Jessica Caroline de Oliveira


EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA SUA ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO E DESAFIOS NO BRASIL




No contexto atual, duas modalidades podem ser consideradas na área da educação: a presencial e a distância. Partindo das colocações de Moran (2009), entende-se que a modalidade presencial está vinculada aos cursos regulares que contam com a interação entre docente e discente em um mesmo espaço físico e com encontros presenciais, sendo este modelo chamado de ensino convencional. No que confere a modalidade a distância, o autor explica que se trata de uma interação entre discente e docente que estão separados, tanto no espaço físico quanto no momento do diálogo. Isso se deve ao fato de que a modalidade a distância se dá através do uso de tecnologias de informação e comunicação, o que oportuniza que as configurações de relacionamento sejam realizadas de forma não presencial. Em síntese, Moore et al. (2007, p. 2), define a EaD como “o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais”.

Dialogando estes princípios com as assertivas de Alves (2011), entende-se que a educação a distância é uma modalidade de educação que pode ser considerada a mais democrática, a qual se utiliza de tecnologias de informação e comunicação, ultrapassando, deste modo, as barreiras no que tange a formação de conhecimentos. Não distante disso, Nunes (1994) explica que este modelo educacional fomenta novas possibilidades para o processo de ensino-aprendizagem, pois permite o acesso a cursos e processos formativos que caminham junto ao avanço das mídias digitais, o que possibilita um número cada vez maior de interação e colaboração entre pessoas que estão distantes geograficamente ou inseridas em contextos e culturas diferenciadas.

Diante do exposto, pode-se ressaltar ainda, que a EaD, mais do que uma mera metodologia de ensino, aponta-se como um caminho que oportuniza o acesso à aprendizagem aos sujeitos que foram excluídos do processo educacional por morarem longe das instituições de ensino, ou então, pela falta de disponibilidade em adequar-se aos horários da modalidade tradicional. Portanto, nesse contexto a modalidade a distância se apresenta como um mecanismo fundamental e funcional para a promoção de oportunidades, acesso ao processo formativo e um caminho de alcançar um curso superior ou técnico.

Para chegar aos níveis que se tem na atualidade, houve um longo processo na evolução dos seus usos e adoção nos diferentes espaços, sendo estes, os objetivos deste trabalho. Isto é, compreender a maneira como articula seus mecanismos educacionais a partir de métodos de ensino-aprendizagem que lhes são bem características, como o diálogo entre discente e tutor, ambiente de aprendizagem, formas de avaliação e desenvolvimento de competências básicas.


Finalidades e Estrutura de Funcionamento da EaD no Brasil

Pensando nas propostas articuladas pela modalidade EaD, concorda-se com as proposições de Konrath et al (2009) no sentido de que para que haja a eficácia de sua proposta e de sua prática é preciso que haja organização, a qual está atrelada a estrutura, recursos humanos, preparação e distribuição dos instrumentos didáticos, dos planos de ensino, bem como, das questões administrativas e responsabilidades. Por isso, é correto afirmar que, para além das balizas vinculadas aos meios de difusão do processo de ensino-aprendizagem, há um conjunto que possibilita que a estrutura dessa modalidade funcione, desde a plataforma de acesso aos polos utilizados para os (possíveis) encontros presenciais.

Um dos pontos centrais para que a EaD tenha diretrizes operacionais diz respeito ao método utilizado para a elaboração dos materiais didáticos, os quais devem estar em conformidade aos objetivos pedagógicos do curso. Atualmente, as atividades realizadas na modalidade de educação a distância ocorrem, na maior parte dos casos, através da plataforma Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment) que é um sistema de gerenciamento para a elaboração de cursos online, também chamado de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Este software permite o apoio a aprendizagem e pode ser instalado em diversas plataformas que contam com a disponibilidade de executar a linguagem php, entre elas, Windows, Linux e MAC OS. Seu desenvolvimento é colaborativo, pois se configura no diálogo entre administradores, tutores e usuários que podem acessar de qualquer parte do mundo. Entre as finalidades do Moodle, pode-se citar:

- Criar cursos, disciplinas e editar seus conteúdos e atividades;
- Registrar usuários, como discente, docentes e tutores;
- Monitorar o acesso e o progresso de seus usuários;
- Avaliar relatórios e desempenho discentes nas atividades desenvolvidas.

Nesta direção, entende-se que acesso e o funcionamento desta plataforma e das atividades organizadas requer uma ação colaborativa, ou seja, que um conjunto de pessoas atue e potencialize as dinâmicas pedagógicas em diferentes esferas, tanto no gerenciamento através da figura do administrador; elaboração das unidades e da estrutura do AVA pelo professor formador e, por fim, o diálogo online e orientação de discentes realizadas por meio do tutor. Há ainda funções auxiliares nas atividades EaD, orquestradas pelo Suporte e Manutenção em casos de problemas técnicos, a Secretaria (via moodle) para a solicitação de documentos, Sistema de Certificados utilizado para o acesso online da certificação em participação de eventos, cursos, oficinas, entre outros, bem como, o Call Center que serve para tirar dúvidas sobre problemas ligados a plataforma (defeitos, impossibilidade de acesso, não visualização, etc.).

Face a estas colocações, a aula, as tarefas, as trocas de informações e demais atividades são inteiramente a distância, operacionalizadas por uma equipe pedagógica e de tutores que não precisa se deslocar para um espaço físico para que haja o contato com o corpo discente. Para tanto, observa-se que os “espaços colaborativos virtuais” oportunizam a realização de diferentes atividades através de uma plataforma moodle, como webconfêrencias, acessos à diferentes materiais de estudo, sejam textos, vídeos, sugestões de materiais de apoio disponibilizados na rede digital, fóruns para troca de ideias e esclarecimento de dúvidas. O beneficiado, neste caso, são os alunos, afinal, nem todos têm disponibilidade para ajustar aos horários de um curso presencial. Portanto, fazendo uso da modalidade a distância e com o apoio dos espaços colaborativos, conseguem adequar o seu tempo livre as premissas do ensino a distância, organizando calendários de estudo, bem como, tendo a possibilidade de encaminhar dúvidas, pedir sugestões a qualquer horário, sem necessariamente limitar-se ao horário do ensino presencial, sendo o retorno por parte da equipe pedagógica e tutores varia conforme os horários que estão online na plataforma, desempenhando assim, um contato mais rápido e prático.

