura de Parnamirim-RN e pesquisador de História da América, Mídia e Ensino de História no Tempo Presente. Possui Doutorado em História pela UFF (2019), Mestrado (2015) e Graduação (2012) em História pela UFRN. Produz crônicas e material educacional no blog

BIERWAGEN, Gláucia Silva. Uma proposta de uso do blog como ferramenta de auxílio ao ensino de ciências nas séries finais do ensino fundamental. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC/CONSED/ UNDIME, 2018. Disponível em
<http://download.basenacionalcomum.mec.gov.br/> Acesso em: 10 jan. 2020. 

BUCKINGHAM, David. Cultura digital, educação midiática e o lugar da escolarização. Educ. Real., Porto Alegre, v. 35, n. 3, set./dez., 2010. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/edu_realidade> Acesso em: 10 jan. 2020. 

CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

GOMES, Maria; LOPES, Antonio. Blogues escolares: quando, como e porquê. In: BRITO, Conceição; TORRES, José; DUARTE, José (org). Weblogs na educação, 3 experiências, 3 testemunhos. Setúbal: Centro de Competência CRIE, 2007. Disponível em

GUIMARÃES, Selva. Didática e prática de ensino de História. Experiências, reflexões e aprendizados. Campinas: Papirus, 2012.

LANIER, Jaron. Dez argumentos para você deletar suas redes sociais. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.

LUCCIO, Flavia Di; NICOLACIDA-COSTA, Ana Maria. Blogs: de diários pessoais a comunidades virtuais de escritores/leitores. Psicol. cienc. prof. Brasília, v. 30, n. 1, 2010. Disponível em 

MACHADO, João Luís de Almeida. O uso da internet no Brasil: IBGE revela dados atualizados quanto ao uso da internet no Brasil. Tecnologia da Educação – Planeta Educação. 23 mai. 2018. Disponível em <https://www.plannetaeducacao.com.br/portal/tecnologia-na-educacao/a/17/o-uso-da-internet-no-brasil> Acesso em 10 jan. 2020.


10 comentários:

  1. Olá, João Gilberto Neves Saraiva, tudo bem?

    Interessante sua reflexão e seu relato. Acredito que hoje em dia é impossível não levarmos em consideração a Internet, pois, como afirma Carlo Ginzburg em conferência proferida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2013, salvo engano, vivemos na “Era Google”.

    Pois bem, quero me deter ao paradoxo sobre o uso dos celulares. Como você expôs no seu texto, isto é útil e pode atrapalhar. Pelo que entendi, o EduBlog criado por você era utilizado em sala de aula, correto? E isto dava-se por meio dos celulares das(os_ estudantes. Pergunto-te se, no atual contexto e com o avanço da nova direita liberal-conservadora e a guerra cultural promovida contra as humanidades, sobretudo a História, os celulares não devem ser usados com maior cautela, tendo em vista que estes aparelhos estão sendo utilizados para denunciar docentes, sem qualquer razão, pelo argumento da doutrinação ideológica.

    Abraços.

    Cuide-se.

    Atenciosamente, Bruno Erbe Constante.

    ResponderExcluir
  2. Boa tarde Bruno Costante.

    É bem isso que o Ginzburg aponta, uma revolução dentro da Galáxia da Internet.

    Correto, a ideia está sendo aproveitar que a escola tem Wi-Fi e utilizar os celular dos estudantes na escola, também em casa (quando possível)

    Na escola que trabalho , eu e outros colegas professores também nos questionamos sobre esse tema. Boa parte de nós, professores de humanidades, ficamos receosos com o uso que os celulares nesse contexto de avanço de perigos como a Escola Sem Partido e afins. Eu compartilhei dos mesmos sentimentos do nosso: desde a tentação ludista de proibição total do celular até a abertura para o uso educacional na escola. Nos termos de Umberto Eco, ficamos entre os apocalípticos e os integrados.

    No fim, minha posição foi entender a ameaça que os celulares podem se tornar em sala, mas tentar uma integração crítica nas aulas de História. Daí vieram uma série de questões que parcialmente aparecem no texto. Perguntas de como, quando, onde e porque utilizar o celular. Uma resposta relevante foi fugir do ciclo vicioso das redes sociais e ir para o formato de blog (essa aparece no texto). Outra foi tentar pré-selecionar algumas fontes de pesquisa para os alunos (isso aparece nas atividades que propus aos aluno no site) para evitar que eles imergissem em sites de cunho contra-factual, facista ou revisionista sem ter um aparato crítico mínimo.

    De todo modo, esse é mesmo um desafio para qualquer um que utilize a internet, redes e mídias sociais na educação.

    Att.

    João Gilberto Neves Saraiva.

    ResponderExcluir
  3. Você acha que os blogs passam uma impressão mais formal para os conteúdos postados do que o Instagram ou demais redes sociais?
    Willames Nunes da Silva

    ResponderExcluir
  4. Sim, eu considero mais formal para os conteúdos.

    Além disso, opto pelo blog por conta de implicações importantes. Algumas delas, em resumo: 1. muitos adolescentes e crianças acham que a internet se resume me redes sociais 2. As redes tem uma lógica de dispersão, que espalham os posts (e as vezes até escondem informações do usuário) 3. As redes tem limitação quanto a receber alguns formatos de conteúdo (hiperlinks, vídeo, slide, etc). Por exemplo: o Instagram não aceita links externos em postagens e o Facebook integra vídeos do Youtube, mas não slides do Slideshare.

