Giovan Sehn Ferraz


FASCISMOS E STAR WARS: UMA PROPOSTA DE ENSINO “FRACASSADA” COM O FILME STAR WARS: EPISÓDIO III – A VINGANÇA DOS SITH



Neste trabalho, apresentamos uma proposta de ensino voltada para o 9º ano do Ensino Fundamental, ao abordar o período entreguerras e a ascensão dos fascismos na Europa com a utilização do filme Star Wars Episódio III: A vingança dos Sith. O objetivo principal dessa proposta é auxiliar os estudantes na compreensão de como se constroem os discursos fascistas, como se dá sua busca por legitimidade na defesa de um Estado forte na oposição a uma ideia de democracia corrompida e, principalmente, como esses discursos conseguem conquistar apoio popular. Essas discussões são especialmente relevantes em um momento histórico como o que vivemos atualmente no Brasil e no mundo, quando vemos recrudescer discursos antidemocráticos e de ódio que lembram muito a retórica fascista dos anos 1920 e 1930.

O cinema e o ensino de História
Criado em fins do século XIX, há muito o cinema faz parte do repertório cultural e de entretenimento da humanidade, especialmente após a popularização dos filmes com o videocassete, o DVD e, finalmente, a internet. Entretanto, sua inserção efetiva dentro das salas de aula ainda hoje encontra resistências, seja pela falta de preparo docente, de infraestrutura adequada ou mesmo pela cultura escolar que ainda vê nos filmes apenas “matação de aula”.

No Brasil, o uso de filmes nas aulas de História já era defendido pelos escolanovistas, mas “desde que fosse para garantir a verdade histórica”, apresentando a história como “realmente foi”. (Abud, 2003, p. 189). Embora tais concepções já tenham há muito sido abandonadas dentro das academias, por vezes o filme ainda é utilizado “como um substituto do texto didático ou da aula expositiva” (Abud, 2003, p. 189), como uma “ilustração” do tema ou, ainda, como “ressurreições históricas” (Bittencourt, 2008, p. 372). Quando não utilizado dessas formas, muitas vezes o cinema também surge como “estratégia pedagógica”, no sentido de apenas motivar os alunos para o estudo do conteúdo e não como recurso didático de fato (Christofoletti, 2009, p. 611-12).

Neste trabalho, compreendemos que, para se utilizar o filme como recurso didático efetivo, é preciso que este contribua para ganho real de compreensão cognitiva dos temas abordados em aula ou para fomento de reflexões críticas dos alunos, problematizando-se visões de mundo e valores veiculados nas obras cinematográficas. Para isso, o filme deve ser sempre compreendido como “expressão de uma certa cultura inscrita em um determinado contexto sócio-histórico” (Meirelles, 2004, p. 79, 77). Ou seja, nenhum filme ou obra cultural está apartado do universo social e cultural do qual se origina, veiculando valores, preconceitos e visões de mundo; muitas vezes inclusive de forma independente à intencionalidade do cineasta (Ferro, 2010, p. 18).

Ao utilizar o cinema como recurso para reflexão e geração de debates, as possibilidades aumentam exponencialmente, pois não apenas filmes ou documentários históricos podem ser utilizados, mas qualquer filme em que se verifiquem elementos para debate e reflexão acerca de temáticas históricas. Assim, ganham ênfase justamente aqueles filmes aos quais os alunos estão acostumados a assistir como forma de entretenimento. Utilizando esses filmes em sala de aula, como recurso didático efetivo – com estudo, análise crítica, reflexões e debates sobre os mesmos –, além dos objetivos específicos do trabalho na escola, contribuímos também para fomentar o senso crítico dos alunos sobre os bens culturais que consomem diariamente, como filmes, séries, novelas, desenhos ou games.

Dessa forma, apresentamos, neste trabalho, uma proposta de ensino voltada para análise do filme Star Wars: Episódio III – A vingança dos Sith, especificamente nos discursos que contrapõem Democracia/República a Ditadura/Império. Nesta proposta, visa-se instigar os alunos a identificarem, analisarem e problematizarem os discursos contrários e a favor do Império e da República, contrapondo-os, em um segundo momento, ao contexto de ascensão dos fascismos nas décadas de 1920 e 1930.