Trazendo a discussão para a figura dos agenciadores dessa modalidade, entende-se que ao professor formador, nos melindres da EaD, cabe a responsabilidade de condução do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, é quem media a relação entre tutores e estudantes, planeja e desenvolve atividades de caráter didático-pedagógicas no tocante ao curso. É participante da organização, realização e avaliação da disciplina, acompanha e avalia os seminários e provas presenciais, ajudando a coordenação do curso, o corpo docente e tutoria online. Por fim, pode-se dizer que é quem insere atividades na plataforma virtual de aprendizagem.

No que tange a tutoria, outro segmento operacional do processo de ensino-aprendizagem da EaD, pode ocorrer a distância ou no polo local. Nesta acepção, o tutor a distância é responsável pela mediação no processo de ensino-aprendizagem, na motivação de estudantes e criação de oportunidades de aprendizagem. Cabe ressaltar ainda que, entre suas atribuições, há o acompanhamento e orientação de estudo, realização das disciplinas e das atividades. Em relação ao tutor local, compreende-se que opera com as turmas nas atividades realizadas nos polos presenciais e/ou horários pré-estabelecidos. Além disso, atua junto às turmas nos chats, fóruns, seções de atividades online, web conferências, podendo auxiliar na organização, práticas de ensino e estágio supervisionado.

Utilizando-se das assertivas de Konrath et. al. (2009), de forma simples e clara, coteja-se com as premissas acima alocadas, sustentando o debate ao complementar que o professor é quem organiza, planeja e agrega questões que surgem ao longo da práxis pedagógica, organizando-a de modo a desenvolver novos saberes a discentes. Os tutores, neste caso, são responsáveis pelo acompanhamento e comunicação sistemática com estudantes, sendo de forma presencial ou a distância, realiza atividades que buscam o desenvolvimento dos processos de aprendizagem e de ensino, acompanhamento e avaliação. Dito isso, pode-se considerar que:

“o tutor é uma figura estratégica nos cursos a distância, sendo o responsável pelo bom andamento das atividades. Esse profissional assume a missão de articular todo o sistema de ensino-aprendizagem. Ele deve acompanhar, motivar, orientar e estimular a aprendizagem autônoma do aluno, utilizando-se de diálogos, confrontos, discussão de diferentes pontos de vista, aproveitando a diversidade e respeitando as formas próprias de o aluno se postar frente ao conhecimento.” (RODRIGUES et al, 2010, p.50)

Partindo destas proposições, pode-se dizer que entre suas atribuições, ao tutor cabe expressar uma atitude de receptividade diante do aluno e assegurar um clima motivacional favorável à aprendizagem; e também propiciar atendimento individualizado e cooperativo, numa abordagem pedagógica que põe à disposição do estudante os recursos necessários para que alcance os objetivos no curso, da forma mais autônoma possível. (RODRIGUES et al, 2010) Não distante disso, Oliveira (2007) destaca a importância e a clareza que o tutor deve ter no tocante a concepção de aprendizagem, nas relações de empatia com seus interlocutores, no sentir o alternativo, no compartilhar sentidos e facilitar a construção de saberes. Sendo assim, é evidente que responder perguntas, tirar dúvidas acerca da metodologia ou atividade, corrigir trabalhos, estimular e acompanhar a realização das atividades é a base das práticas de mediação que os tutores desempenham na EaD.

O discente, neste contexto, é o sujeito que fomenta interações com o objeto de estudo e seus colegas, tutores e professores formadores. Essa interação, segundo Konrath (2007), precisa desta prática para se estabelecer enquanto ser humano e, mais do que isso, porque a troca de experiência, práxis e saberes possibilita que ele se perceba como um produtor de conhecimento. Nesta acepção, não se trata de um indivíduo passivo que apenas assiste, lê ou acessa o ambiente de aprendizagem, mas sim, de alguém ativo que participa, interage e contribui de forma dialógica, marcando assim a sua presença. Em linhas gerias, o discente virtual é aquele que se compromete, organiza, tem iniciativa, autonomia e disciplina para com seus trabalhos, leituras e atividades, desenvolvidos dentro das possibilidades e horários que cria para seu melhor desempenho.

Frente a estes pressupostos, deve-se dizer que na modalidade a distância há ainda um espaço físico que possibilita a realização de provas, apresentações de trabalho/TCC, reuniões e atividades que exigem a presença discente e docente para que ocorra. Este espaço pode ser de caráter geral, isto é, onde se localiza a estrutura física de quem gerencia da plataforma moodle e a coordenação das atividades, como também, os espaços físicos em que as pessoas escolhem conforme o grau de proximidade de onde moram, os quais são chamados de polos. 

Dito isso, é possível considerar que o Polo se caracteriza enquanto um objeto de estudo que revela particularidades em seu ordenamento, tanto no que diz respeito a sua organização quanto a sua trajetória histórica e ferramentas legislativas que orquestram seu funcionamento. Nesta acepção, pode-se dizer que é o Artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 9394/96 que regula os princípios da EaD, salientando, deste modo, que:

“Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diplomas relativos a cursos de educação a distância. § 3º As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado.” (Apud KNUPELL, 2014, p. 114)

Outros três instrumentos são importantes ressaltar no tocante aos Polos, o primeiro diz respeito à Portaria nº 4361/2004, que institui os processos para o credenciamento das instituições de ensino e a autorização para que novos cursos superiores adentrem a esta modalidade de ensino; em segundo lugar, pode-se destacar o Decreto nº 5622/2005, o qual regulamentou os Artigos 80 e 81 da LDB e trouxe a definição para a EaD, arrolando que se trata de uma modalidade educacional vinculada à mediação didático-pedagógica por meio da tecnologia de informação e comunicação, por meio de lugares e tempos diversos. O terceiro diz respeito ao Decreto nº 5800/2006, que para além da instituição do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), operacionalizou também o processo de constituição dos Polos, visto que, aventava a premissa em expandir e interiorizar os cursos superiores públicos para diferentes regiões do país, contanto com professores, gestores e trabalhadores da educação básica. Este último Decreto define também que o Polo se trata de uma unidade para desenvolvimento descentralizado de atividades pedagógicas e administrativas dos cursos ofertados na modalidade a distância. Partindo destes pressupostos, a autora destaca que:

“Os Polos são espaços que retratam ações educacionais e culturais de um determinado tempo; logo, não são neutros, tanto ideológica quanto culturalmente. Mas por serem construídos em situações e condicionantes diversos, não estão atrelados apenas a políticas públicas e legislações específicas; estes devem ser discutidos por pesquisadores levando-se em consideração que são lugares de ações sociais, de memória de uma região e, por conseguinte, formadores de uma identidade social.” (KNUPELL, 2014, p. 118)

Associados aos Polos, salienta-se ainda quatro dimensões que compõe os princípios destes espaços, sendo eles: o braço operacional de programas e projetos das IES; parceria entre o poder municipal e estadual; tutoria e atividades presenciais nos Polos; e avaliação nestes mesmos espaços. Com efeito, pode-se pensar que o Polo “sinaliza para a criação de uma nova identidade e representatividade ao vislumbrá-lo como um centro maior de integração e desenvolvimento para a região, fomentador de formação profissional e geração de empregos”, (KNUPELL, 2014, p.120). Para a organização destes espaços, a autora destaca que há mantenedores que garantem o seu funcionamento, entre eles, bibliotecários, seguranças e tutores presenciais. Por fim, é oportuno delinear que:

“o Polo é um espaço que necessita de instalações físicas, infraestrutura tecnológica e de recursos humanos adequados para contribuir na qualidade do ensino. Contudo, advertimos que em muitos casos esse processo de organização múltiplo tem se constituído em uma tarefa difícil de se realizar, apesar das exigências do governo federal para autorização de funcionamento e das constantes visitas de supervisão realizadas por técnicos, professores e avaliadores cadastrados pelo Ministério da Educação.” (KNUPELL, 2014, p. 121)

Esclarecidas as funções dos agenciadores das atividades a distância e o espaço em que se operacionalizam parte do trabalho nesta modalidade, entende-se que outro elemento fundamental para ser apresentado neste texto é o método avaliativo, pois, levando em consideração as dinâmicas realizadas via AVA, muito se questiona acerca das estratégias empregadas e sua validade no processo de ensino-aprendizagem. Nesta acepção, pode-se compreender que os métodos avaliativos passaram por um processo de evolução ao longo do tempo e, ainda hoje, pode ser considerada um desafio para docentes, visto que, há confrontos entre os vieses teóricos e a diversidade de contextos e realidades onde são aplicados. Noutras palavras, acaba se tornando um desafio aliar o processo avaliativo as demandas discentes, docentes, institucionais e da comunidade em que se inserem, sem deixar de lado, é claro, o objetivo da práxis avaliativa: “auxiliar o aluno no seu processo de desenvolvimento pessoal, a partir do processo ensino-aprendizagem e prestar informações à sociedade acerca da qualidade do trabalho educativo realizado”, (ROCHA, 2014, p. 1).

Articulando estes pressupostos às funções da avaliação, a qual se entende que deve ocorrer de modo dinâmico, pode-se elencar cinco papeis ao processo avaliativo e, acompanhado a ele, expectativas que corroboram seu caráter fundamental na formação de saberes, sendo estas:

1. em processo - a visão contínua da avaliação (diagnóstica - diária, tendências, previsões, decisões, ajustes);
2. a auto avaliação - onde estou, quem sou e para onde quero ir (de propiciar a auto compreensão);
3. a motivação - motivar o crescimento de que modo? Estou motivando ou desmotivando esse crescimento?
4. a de aprofundar a aprendizagem (a qualidade na prática avaliativa como elemento de aprofundamento da aprendizagem)
5. e a de auxiliar a aprendizagem – descobrir as conexões da aprendizagem. (Estilos de aprendizagem e intervenções etc.) (ROCHA, 2014, p. 2)

No tocante as formas de avaliação e suas respectivas expectativas, pode-se delinear ainda, as modalidades avaliativas, denominadas enquanto diagnóstica, contínua ou formativa e a final ou somativa. Rodrigues (2010) inclui-se outros conceitos utilizados no tocante a avaliação, o qual define enquanto possibilidade avaliativa o processo abrangente, multidimencional, contínuo, diagnóstico e inclusivo. 

Apresentadas algumas informações acerca da avaliação, pode-se agora pensar mais especificadamente no diálogo entre estas e a modalidade EaD, pois, conforme se destaca Rocha (2014), há diversas concepções sobre educação, no que diz respeito a EaD, cada qual imbricada nas teias teorias de quem as produziu. Para tanto, argumenta-se que a educação a distância é um sistema educacional mediado pela tecnologia, em que a aprendizagem ocorre em tempos e espaços diferenciados, como também, sem a presença física docente e discente. É bebendo destas premissas que novas formas de pensar a avaliação têm sido realizadas, cujo intuito é redefinir a organização de seus métodos, os quais podem ser definidos em três perspectivas:

- Modelo Baseado nos Artefatos da Internet: também conhecido como modelo de aprendizagem online e não já a presença física docente, pois existe a interação, colaboração e cooperação em espaços virtuais, ou nuvens de aprendizagem. De acordo com o texto, neste modelo não há avaliação da aprendizagem, com exceção dos casos em que há certificação da instituição que oferece o curso;

- Modelo Misto: caracterizado pela possibilidade em ofertar cursos ou disciplinas presenciais, todavia, com momentos virtuais ou a distância, sendo comuns encontros presenciais. A avaliação ocorre com datas e locais agendados previamente, segundo estabelece o MEC;

- Modelo Semipresencial: nesta opção, há momentos presenciais e virtuais ou a distância, sendo a avaliação de caráter presencial formal e os artefatos tecnológicos que ampara a sua oferta são considerados como elementos de flexibilização da aprendizagem.