    João Gilberto Neves Saraiva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Creio que um padrão mínimo de formalidade seja importante para a compreensão do aluno. Ter uma sequência lógica entre atividades e uma sequencia didática que leve em conta a relação entre procedimentos e conteúdos mobilizados em sala de aula e na internet. Para que o aluno perceba que o site ou blog é parte da vida escolar dele. As vezes, os perfis de História das redes sociais (especialmente no Instagram) parecem mais um amontoado de curiosidades históricas - em vídeos, textos e imagens postadas a conta-gotas - do que uma ferramenta educacional

      Excluir
  5. Olá, João Gilberto Neves Saraiva.
    Parabéns pelo trabalho, penso que ele poderar contribuir com o meu produlto final de conclusão do meu mestrado, pois, penso em criar um Edublog voltado para o ensino de história atravez das fontes históricas. Tendo em vista concorrencia das redes sociais, quais a princiapais dificuldade para o uso da internet na sala de aula?

    Att:
    Atenor Junior Pinto Dos Santos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom que esta pesquisa pesquisa pode contribuir para sua dissertação de mestrado. Se precisar de alguma dica, tiver alguma dúvida, é só me mandar. Meus contatos estão na página [https://joaogilberto0.wordpress.com/contato-2/](https://joaogilberto0.wordpress.com/contato-2/)

      "Tendo em vista concorrência das redes sociais, quais a principais dificuldade para o uso da internet na sala de aula?"

      Existem diversas dificuldades para o uso da internet em sala de aula, vou listar três.

      1. Os alunos entenderem o celular como ferramenta para o conhecimento. Minha experiência com alunos do Ensino Fundamental Anos Finais, é que a maior parte dos alunos inicialmente creem que o celular é um "vídeo-game/tocador de música e vídeo/chat com amigos", ou seja, apenas, um objeto para diversão e comunicação. Depois de algumas semanas essa concepção vai se alterando, um processo que pode se acelerar nessa pandemia se o aluno estiver utilizando o celular para ter aulas ou estudar.

      2. Assim que o aluno se conecta em sala, o celular abre as chamadas para notificações variadas, de Whatsapp e Youtube a atualizações de jogos. Então tem que ficar claro que naquele momento é para abrir uma página específica ou pesquisar um tema X. Para ajudar nisso é útil fazer pequenos grupos heterogêneos de alunos que não façam parte do mesmo "grupinho" comumente. Como não usam os mesmos aplicativos, nem querem compartilhar seus chats com colegas que não tem intimidade, sequer se interessam pelos mesmos temas, os grupos tendem a se focar mais nas orientações do professor.

      3. Grande parte dos alunos tem arraigada a concepção de que usar a internet para estudar é copiar e colar textos de sites como a Wikipédia e Brasil Escola. O que já é comum eles fazerem com o livro didático. É necessário o professor frisar bem e dar exemplos de como se faz uma pesquisa e se utilizam os dados. Pode ser algo simples, mas que evidencie que páginas da internet tem que ser uma fonte de informação, mas que ele tem que elaborar suas ideias e suas respostas com suas próprias palavras. Esse é um exercício que tem que ser cotidiano, o aluno assumir algum protagonismo sobre o que diz e escreve. Com esse direcionamento, é perceptível ao longo de um ano letivo como os alunos evoluem para uma posição para além do simples "Ctrl + C/Ctrl + V".

      Att.

      João Gilberto Neves Saraiva.

      Excluir
    2. Professor, muito obrigado pela contribuição. o desafio esta posto, com certeza a mediação será o caminho para a inserção desta ferramentas na aulas.

      Excluir
  6. Olá, parabéns pelo texto!
    É notório, que quanto mais o tempo passa e as pessoas envelhecem, e novas tecnologias surgem, algumas coisa vão ficando "ultrapassadas". Os blogs, já foram muito mais explorados e tiveram uma importância muito maior, do que tem hoje em dia, pode-se apontar isso em vários âmbitos. Dessa forma, pode-se dizer que um dos motivos que tornam atualmente, as redes sociais mais atrativas para disseminação de idéias, do que os blogs, seria o fato de que é uma característica da juventude atual? Assim como os blogs eram uma característica da juventude da década passada?

    Keven Alves de Souza Santana

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu também creio que com o tempo, as gerações fazem usos diversos das tecnologias. Só que no caso da internet, os blogs e rede sociais há aspectos importantes para levar em conta.

      Um é que os blogs não deixarem de ser efetivamente usados, o que mudou foi a interface que aparece para o usuário final. Por exemplo, boa parte dos sites de empresas, escolas, projetos sociais, páginas pessoais, site de notícias, eventos acadêmicos (como este que estamos participando) utilizam a estrutura de blog por trás, mas pela frente aparecem como uma página de internet comum. Há sites que falam que cerca de 1/3 dos sites da internet são na verdade blogs modificados (algo que o usuário final nem sempre percebe)

      As redes sociais são mesmo muito atrativas para os jovens hoje. Isso se dá por motivos variados. Vou listar apenas três. 1 As maiores redes sociais já vem pré-instaladas de fábrica nos celulares. 2 A maior parte das redes de telefonia e internet, permitem acesso ilimitado (ou quase ilimitado) a certas redes, como o Facebook. Isso não é inocente, tem interesses mercadológicos por trás. 3. Assim como a geração anterior via nos blogs um espaço de comunicação e interação fora do controle dos adultos, os jovens de hoje estão cada vez mais aprendendo formas de fazer o mesmo usando as redes. (Seja criando mais de um perfil, ou migrando para redes novas antes de pais, professores, etc. cheguem lá).

      Att.

      João Gilberto Neves Saraiva.

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.