Para esta atividade, propomos a estruturação em 4 momentos distintos:
1)          Apresentação da proposta e dos objetivos; discussão inicial com levantamento das concepções prévias dos alunos acerca dos conceitos “República” e “Império”; divisão da turma em dois grupos (pró-Império e pró-República)..
2)          Trabalho com conteúdos referentes aos anos 1920 nos Estados Unidos e Europa, Crise de 1929, anos 1930, a crise das democracias liberais e a ascensão dos fascismos.
3)          Exposição do filme, na qual os grupos, auxiliados pelo professor, ficam responsáveis por reunir argumentos e exemplos para defender seu posicionamento.
4)          Debate final entre os grupos, com exposição e análise de cenas específicas do filme, objetivando convencer “o público” de seus argumentos.

Ressalta-se que as reflexões realizadas podem também ser retomadas em discussões a respeito dos embates entre capitalismo e socialismo durante a Guerra Fria, bem como acerca de discursos contemporâneos alinhadas a ideários neofascistas, conservadores e/ou autoritários.

Discursos do Império e da República em Star Wars
A saga Star Wars começou com o lançamento do primeiro filme, Episódio IV, em 1977, e conta hoje com três trilogias. Os episódios I a III (1999, 2002 e 2005), contam, basicamente, a queda da República e a ascensão do Império, simbolizado pela figura do Darth Vader, enquanto os episódios IV a VI (1977, 1980 e 1983) narram a organização da resistência e a queda do Império Galáctico. A nova trilogia (2015, 2017 e 2019) versa sobre a configuração de um novo sistema, intitulado a Primeira Ordem, e as lutas de resistência contra esse sistema. Para esta proposta, escolhemos o Episódio III por compreendermos ser neste que os discursos de contraposição entre Império e República aparecem de forma mais contundente.

A história da saga se passa em uma galáxia fictícia, que foi, por milhares de anos, organizada na forma de uma grande República, calcada na democracia parlamentar, e governada por um Chanceler que tinha poderes bastante limitados frente ao Senado, composto por representantes de todos os sistemas filiados à República. Para manter a paz na República, o Senado Galáctico recusou-se, desde o princípio, a organizar um exército, pois isto ia contra seus ideais pacifistas. Mesmo assim, após a Ordem Sith ter sido extinta, foi criada a Ordem Jedi para manter a paz na Galáxia.

No Episódio I, a Federação do Comércio, com seu próprio exército, contesta a cobrança de impostos pelas principais rotas de comércio para sistemas remotos, dando início a conflitos que levam vários sistemas a manifestar intenção de deixar a República. Esse movimento separatista, enfatizado no Episódio II, desemboca nas Guerras Clônicas. É nesse contexto, associado a diversas crises internas, que ganha força a ideia de tentar restabelecer a ordem da galáxia através de um governo forte e centralizado liderado pelo Chanceler Palpatine, o que é abordado no Episódio III. Dessa forma, o conceito de “Império” nasce dentro da saga como uma possível solução aos problemas enfrentados pela República, embora os meios pelos quais esse tipo de regime se utiliza para manter a ordem sejam fortemente repudiados pelos apoiadores da democracia.

A saga toda traz uma noção superficial de que o Mal está todo na figura do Chanceler Palpatine, ou Lorde Sith Darth Sidious, e de que seria este o grande articulador e causador de todo o Mal da Galáxia. É ele que convence a Federação do Comércio a aplicar o bloqueio econômico sobre Naboo, que articula o movimento separatista sob liderança de seu aprendiz, Conde Dooku, e que dá início à criação do Exército de Clones; enfim, é ele que desestabiliza toda a República para criar as condições necessárias à criação de seu Império. Cria-se, assim, a impressão de que, sem esta força exógena do “Mal”, a República não passaria pelas crises necessárias à articulação fundamentada de um discurso opositor. Analisando mais especificamente a relação entre o Chanceler e o jovem Jedi Anakin Skywalker (futuro Darth Vader), observa-se como aquele alicia Anakin para o lado escuro da Força, manipulando fatos e informações frente à ingenuidade deste.

Enquanto o “Mal” aparece incorporado em Palpatine e no Império, o lado do “Bem” é representado pelos Jedi e pela República. Essa dualidade, por vezes, aparece de forma tão radical que qualquer crítica a um dos lados é compreendida como defesa do outro. Em dado momento, a Senadora Padmé questiona Anakin: “E se a democracia que imaginamos servir não existe mais? E se a República tornou-se o mal que devemos combater e destruir?”, ao que este, ainda defensor da República, responde: “Não acredito nisso. Você está parecendo uma separatista.”. (Star Wars, 2005).