 Partindo destas informações suscitadas, pode-se compreender que a avaliação, no caso da EAD, é considerada enquanto uma ação transformadora que incentiva a capacidade crítico-reflexiva acerca de um tema ou conhecimento, portanto, “é reflexão transformadora da ação”, (ROCHA, 2014, p. 6). Neste sentido, a modalidade a distância permite que pré-requisitos sejam avaliados, entre eles, as competências: do ensino e aprendizagem, da didática das nuvens, dos indicadores de desempenho, do contexto ou natureza, dos estilos de aprendizagem, da destreza tecnológico-midiática. Portanto, é possível dizer que a avaliação na EAD vai além do estigma de premiar ou punir, mas busca através de testes, um contínuo, constante e diagnóstico processo de verificação da formação de saberes produzidos. É nesse viés que o Rodrigues (2010) descreve que a avaliação é um fator fundamental para medir não só o desempenho acadêmico, como também, a eficiência dos estudos e possibilitar futuras correções. Para isso, avaliações quantitativas são realizadas para o requisito de notas e qualitativas fomentar a reflexão, criticidade e espírito investigativo.

Para alcançar tais desígnios, a primeira avaliação realizada na EAD se dá na aprendizagem e é acompanhada pelo tutor, em que se observa a realização dos estudos e atividades indicadas nos materiais didáticos. Em seguida, é avaliado os estudos de caso, isto é, os ensaios produzidos por discentes, sendo esta parte da avaliação e a anterior, momentos complementares. Em seguida, são realizados seminários presenciais e, por fim, há uma prova presencial, o que permite considerar que a avaliar em si, é um processo, com métodos e momentos diferenciados, o qual anseia perceber a formação de conhecimento ou déficits de aprendizagem durante as diversas etapas da produção do saber. Neste sentido, pode-se dizer ainda que para ser bem-sucedido num curso educação a distância o estudante precisa desenvolver algumas competências básicas, entre elas, pode-se citar:

1. Organização do tempo: pois é fundamental a administração do tempo para a leitura e realização das atividades, buscando assim, absorver o máximo possível das informações e formação de saberes.
2: Autonomia e disciplina: é preciso ter discernimento que na modalidade de educação a distância sou eu quem organiza o tempo, as Unidades e a realização das atividades, realizando as leituras obrigatórias, buscando por materiais auxiliares ou por acompanhamentos de tutores. O desenvolvimento de todas as atividades e premissas ligadas as disciplinas dependem única e exclusivamente do meu desempenho e organização, e isso é fruto da autonomia acadêmica.
3: Conhecimento específico em informática: é fundamental conhecer as ferramentas associadas ou específicas da internet, seja de editores de texto, instrumentos de pesquisa, ou outras ferramentas que contribuem no processo de aprendizagem. Não penso que devo fazer um curso, graduação ou especialização porque devo obrigatoriamente conhecer todos os mecanismos da plataforma, porque isso faz parte do processo de aprendizagem, posso entrar nessa modalidade sem conhecer a plataforma e com o tempo ir compreendendo sua funcionalidade. Contudo, a instrumentalização básica da internet é fundamental para que essa aprendizagem ocorra de forma mais fácil, rápida e clara.


Considerações Finais

No tocante à EaD, é possível pensar que se trata de uma modalidade de ensino e aprendizagem que integrou um processo de renovação, a qual, ao aliar-se com as diferentes tecnologias, permite o desenvolvimento de novos recursos e novas estratégias pedagógicas. Nesta acepção, o impacto destas tecnologias denota a premissa de se criar metodologias adequadas à sociedade em que estamos imersos. Partindo destes pressupostos, as autoras salientam que a metodologia é um ponto que deve ser pensado e repensando, no tocante a tecnologia, pois as estratégias utilizadas dialogam com os instrumentos conceituais e recursos materiais que se faz uso no processo de aprendizagem, logo, as novas experiências provocam alterações no modo como atuamos didaticamente, sendo de suma importância a atualização e capacitação para o seu uso em sala de aula e/ou através de materiais didáticos. Afinal, com o avanço da tecnologia, houve uma alteração no meio digital, ampliando e diversificando a produção das ferramentas didáticas, em que a aula não se resume apenas a mediação docente, mas também, em outras possibilidades de interação, onde estudantes organizam seus espaços, tempos e procedimentos de estudo.

Cabe ressaltar ainda, que a educação a distância é uma modalidade de educação que pode ser considerada a mais democrática, a qual se utiliza de tecnologias de informação e comunicação, ultrapassando, deste modo, as barreiras no tocante a formação de conhecimentos. Com base nos textos e vídeos sugeridos como material didático, é possível dizer que houve um processo até chegar a modalidade a distância que se conhece atualmente, sendo que a primeira geração esteve ligada ao uso papeis e impressos como meio de comunicação, os quais eram enviados pelo correio ao professor, estando vigente até a década de 1960; a segunda geração, iniciada na década de 1960, caracterizou-se pela transmissão por rádio e/ou TV, uso de vídeos cassetes de áudio e vídeo, em que a interação entre aluno e professor era via telefone ou nos centros de atendimento, é nesta geração que se desenvolveu as UAB; em 1985, tem-se o que denomina enquanto terceira geração, a qual pautou-se na introdução de redes de computadores e uma comunicação bidirecional, fazendo-se uso de audioconferências e videoconferências, correio eletrônico, sessões de chat, internet e outras mídias digitais; a quarta geração, iniciada em 1995, é marcada pela mídia interativa, acesso a bancos de dados e bibliotecas eletrônicas, o que foi facilitado com o uso da banda larga; já em 2005, tem-se o que se chama de quinta geração, que engloba tudo o que compõe a quarta geração e oferece uma comunicação com sistema de respostas automatizadas, isto é, uso de agentes inteligentes, equipamentos wireless e linhas de transmissão eficientes, o que permite o aluno a obter feedback com maior rapidez, além disso, favorece a interação e exploração de novas tecnologias; e a sexta geração, está marcada pela eficácia da aprendizagem, baseada na necessidade do aluno e não mais na disponibilidade da informação.