Este posicionamento de Anakin vai mudando ao longo do filme, principalmente em virtude da “manipulação” de Palpatine. Quando se discute a ampliação dos poderes executivos ao Chanceler, devido às crises por quais passa a República, Anakin diz que que isso significaria “menos burocracia e mais ação”, e assim seria “mais fácil acabar com a Guerra”. Palpatine, por sua vez, vai convencendo o jovem Skywalker ao mencionar a ameaça de uma tomada do poder pelos Jedi, o que caracterizaria uma traição e justificaria a posterior política de extermínio dos Cavaleiros Jedi, utilizando-se de termos como “rebelião Jedi” e “complô Jedi”: “O Conselho Jedi quer assumir o controle da República. Eles planejam me trair, [eles não confiam em mim], ou no Senado, ou na República, ou na Democracia, melhor dizendo”. (Star Wars, 2005).

Temos o ápice dos argumentos “pró-Império” na fala do Chanceler quando este proclama o Primeiro Império Galáctico, sob aplausos do Senado: “A fim de garantir a segurança e manter a estabilidade, a República será reorganizada e convertida no Primeiro Império Galáctico, para uma segura e tranquila sociedade.”. Mais tarde, ao confrontar seu antigo Mestre Jedi, Anakin chega a afirmar que “os Jedi tentaram derrubar a República” e, quando já transformado em Darth Vader, proclama: “Eu trouxe paz, liberdade, justiça e segurança para o meu novo Império.”. Ao ser contestado, ainda afirma: “Se você não está comigo, então você é meu inimigo.” (Star Wars, 2005).

Enquanto isso, a defesa da Democracia aparece de forma mais explícita em falas de Obi-Wan e, principalmente, da Senadora Padmé. No entanto, essa defesa aparece sem grandes argumentações, como se a Democracia fosse um bem absoluto, óbvio e incontestável. Quando Anakin fala da paz que trouxe para “seu novo Império”, Obi-Wan proclama: “Anakin, minha lealdade é para com a República, com a Democracia!”. Já Padmé, ao ouvir a declaração de Palpatine no Senado sobre a criação do Império, afirma: “Então é assim que a liberdade morre. Com um estrondoso aplauso.”. (Star Wars, 2005).

Entretanto, no Episódio III, temos alguns momentos em que essa dualidade simplista entre a Democracia “do Bem” e o Império “do Mal” pode, e deve, ser complexificada. Quando o Conselho Jedi pede a Anakin que este “espione” os atos do Chanceler, Anakin deixa claro que isso é contra o Código Jedi, que isto significa “trair um amigo, um tutor e a República”, o que não é contra-argumentado por Obi-Wan, dando, assim, a entender que o Conselho tomou esta decisão sabendo ela ser contra o Código e os princípios democráticos. Pior ainda, Obi-Wan defende este posicionamento do Conselho com o argumento “Nós estamos em Guerra”, o qual, aliás, parece ser justificativa para muitas ações de ambos os lados. (Star Wars, 2005).

Há, ainda, o posicionamento do Mestre Jedi Mace Windu, que, em certo momento, afirma que o Chanceler deveria abdicar de seus poderes ampliados por moções de guerra quando a guerra acabasse, e que, nesse momento, o Conselho Jedi deveria “assumir o Senado para garantir uma transição pacífica”, dando base, assim, para a argumentação do Chanceler sobre uma “tomada do poder” pelos Jedi. Em outro momento, ao confrontar e desarmar Lord Sidious, Windu pretende matá-lo por considerá-lo perigoso demais, mas Anakin o impede, argumentando que isso era totalmente contra o Código Jedi, que o Chanceler merecia julgamento justo e que não é o Modo Jedi matar alguém desarmado dessa forma. Mace Windu, mesmo assim, tenta cometer o assassinato. (Star Wars, 2005).

Compreendemos que não cabe, aqui, uma análise sobre a intencionalidade do diretor ou da produção, se era intenção fazer uma defesa aberta à democracia liberal estadunidense contra regimes ditatoriais. O que percebemos é que, apesar de uma análise superficial de toda a trama apresentar o combate eterno entre o Bem e o Mal, há espaço na série de filmes para uma análise mais profunda da representação de sociedade que é apresentada. Enquanto admitimos que o Império é mostrado como o Mal Supremo, a República não é de forma alguma apresentada como o Bem Supremo. Há brechas nessa República e nessa democracia para a corrupção. O Chanceler Palpatine não poderia ter “corrompido” tantas pessoas ao seu redor se estas não apresentassem certa predisposição para tal. O próprio Conselho Jedi é apresentado com falhas, o Conde Dooku, aprendiz de Darth Sidious, fora um Jedi, e o próprio jovem Jedi Anakin Skywalker tem em seu comportamento elementos diversos que vão contra o “Modo Jedi” de ser.

Além disso, há muitos outros aspectos da República que poderiam ser problematizados, como os submundos de Coruscant, a capital da República, apenas apontado nos filmes, ou a existência de vários sistemas da Orla Exterior da Galáxia que eram, de certa forma, excluídos da vida política da República. Muitos deles eram governados por lordes do crime, como o conhecido Jabba the Hutt, que comandava Tatooine, planeta natal de Anakin Skywalker, onde, inclusive, ainda existia escravidão, abominada nos sistemas centrais da República. Dessa forma, em uma análise mais aprofundada, é possível compreender o recrudescimento do “Mal” como atrelado às falhas da própria República.

Relato de uma experiência “fracassada”
Esta proposta de ensino foi colocada em prática com a turma do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nelda Julieta Schneck, de Ivoti – RS, no ano de 2018. No entanto, acabamos sentindoque a atividade foi um “fracasso”, no sentido de que não pareceu ter alcançado seu principal objetivo: auxiliar os estudantes na compreensão de como se constroem os discursos fascistas. Destaca-se, primeiramente, que a escolha do filme pode ter sido um tanto equivocada, por se partir do princípio de que os alunos em sua maioria estariam familiarizados com o universo da saga Star Wars, o que não se verificou. Um levantamento prévio com os alunos poderia ter indicado outras possibilidades.
Além disso, observou-se, no decorrer da atividade, dificuldades sumárias com os conceitos de Democracia, República, Império, Ditadura. Dessa forma, foram trabalhados textos introdutórios sobre os conceitos retirados de sítios eletrônicos como Brasil Escola, Toda Política, Pragmatismo Político e Politize. Observou-ne, na atividade final de debate entre os grupos “pró-República” e “pró-Império”, que a discussão e os argumentos utilizados foram todos baseados exclusivamente nos textos e nos conteúdos formais das aulas, não sendo feita nenhuma menção ao filme. Dessa forma, a sensação que ficou foi a de que o filme em si foi uma grande “perda de tempo”.

Compreendemos, assim, que, para além das especificades próprias dos alunos com os quais essa atividade foi realizada, é interessante reconsiderar diversos pontos dessa abordagem e refletir sobre outros direcionamentos possíveis. Talvez um maior aprofundamento anterior nos conceitos poderia ter sido mais produtivo, capacitando melhor os alunos para analisar o filme. Em nossa prática docente geral, observamos boa aceitação e impacto positivo na análise e discussão de vídeos curtos e trechos de filmes; dessa forma, talvez neste caso também teria sido mais interessante selecionar trechos específicos, desse e de outros filmes da saga, ou mesmo de outros filmes no geral.

Salientamos, no entanto, que, embora tenhamos sentido, à época, que a atividade tenha sido “um fracasso”, compreendemos hoje que muitas vezes os resultados de nossa prática docente não se manifestam de imediato. Além disso, mesmo que os alunos não tenham demonstrado apropriação do filme em suas argumentações naquele debate, pensamos que isso não pode ser interpretado exclusivamente como fracasso total da atividade. Por um lado, é possível que, por ser uma atividade diferente ou mesmo pela falta de aprofundamento teórico, os alunos tenham se sentido pouco confortáveis a tecer análises sobre o filme; por outro, percebemos na linguagem cinematográfica justamente o potencial de impactar seu público em termos de emoções e sensações, sendo, assim, possível que a experiência estética, atrelada às discussões realizadas, tenha marcado os alunos de alguma forma que só venha a fazer sentido em reflexões posteriores.