Pensando especificadamente no impacto na vida das pessoas, pode-se salientar dois caminhos: o primeiro a oportunidade de acesso para as pessoas que não tem condições de se deslocar para outra cidade em busca da realização de um curso de graduação; e, em segundo lugar, pode-se destacar as dificuldades dadas em virtude da adaptação com as novas tecnologias. Em ambos os casos, a partir do vídeo sugerido, entende-se que houve uma superação das entrevistadas que, ansiando finalizar o curso, conseguiram aprender a manusear as ferramentas de aprendizagem e, por assim dizer, desenvolver novos saberes através da modalidade a distância que, em seus casos – e de tantas outras pessoas – se revela enquanto uma ferramenta democrática de ensino e aprendizagem.


Referências

Jessica Caroline de Oliveira. Doutoranda em História. Licenciada em História pela Universidade Estadual do Paraná, campus de União da Vitória. Possui Especialização em Cultura Afro-brasileira pela Universidade Cândido Mendes e em História, Arte e Cultura pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde também possui Mestrado em História, Cultura e Identidades. Atualmente, é aluna de doutorado em História, Poder e Práticas Socais na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Marechal Cândido Rondon

ALVES, L. Educação a distância: conceito e história no Brasil e no Mundo. Associação Brasileira de Educação a distância, v. 10, 2011.

FOLTRAN, E. P. Unidade IV, Seção III, do fascículo de Avaliação em Educação a distância. RESOLUÇÃO CEPE Nº 055, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2015. APROVA NOVO REGULAMENTO GERAL DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU, DA UEPG. Ponta Grossa, 2017.

_____________ Unidade II, Seção III, do fascículo de Origem e desenvolvimento da Educação a distância – Videoteca, Evolução da EAD e A realidade da EAD no Brasil. Ponta Grossa, 2017.

_____________ Unidade III, Seção III, do fascículo de Novos papeis na EAD – Texto: O papel aluno na EAD. Ponta Grossa, 2017.

KNUPELL, M. A. C. Educação a distância no Brasil: a construção de identidades para os Polos do Sistema Universidade Aberta do Brasil. In: COSTA, M. L.F.; ZANATTA, R. M. Educação a distância no Brasil: aspectos históricos, legais, políticos e metodológicos. Maringá: Eduem, 2014.

KONRATH, M. L. P.; et al. Competências: desafios para alunos, tutores e professores da EaD. Novas Tecnologias na Educação, vol. 7, n 1, jul. 2009.

MORAN, J. M. O que é Educação a distância. Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm. Acesso em: 14 mar. 2019.

NUNES, I. B. Noções de Educação a distância. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/. Acesso em: 31 mar. 2019.

OLIVEIRA, E. S. G; DIAS, A. C. S.; FERREIRA, A. C. R. A importância da ação tutorial na educação a distância: discussão das competências necessárias ao tutor. VII Congresso Iberoamericano de Informática Educativa, 2007.

ROCHA, E. F. IV Seção III, do fascículo de Avaliação em Educação a distância. ROCHA, E. F. R. Avaliação na EAD: estamos preparados para avaliar? – 2014. Ponta Grossa, 2017.

RODRIGUES, C. A. F.; et al. Introdução a educação a distância. EAD: Ponta Grossa, 2010.



16 comentários:

  1. Oi Jéssica seu texto é muito interessante e aborda as principais questões da EaD no Brasil. Assim como você acredito nas potencialidades democráticas desse tipo de ensino, sobretudo, em relação a lugares distantes do Brasil longe dos centros urbanos. Meu tio Sérgio na década de 1970 terminou o ensino médio através do Telecurso e depois conseguiu entrar, no que hoje aqui em são paulo, chamamos ETEC. Minha mãe me conta que era o único recurso na época, já que as universidades públicas eram para rico que podiam bancar os materiais. Mais dos efeitos positivos que as tecnologias podem ter, temos também a questão da precarização das licenciaturas em relação as EaD privadas. Então gostaria de saber como você vê esse cenário no Brasil em relação as licenciaturas em EaD? Você sabe se existe algum tipo de avaliação desses cursos sem ser o ENADE?

    2- Em relação as universidades públicas, tínhamos o sistema universidade aberta do Brasil, que sofreu um desmonte gigantesco por parte do governo federal. Seu sistema era muito interessante e se inserido aos sistemas das universidades poderia ser uma saída agora. Então queria saber como você vê esse cenário do uso da EaD nas Universidades Públicas agora com a Pandemia?
    Bruna C Marino Rodrigues

    Bruna Carolina Marino Rodrigues

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    1. Boa tarde. Agradeço a leitura e participação. ^^
      Partindo da minha experiência e do que tenho estudado, sinto que alguns cursos são ofertados por critérios de demanda de mercado e/ou apenas almejando o lucro, sem se preocupar muito com a qualidade de ensino - em relação a licenciaturas pagas. Tive a oportunidade de ter contato com diferentes instituições, públicas e privadas, por isso posso dizer que há um abismo enorme entre elas, seja no processo formativo, métodos de ensino e, sobretudo, nas formas de avaliação. Entendo a importância que elas possuem na vida das pessoas, no entanto, são pontos que deveriam ser revistos para colaborar de maneira mais eficaz na formação do conhecimento.
      No que tange o cenário atual, sinceramente, percebo a dificuldade em se adequar. Em primeiro lugar, a ausência de uma espaço físico e presencial, pode induzir a ter menos comprometimento com o processo de aprendizagem. Infelizmente, não é um consenso 'geral' o hábito de "estudar em casa"- e isso vem desde o ensino fundamental e médio. Em segundo lugar, a falta de estrutura básica por parte discente impede ou compromete a formação.
      Em síntese, acredito no potencial da EaD, penso que ela é um ferramenta que pode e deve ser usada no contexto atual, no entanto, apenas uma parcela se beneficiará. E isso deve servir como experiência para (re)modelar a nossas práticas e pensar estratégias futuras em que essa modalidade possas alçar um público maior e com qualidade (para mim a qualidade é essencial).
      Att.

      Jessica

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  2. Jessica, tudo bom?

    É extremamente interessante como seu texto retrata bem a EaD. Sou graduando em História pela Universidade de Pernambuco e meu curso é a distância, logicamente existem algumas diferenças em relação ao texto, mas se encaixa perfeitamente na essência.