Para futuras abordagens, ressaltamos, por fim, a importância e o cuidado que se deve tomar, principalmente em um contexto sociopolítico como o que vivemos atualmente, no sentido de que contribuir para melhor compreensão acerca da complexidade dos fenômenos históricos não acabe por contribuir para uma tomada de posição que vá de encontro aos princípios universais dos direitos humanos. Buscamos, com este trabalho, auxiliar os alunos a construir ferramentas cognitivas de compreensão e análise da realidade social que os auxiliem justamente a não serem vítimas de discursos simplistas que colocam regimes autoritários como única solução para os problemas da democracia. Sugere-se, portanto, que na sequência deste trabalho, principalmente ao dar prosseguimento aos conteúdos formais do percurso curricular de História, dê-se especial atenção às consequências e violências perpetradas por regimes fascistas.

Referências
Giovan Sehn Ferraz é Mestre em História pela UFSM e professor de História da Rede Municipal de Ensino de Sapucaia do Sul.

ABUD, Katia M. A construção de uma Didática da História: algumas ideias sobre a utilização de filmes no ensino. História, São Paulo, n. 22 (1), 2003, p. 183-193.

BITTENCOURT, Circe M. F. Documentos não escritos na sala de aula. In: BITTENCOURT, Circe M. F. Ensino de história: fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 351-400.

CHRISTOFOLETTI, Rogério. Filmes na sala de aula: recurso didático, abordagem pedagógica ou recreação? Educação, Santa Maria, v. 34, n. 3, set-dez 2009, p. 603-616.

FERRO, Marc. Cinema e história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.

MEIRELLES, William R. O cinema na história: O uso do filme como recurso didático no ensino de história. História & Ensino, Londrina, v. 10, out. 2004, p. 77-88.

MORIN, Edgar. O cinema ou o homem imaginário. Lisboa: Relógio d’Água, 1997.

STAR WARS: Episódio III: A Vingança dos Sith. Produção: Rick McCallum. Roteiro e direção: George Lucas. Manaus: Microservice Tecnologia Digital Amazonia Ltda, 2005.

18 comentários:

  1. Olá Giovan,
    Seu trabalho é bastante interessante, mas há uma questão: como inserir Star Wars no currículo escolar? Num período tão rico em áudio-visual como o século XX, como justificar o uso desse filme nesse tema?

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    1. Olá colega, fico feliz que tenhas gostado. Como coloquei no texto, a minha própria experiência foi meio que "fracassada". Não recomendo utilizar o filme inteiro da forma como o fiz. Acredito, inclusive, que há filmes mais atuais e mais próximos da realidade e do gosto dos estudantes que possam ser utilizados para este tema. Uma colega aqui já mencionou Jogos Vorazes, por exemplo. De qualquer forma, as ressalvas continuam: testar a familiaridade prévia dos alunos com a saga, analisar se não é mais interessante escolher apenas trechos, ou se possível até pedir que os alunos olhem o filme em casa e na aula apenas discutir com auxílio de imagens, ou ainda um "seminário de cinema", no qual indicamos aos alunos alguns filmes e eles se dividem em grupos para vê-los, analisá-los e apresentá-los aos colegas em aula. Essas outras formas poderiam também ser utilizadas com o próprio Star Wars, havendo interesse por parte do aluno. Por fim, a principal justificativa é contribuir para desenvolver nos estudantes um olhar crítico às mídias que eles próprios consomem diariamente e que muitas vezes não parecem trabalhar diretamente temas relacionados a nossos conteúdos de aula (mas que trabalham sim!).

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  2. Olá, Prof. Giovan, achei o texto excelente, confesso que eu não tinha notado alguns detalhes apontados por você na obra, da próxima vez assistirei esse episódio da franquia com outra perspectiva. O universo criado por George Lucas é realmente fascinante, mesmo nos episódios menos aclamados, e é interessante notar a quantidade de debates que podem surgir ao analisar as películas. Acredito que o “fracasso” da sua proposta de ensino se deva mesmo, em grande medida, a pouca familiaridade dos discentes com a saga.
    Partindo das suas considerações sobre o filme, você acredita que a trama desse episódio pode ser relacionada a outros contextos históricos (o atual momento que passamos, por exemplo)?

    Dalgomir Fragoso Siqueira

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    1. Olá Dalgomir, com certeza! Até apontei no texto a possibilidade de trabalhar dentro do tema da Guerra Fria, contexto inclusive da produção dos primeiros filmes (1979, 1981 e 1983), como parte de um discurso ideológico de defesa da liberdade e aquela coisa toda. Agora, a relação com o presente é sempre crucial, trabalhar o próprio tema dos fascismos nos anos 1920 e 1930 é extremamente atual. Com ou sem filme, relacionar com nosso presente, com a ascensão da extrema direita, com o recrudescimento do neonazismo e neofascismos, é extramente importante. Quanto ao filme, as próprias falas analisadas no episódio III ajudam a compreender como o discurso do "Império" é convincente: "menos burocracia = mais ação", "acabar de vez com essa guerra", "ordem e paz", afastar o perigo do "complô jedi". Totalmente atual.

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  3. olá
    primeiramente parabéns pela construção da narrativa, no decorrer do texto acabei me recordando da minha própria prática docente em que tentei utilizar recursos midiáticos no ensino para jovens e adultos, e a principio pensei que tinha sido um fracasso, logo depois percebi que muitas vezes as implicações que deixamos aparecem a longo prazo. com relação a escolha do filme, você acredita que a trilogia de jogos vorazes poderia contribuir melhor para assimilação dos conceitos referentes aos regimes totalitários em sala de aula?

    Mirian da Silva Costa
    Universidade Estadual do Maranhão

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    1. Olá Mirian, fico feliz que tenhas gostado. Não assisti a Jogos Vorazes com esse olhar clínico, até se não me engano nem havia começado a trabalhar ainda quando assisti. Agora que você mencionou, tentando lembrar, acredito que sim, parece-me que há vários elementos que podem ser relacionados sim. Mas faço as mesmas ressalvas: testar a familiaridade prévia dos alunos com a saga, analisar se não é mais interessante escolher apenas trechos, ou se possível até pedir que os alunos olhem o filme em casa e na aula apenas discutir com auxílio de imagens, ou ainda um "seminário de cinema", no qual indicamos aos alunos alguns filmes e eles se dividem em grupos para vê-los, analisá-los e apresentá-los aos colegas em aula.

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  4. Géssica Cristiane Ferreira Pinto20 de maio de 2020 às 21:09

    Boa Noite!Adorei seu trabalho Giovan, essa temática realmente é muito boa, lamentável que a proposta tenha sido um "fracasso" como você citou. Apresentar um filme mesmo que seja de Star Wars grande bilheteira, sucesso e tudo mais.Gostaria de saber se seria mais prático fazer essa experiência com os alunos do ensino médio, dando ênfase no terceirão já que estão mais familiarizados com os conceitos de geopolítica?

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    1. Olá Géssica! Fico feliz que tenhas gostado do trabalho. Realmente, indaguei-me se essa proposta não seria mais pertinente com alunos do ensino médio, e até havia colocado isso no texto mas tive de tirar devido ao limite de palavras. Penso que sim, realmente, até pelo amadurecimento intelectual e pela maior compreensão de mundo e de política mesmo. Mas faço as mesmas ressalvas: testar a familiaridade prévia dos alunos com a saga, analisar se não é mais interessante escolher apenas trechos, ou se possível até pedir que os alunos olhem o filme em casa e na aula apenas discutir com auxílio de imagens, ou ainda um "seminário de cinema", no qual indicamos aos alunos alguns filmes e eles se dividem em grupos para vê-los, analisá-los e apresentá-los aos colegas em aula.

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  5. Olá, Giovan.

    Obrigado pela disponibilidade do texto. Sou um grande apreciador da série em filme "Star Wars". Muito interessante e muito bem colocado o uso da mídia para se entender a natureza de regimes políticos fascistas. Lamento se, na suas conclusões, você observou certa ineficácia na utilização. A minha pergunta é a seguinte: não seria mais viável a utilização do filme como possível representação da organização estatal em outros regimes, não apenas na modernidade-contemporaneidade, haja vista, na minha percepção, ser clarividente a organização de um Estado?

    At.te

    José Carlos da Silva Ferreira

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    1. Olá José, fico feliz que tenhas gostado do texto. Respondendo a sua pergunta: não ideia, colega! Nunca havia pensado por esse viés. Já pensei em relacioná-lo ao tema da Guerra Fria, que é inclusive o contexto de criação da primeira trilogia, ou mesmo a conflitos democracia x ditadura em países diversos (incluindo o nosso) e até mesmo a atualidade. Mas fora da modernidade-contemporaneidade... Agora que você falou que pensei na República Romana. Você chegou a pensar em algum tema específico?