    Como estamos acompanhando, neste momento de pandemia não só o Ensino Superior se encontra transformando seus cursos presenciais em EaD, como também escolas e colégios da Educação Infantil até o Ensino Médio. É comum que existam complicações de início, como também resistência por alguns. Mas nada que o tempo possa ir resolvendo.

    Em relação a está amplitude que se está dando a EaD neste momento e em observância as novas metodologias de ensino, você acredita que o ensino a distância se desenvolverá nos próximos anos dentro da Educação Básica ou se manterá apenas no Superior, voltando a Educação Básica ao velho ensino presencial?

    At.te
    Marcos Gilvan Ribeiro Soares

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    1. Boa tarde. Agradeço pela leitura do texto.

      Sim. Há diferenças entre os cursos EaD. O texto focou bem a parte teórica e acabei não desenvolvendo o lado da minha experiência, por isso, concordo, há diferenças metodológicas e avaliativas entre as instituições, sejam elas públicas ou privadas.
      Bem, acredito que a resistência no cotidiano escolar ao uso de tecnologias ainda se dá pela formação de quem atua e precarização na estrutura da rede pública. Pelas experiências que tive, há vários pontos que devem ser levados em consideração, seja a estrutura para discentes, o hábito e a disciplina em estudar numa modalidade não presencial, estratégias empregadas na elaboração do conteúdo e das atividades, quem atuará como formador(a), tutor(a) - será alguém como formação? -, entre outros.
      O fato é: sem dúvida é um sistema que deve ser usado a favor da educação, pois é uma ferramenta que integra e permite a interação com diferentes meios de aprendizagem. Entretanto, é preciso pensar e criar estratégias que venham a somar no processo de aprendizagem e não 'tapar um buraco'. Dito isso, é provável que novos projetos sejam elaborados, ou, assim espero, tendo em vista o corte do financiamento realizado pelo governo. Penso que, apesar do cenário, a EaD mostrou a sua importância e as fragilidades que precisam ser (re)pensadas a fim de melhorar as suas bases.

      Att.

      Jessica

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  3. Oi Jéssica, como você está? Espero que bem.
    Me formei recentemente na Unespar, Campus de União da Vitória em licenciatura de História e a minha primeira experiência em sala de aula está sendo construída com turmas do Ensino de Jovens e Adultos- EJA. Entretanto, estamos vivenciando no momento as chamadas "Aulas não presenciais" devido a pandemia de Covid19, para a minha pessoa e também para outros professores essa nova experiência educacional está sendo um grande desafio. Nem todos os nossos alunos possuem tecnologias, outros não conseguem absorver corretamente o conteúdo e nós como professores não possuímos metodologias eficientes para ajudar nossos alunos e então fica o questionamento, literalmente o que fazer? Como prosseguir?
    Nem todos os alunos conseguem adaptar-se com o ensino remoto na prática, pelo menos no ensino regular básico. E nos vemos de mãos atadas adequando temáticas em textos resumidos enviados via aplicativos de comunicação, pois nem todos os municípios aderiram plataformas como o classron, dessa forma o ensino básico está encontrando imensas dificuldades e nós como docentes estamos profundamente preocupados.
    Adorei o texto, muito didático, e algumas ideias clarearam um pouco o momento que estamos vivenciando.
    Att. Ligia Daniele Parra.

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    1. Boa tarde. Agradeço a leitura do texto.

      Bem, serei sincera, nenhuma mudança ou transição é fluida e simples.
      Te darei alguns exemplos: enquanto professora, fui MUITO criticada por dar pesquisas e lição de casa. A resposta era simples, "estudantes não fazem nada em casa". E isso me motivou a nunca abandonar as minhas estratégias, afinal, por que iriam fazer se ninguém pedia ou motivava? Foi um processo... mas, posso te garantir que no final ano eram raros os casos de quem não entregava - até porque, não operamos milagres. Veja bem, também haviam casos de falta de estrutura por parte discente e, pasme, algumas pessoas não gostavam da ideia de usar a sala de informática no contra-turno. Enfim, foram muitos obstáculos, mas o maior deles era a má vontade de pensar para além dos livros ou da aula expositiva (não dialógica). Por isso, eu vejo com bons olhos esse desafio de fazer (re)pensar os métodos de ensino e, sobretudo, de discentes se deparem com essa realidade. Acredito que isso pode render projetos futuros e ser usado como um complemento da modalidade presencial.
      Quanto as suas perguntas, em primeiro lugar, é preciso instigar e motivar as leituras e sugerir outros materiais que complementem. Sei que não é homogêneo o acesso, por isso, incentivar atividades em grupos ou duplas pode ser uma saída. Na verdade, a própria realidade da EJA já difere do ensino regular, tornando o desafio ainda maior, pois a heterogeneidade etária e de trajetórias de vida acabam por influenciar na maneira como aprendem. Minha sugestão é ser o mais didática possível e pensar nas maneiras como o conteúdo pode dialogar com a realidade próxima estudantil, pois permite o sentido histórico. Sua pergunta renderia uma longa conversa de trocas de experiências. Sei que o início é mais complicado, mas acredite, é possível encontrar pontos que farão prosseguir. É preciso ir experimentando.

      Att.

      Jessica

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  4. Boa noite Jéssica
    Em seu texto você ressaltou as atribuições de cada indivíduo dentro da EAD, faço o curso de Pedagogia nessa modalidade, percebi que conhece bem a parte teórica, mas qual sua experiência com o ensino a distância?
    Att. Valéria Cristina Trindade Algayer

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    1. Boa tarde.

      Agradeço pela leitura do texto.

      Apesar da formação em licenciatura, mestrado e doutorado terem sido presenciais, fui aluna nas duas especializações na modalidade EaD. Realizei cursos formativos e hoje atuo na orientação de TCC na licenciatura em História na UEPG. Desta breve trajetória, posso te dizer que há uma diferença gritante entre a EaD pública e a privada, seja no método de ensino, nas avaliações e no contato com formadores, tutores e orientadores. Em linhas gerais, na rede privada é um copiar e colar, sem reflexão ou crítica - elementos básicos para quem atua na área da História. Na rede pública, me deparei com uma multiplicidade de ferramentas de aprendizagem, os quais, contribuíram para minha atuação enquanto professora, pois tive acesso a leituras e formas de avaliação com música, filmes, imagens e temáticas que, sem essa experiência, teria dificuldade nas abordagens iniciais, como História e Saúde, por exemplo.
      Espero ter respondido sua pergunta.

      Att.

      Jessica

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  5. Parabéns JESSICA pelo excelente texto!
    Sabemos que o mundo vem cada vez mais se globalizando, e com ele as tecnologias e os meios de comunicação, e a EAD vem desempenhando uma função extremamente importante e imprescindível na nossa sociedade, e principalmente agora em meio a essa pandemia. Gostaria de saber o que a professora faz, ou poderia ser feito, para que o aluno construa seu aprendizado no processo de interação no ambiente virtual e para que não haja desmotivação ou ate mesmo desistência?



    NEUDIANE PEREIRA DOS SANTOS

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    1. Boa tarde.

      Agradeço a leitura do texto.

      Acredito que é preciso dialogar as ferramentas de ensino: sugerir músicas, vídeos curtos, imagens... Pedir para que busquem elementos a partir do tema discutido, por exemplo, Revolução Industrial: buscar uma charge/música/fotografia/pintura/poesia e explicar ela tendo como ponto de partida o trabalho, as desigualdades, a urbanização, etc. Percebi, com o tempo, que o corpo discente está muito habituado a 'receber pronto' o que fazer, por isso, quando eram estimulados a 'buscar' e apresentar o que encontravam, isso acabava por deixá-los mais a vontade, inclusive, fomentava o diálogo, pois, quando queriam, explicavam o porque da escolha. Explicar sempre era uma opção e, acredite em mim, com o tempo, o grupo acabava participando sem medo de expor suas opiniões ou dúvidas. É um processo, por isso tem que ir experimentando, vendo o que dá certo, o que pode melhorar. Sei que parece algo 'simples', mas preciso te dizer que essa motivação também varia muito da relação professor/aluno.
      Espero ter respondido a sua questão.
      Att.

      Jessica

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  6. Boa noite Jéssica!
    Lendo o seu texto e vivenciando a educação a distância como professora do ensino médio, trago aqui alguns pontos de reflexão...
    Primeiramente, ao implantar esse modelo pra educação básica, o governo paranaense, assim como vários outros, infelizmente não fez todo esse tempo de estudo, tal qual foi nos apresentado no texto, ou seja, não temos nenhuma estrutura. Outro ponto que merece atenção, é que o ensino a distância se tornou excludente, menciono mais uma vez na educação básica, pois nossos alunos não tem acesso às aulas por milhares de motivos, seja por não ter TV ou internet, apresenta-se ainda a falta de um espaço adequando para que o mesmo se concentre e por aí vai.
    Enquanto professora, não querendo ser pessimista, mas sendo, observo que o modelo a distância não é possível ser aplicado a educação básica. Mas você, enquanto pesquisadora da temática, poderia apresentar um caminho que poderia ser trilhado neste momento?
    Grata pela atenção.

    Sônia Oracilio Duarte

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    1. Boa tarde.

      Agradeço a leitura do texto.
      Entendo suas colocações. Tenho trabalhado com o tema desde o ano passado, mas só agora abri para o debate e acabou por cair nesse cenário (em que a EaD foi imposta e não apresentada como um caminho para contribuir na formação e produção do conhecimento).
      O texto em si, é bem teórico e refere-se mais as universidades, inclusive, minha experiência como aluna e professora, no que tange a EaD, diz respeito ao nível 'superior'.
      O que eu posso dizer é que tudo é um processo, nenhuma transição ou mudança foi fácil e simples. Inclusive, consideraria perigoso se o sistema de ensino se tornasse apenas EaD. Mas, não nego que penso que ele pode ser uma ferramenta a somar nas balizas educacionais. O problema do nosso cenário atual é que a EaD está sendo usada para 'tapar um buraco' e forçar professores e alunos a cumprir carga horária, na minha opinião. Para que essa modalidade desse certo, seria necessário a formação dos professores e a inserção gradual, a qual deveria levar em conta as realidades discentes. A maior diferença entre a universidade e a educação básica nesse quesito é que quem entra em um curso EaD possuí no mínimo uma estrutura para isso; quanto a rede escolar, só reforça seu caráter excludente.
      Quando ao caminho, cada experiência varia com a realidade, ainda mais agora que tanto professores quantos alunos estão se deparando com essa premissa. O que eu poderia sugerir é o que falei nas respostas anteriores: motivar, experimentar e dialogar textos com outras fontes. Discente não tem, ou tem muito pouco, o hábito de estudar em casa. Para mim, esse desafio é maior do que o uso da EaD.
      Att.