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    2. Olá Giovan, pensar 'Star Wars' como a representação cinematográfica da natureza do Estado seria uma boa ideia. De comerciantes marginalizados (Camelôs) em 'Tatooine', bem como os burocratas que servem ao 'Imperador Palpatine' estão entre os possíveis exemplos de releitura à luz de uma História Comparada, talvez. O fato é que, ao meu ver, ir analisando, junto com os alunos, as estruturas políticas presentes na série seria uma boa. Sem esquecer, obviamente, das devidas ressalvas e dos limites entre a ficção e o real.

      Abraços

      José Carlos da Silva Ferreira

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  6. olá, Giovan. Primeiro gostaria de parabenizá-lo pelo incrível trabalho, uma temática maravilhosa e como uma grande fã de Star Wars, lamento por ter sido um "fracasso" sua proposta, embora ser composta por assuntos enriquecedores e questões totalmente atuais abordadas. Da mesma forma que admiro as obras de George Lucas, também sou uma grande admiradora de J.R.R. Tolkien, principalmente por ter vivenciado diversas coisas na sua vida entre delas a participação ativa na primeira guerra mundial e trouxe suas experiencias em forma de fantasia para as suas obras: O Hobbit, O Senhor dos anéis e O Silmarillion, que no entanto podem até serem usadas como fontes históricas devido as grandes informações e criticas sociais contidas atrás da fantasia envolvida. E a pergunta é, seria possível trazer a trilogia de Tolkien para a sala de aula de uma forma mais interativa e que estimule no aluno a vontade de investigar mais essa obra e tantas outras como Star Wars?

    Vanessa Furtado Moye

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    1. Olá, Vanessa. Fico feliz que tenhas gostado do trabalho. Confesso que nunca pensei em usar Tolkien dessa forma, até por ignorância de todos esses dados que citaste. O máximo que cogitei foi utilizar trechos curtos do filme em Idade Média mesmo. Agora, tanto com Star Wars quanto com Senhor dos Anéis, que são sagas já "antigas" e distantes das novas gerações de estudantes do fundamental e do médio, eu recomendaria utilizar trechos mais curtos para análise em sala de aula, ou se possível até pedir que os alunos olhem o filme em casa e na aula apenas discutir com auxílio de imagens, ou ainda um "seminário de cinema", no qual indicamos aos alunos alguns filmes e eles se dividem em grupos para vê-los, analisá-los e apresentá-los aos colegas em aula.

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  7. Boa noite. Primeramente gostaria de resaltar que essa proposta de trabalho não foi uma tentativa fracassada, de fato uma analise como que a que você fez, demora a ser manisfestar em alunos do nono ano, acredito que tais percepções a respeito do filme a assim como tantos outros do genero, venha a ser manisfestada ao decorrer do tempo, pois esses precisam de uma abordagem e exercicios de reflexão mais profundo, caso a bagagem de estudos a respeitos de conteudos como Democracia, República e Imperio, não tenham sido abordadas com eficacia nas séries anteriores ao nano ano, podemos dizer que isso seja uma deficiencia que causou a falta de interpretação aos conteúdos que o filme abordou, dificultando seu trabalho na 9°ano. A pergunta é a seguinte: que tipo analise da turma que o professor deve fazer, ao querer usar um filme como conteúdo para trabalhar com a turma, para que assim problemas como esse retrado no texto, possa ser evitado?

    Att. Adolfo Mateus Souza de Carvalho

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    1. Olá Adolfo, concordo contigo. Como apontei no texto, por mais que à época tenha sentido a experiência como "fracassada", hoje já compreendo melhor esses "meandros" do ensino e que muitas vezes os resultados de nossa prática só se manifestam com o tempo. Quanto a sua pergunta, penso que se deve justamente fazer uma melhor preparação teórica e metodológica antes da análise do filme, e, mais que isso, deve vir de uma trajetória de práticas nesse sentido. Penso que um nono ano que vem desde o sexto analisando vídeos e trechos mais curtos possa chegar ao nono muito mais capaz de analisar um filme inteiro como o da proposta.

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  10. Gilvan, parabéns pela proposta! Qualquer um que se proponha a uma reflexão histórica a partir de um filme como Star Wars é, no mínimo, um NERD - portanto, somos dois!

    Nesse sentido, gostaria de uma opinião: considerando os elementos históricos reinterpretados no Episódio III, e da saga Star Wars como um todo, como você considera a possibilidades de discussão, junto dos alunos, de conceitos como República e Império dentro de uma visão ROMANA da coisa, considerando que Império e República são conceitos fundamentalmente romanos?

    Cássio Pereira Oliveira

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