      Jessica

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  7. Boa tarde! Agradeço em muito a escrita de seu texto, penso que me foi uma forma interessante para repensar certos preconceitos, mas sem deixar de pensar críticas ao meio de comunicação.
    Eu gostaria mais é de perguntar várias coisinhas com relação a Educação a Distância, que me ajudariam a entender ela com maior criticidade.
    O meio que a máquina nos oferece em conjunto com o software condiciona as mensagens e potencialidades de quem está interagindo com o texto; penso eu que a máquina como um meio, não é diferente do livro, da televisão ou da rádio.
    No primeiro, não teríamos o auxílio da imagem em movimento como num telecurso que passaria na TV, mas poderíamos ir e voltar no texto para pegar coisas que não compreendéssemos; no segundo, no caso de TV's mais analógicas, não poderíamos voltar no curso caso não entendessemos uma passagem, mas disporíamos de imagem para dinamizar o aprendizado e dar exemplos visuais; enfim, acho que entendeu.
    Gostaria de pensar mais exatamente, quais as especificidades de uma mídia como o computador de mesa, um notebook, ou um celular no momento do acesso, não só da interface, mas também do recurso material. Quais as potencialidades e as limitações que o meio, a Internet nos dá, para pensarmos melhor o caso? Sabe para melhorar as discussões e debates em torno do tema, também para não esvaziá-lo com noções que mais mistificam do que dão esclarecimento ao meio e suas problemáticas.
    Além de, mais uma questão que gostaria de perguntar, seria o problema da (des)humanização do discente e do docente, talvez de qualquer um que entre em contato com a mesma, pois a mediação da aprendizagem, apesar de estar realmente acontecendo todo o processo lá, penso eu que @ indivíduo se sentiria mais só, ou isolade, no momento, pois naquele núcleo, estaria na verdade, o discente e sua solidão com o conteúdo, recebendo respostas caso envie perguntas. Existiria uma discussão sobre o problema? E mais, boa parte dos cursos em Educação a Distância, apesar da presença de tutor@s, poderíamos pensar no peso de depositar todo o desenvolvimento d@ indivíduo n@ própri@ indivíduo, gerando aquilo que caracterizaríamos como um efeito da sociedade do cansaço, que é a necessidade gerada pela conjuntura da performance do hiper desempenho, @ indivíduo tendo que explorar cada vez mais a si mesme temendo o "ficar atrás de outres". Quais seriam os efeitos na psiquê d@ indivíduo?
    E (juro não é por mal a quantidade de perguntas) poderia me dispor um apontamento sobre a percepção da adoção massiva do EaD pelas instituições de ensino privado. Parece-me que há uma preferência atual pelo desenvolvimento capitalista em oferecer um Ensino a Distância, gerando nos meios intelectuais discussões acaloradas sobre a adoção do mesmo, mais uma vez, muito em base do senso comum, mais gerando mistificações do que esclarecimento e entendimentos. Mais uma vez, por qual motivo as instituições privadas estão se apropriando com maior vontade do ensino a distância, e quais as reais implicações disto para as estruturas políticas e o nosso ensino, que pode muito bem estar mais voltado para o tecnicista que o crítico-reflexivo. A qualidade continua boa, há ocultamentos, quais as implicações disto para o aprendizado e se há relações disto com o sucateamento educacional, geral, mas também do superior público?

    Atenciosamente,

    (Júli@)
    Júlio Kurita Dutra Ribeiro

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    1. Boa tarde.
      Agradeço a leitura do texto.

      De início, em boa medida, compartilho das suas reflexões, inclusive, parte delas me motivaram a ir buscar 'mais' sobre o tema, além da minha experiência com a EaD.
      - Em relação a melhorar as discussões, a partir das perguntas realizadas para o texto, sinto que há uma perspectiva engessada da EaD, talvez a mesma que eu possuía, no sentido de abrir a plataforma, ler um texto e fazer a atividade. Isso é o que percebi em algumas instituições privadas, tanto de graduação quanto de especialização. O fato é que penso algo bem além disso, uma plataforma que agrega textos que dialogam com música, pinturas, filmes, propagandas, sites de museus, entre outras fontes, somadas as salas de discussões em grupo, mais a live com docentes em que dá para perguntar e participar da apresentação. Essa é a EaD que eu tenho como modelo, não é arquetipo usado por muitas universidades, mas existe!
      - E, em certa medida, rompe com a desumanização apontada por você, embora, seja uma característica comum dessa modalidade que a organização do cronograma de estudo parta da autonomia discente para a realização das atividades. Novamente, presenciei as duas perspectivas, na rede privada nunca tive um feedback ou qualquer interação com formador ou tutor; na rede pública, tinha o contato direto com várias pessoas que estavam para tirar dúvidas e com um cronograma de horários, os quais, sabíamos com quem falar, de acordo com ele.
      - No tocante ao caráter capitalista, se observar algumas respostas, sempre aponto esse aspecto como uma crítica, afinal, acabam por 'democratizar' o acesso ao nível 'superior', contudo, com um conjunto formativo frágil e pífio. Ouso dizer que eles não vendem uma formação acadêmica, mas sim, um diploma. E isso é problemático, pois desqualifica e gera os preconceitos (comuns) que as pessoas tem sobre a EaD.
      - Por fim, a qualidade varia de instituição para instituição, assim como no sistema presencial. Seria problemático dizer que é um modelo ruim, sabendo da potencialidade e da qualidade operada, sobretudo, pelas universidades públicas.

      Espero ter respondido suas questões.

      Att.

      Jessica

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  8. Boa noite Jessica Caroline de Oliveira.
    Gostaria de lhe parabenizar pelo excelente trabalho produzido.
    Penso que a educação a distância veio, com certeza, para diminuir distâncias, para proporcionar oportunidades que, por muitas vezes, tornam-se inviáveis no ensino presencial. Mas a minha questão é se você ver essa grande abertura de cursos EAD por todo país, de todas as áreas imagináveis, como sendo algo, indiscriminadamente, positivo ou se tem alguma ressalva, alguma exceção, algum curso que não haveria possibilidade de ser realizado na EAD? E quais dificuldades você poderia apontar para a realização do processo de ensino-aprendizagem você observa na EAD?

    Att,
    Micherlando Pereira da Costa

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  9. Boa tarde.

    Agradeço a leitura do texto.

    Sim, tenho várias ressalvas. Conforme comentei nas respostas anteriores, minha experiência com a EaD leva a entender essa modalidade como um caminho que pode ser pertinente por várias razões, entre elas, as já elencadas por você. Entretanto, penso que algumas instituições privadas deixam a desejar, tanto nas questões metodológicas quanto avaliativas, as quais possuem uma enorme fragilidade teórica. Acredito que deveria existir um filtro e uma preocupação maior com essas premissas. A formação e a produção do conhecimento deveriam ser o ponto mais importante - e não apenas o lucro por agregar um público tão amplo. Penso que é problemático cursos EaD que exigem uma prática específica ou laboratórios, sobretudo, aqueles da área da saúde, como farmácia, enfermagem, entre outros.
    No tange as dificuldades, para mim a principal delas é a disciplina e organização do tempo para o estudo, pois é o estudante que precisa ter autonomia para criar seu cronograma de estudos. Além, é claro, de possuir a estrutura para acessar as plataformas, pois exige um conhecimento básico.
    Espero ter respondido suas questões.
    Att.
    Jessica

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