Fabian Filatow


HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA: CONSTRUINDO UM DIÁLOGO HISTORIOGRÁFICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA



As histórias em quadrinhos (HQ's) podem ser identificadas como uma mídia global e que estão na ordem do dia a um longo tempo. Não é de hoje que nos deparamos com refleções sobre os múltiplos usos dos quadrinhos no ambiente escolar. Esta mídia apresenta algumas peculiaridades, ou seja, agregam diferentes aspectos da comunicação, tanto visual quanto verbal. Para Will Eisner:

“A configuração geral da revista de quadrinhos apresenta uma sobreposição de palavra e imagem e, assim, é preciso que o leitor exerça as suas habilidades interpretativas visuais e verbais. As regências da arte (por exemplo, perspectiva, simetria, pincelada) e as regências da literatura (por exemplo, gramática, enredo, sintaxe) superpõem-se mutuamente. A leitura da revista em quadrinhos é um ato de percepão estética e de esforço intelectual”. (EISNER, 2001, p. 8).

Além disso, sua compreensão exige dos seus leitores(as) habilidades e competências, como por exemplo, decifrar imagens, compreender “sons”, perceber os diferentes tempos e espaços que podem estar presentes numa única história, entre outras. Como argumentou Verguerio: “a alfabetização na linguagem específica dos quadrinhos é indispensável para que o aluno decodifique as múltiplas mensagens neles presentes e, também, para que o professor obtenha melhores resultados em sua utilização”. (VERGUEIRO, 2016, p. 31). Neste sentido, concordamos com a necessidade de uma alfabetização no que diz respeito aos quadrinhos, pois:

“(...) nota-se que as histórias em quadrinhos constituem um sistema narrativo composto por dois códigos que atuam em constante interação: o visual e o verbal. Cada um desses ocupa, dentro dos quadrinhos, um papel especial, reforçando um ao outro e garantindo que a mensagem seja entendida em plenitude. Alguns elementos da mensagem são passados exclusivamente pelo texto, outros têm na linguagem pictórica a sua fonte de transmissão. A grande maioria das mensagens dos quadrinhos, no entanto, é percebida pelos leitores por intermédio da interação entre os dois códigos. Assim, a análise separada de cada um deles obedece a uma necessidade puramente didática, pois, dentro do ambiente das HQ's, eles não podem ser pensados separadamente”. (VERGUEIRO, 2016, p. 31).

Toda história em quadrinhos produzida está situada num contexto, numa época, teve uma proposta ao ser criada, utilizou-se de determinados recursos, conceitos, ideias, ideologias etc. Não podemos nos esquecer que quadrinhos também são produtos fabricados pela sociedade, assim como todo e qualquer documento ou fonte histórica utilizada em sala de aula e oferecem uma significativa possibilidade para uma abordagem interdisciplinar.

Segundo Fazenda, “o que caracteriza a atitude interdisciplinar é a ousadia da busca, da pesquisa: é a transformação da insegurança num exercício do pensar, num construir.” (FAZENDA, 1991, p. 18). Nesse sentido, podemos afirmar que as histórias em quadrinhos estão inseridas num contexto interdisciplinar, diferentes conhecimentos são colocados em prática para dar sentido e compreensão a uma narrativa. Muitas revistas em quadrinhos têm uma produção de massa, como o caso dos mangás, para darmos um exemplo. Outra constatação é que as histórias em quadrinhos encontram-se, na maioria das vezes, ao alcance de muitos estudantes, estão presentes nas escolas, sendo que em algumas elas resistem nas sombras, em outras já despontam com o status de recursos pedagógicos, como no ensino de História onde

“(…) ensinar História é estabelecer relações interativas que possibilitem ao educando elaborar representações sobre os saberes, objetos de ensino e da aprendizagem. O ensino se articula em torno  dos alunos e dos conhecimentos, e as aprendizagens dependem desse conjunto de interações. Assim, como nós sabemos, ensino e aprendizagem fazem parte de um processo de construção compartilhada de diversos significados, orientado para a progressiva autonomia do aluno.” (GUIMARÃES, 2012, p. 166-167)

Assim, nosso objetivo é refletir sobre as possibilidades oriundas da inserção das HQ's nas aulas de história de maneira regular e efetiva. Fazendo uso desta mídia para promover reflexões críticas sobre temas pertinentes ao Ensino da História na Educação Básica.

Neste sentido, vamos expor possíveis usos pedagógicos das HQ's como ferramentas para introduzir e fomentar um diálogo sobre a produção historiográfica da área da História. Ou seja, buscar divulgar as novas abordagens e caminhos da pesquisa histórica na Educação Básica. Esta é uma maneira de aproximar dois universos que parecem estar distantes, mas que na realidade deveriam estar muito próximos pois fazem parte de um mesmo campo de conhecimento, a universidade e a escola. Como bem afirmou Cristiane Bereta da Silva:

“(…) o conhecimento histórico escolar possui objetivos próprios e muitas vezes irredutíveis aos da história acadêmica. Importante pensar também que a natureza específica do conhecimento histórico escolar se constrói por meio de relações de aproximação e distanciamentos coma história acadêmica (…). Ou seja, apesar de sua natureza complexa e específica, o conhecimento histórico escolar não abdica de aproximações, diálogos e tensões com a historiografia, com a teoria da história etc.” (SILVA, 2019, p. 52)

Atualmente tudo está a um clique, a um segundo. Muitos estudantes inserem-se numa geração cujo foco é o imediato, o “agora” é matéria-prima do nosso dia a dia. Basta juntar algumas palavras em um sítio de busca virtual e pronto: lá está. Mas o problema é justamente saber interpretar e compreender estas informações. Nos tornamos a geração do imediatismo, trocando a arte da observação, da análise, da pesquisa, pelo objetivismo técnológico. Enfim, não adianta instrumentalizar nossos estudante (e talvez até os professores/as) para utilizarem as ferramentas digitais sem dar um suporte para que possam compreender os novos avanços do conhecimento. Isto também é válido para a área da História. Ou seja, é urgente inserir e divulgar ao grande público as recentes discussões e possibilidades construídas no mundo acadêmico. Neste sentido, o uso das HQ's oferecem uma possibilidade de diálogo entre as abordagens acadêmicas e o universo escolar, pensando-as como material concreto, que exemplificam estes novos caminhos da pesquisa histórica.

A ampla disseminação do conhecimento acadêmico coloca-se em descompasso ao ensino dito tradicional, onde o educador é o único dono do saber e o estudante percebido como um receptor. Para contribuir com a alteração desta perspectiva as HQ's se ofecerem como um recurso provocador, pois exigem do leitor(a) uma atitude ativa e permite aos professores(as) serem formuladores de questionamentos múltiplos, inserido diferentes temas e assuntos pertinentes a disciplina e suas atividades pedagógicas em sala de aula. O grande desafio da educação é contribuir para a formação de indivíduos autônomos do ponto de vista da capacidade de buscar conhecimento e, principalmente, de saber utilizá-los. No passado, o importante era dominar o conhecido, hoje, o foco está em “dominar o desconhecido”, isto é, o sujeito contemporâneo visa a adquirir capacidade para se reconhecer diante de situações que lhe são impostas, sabendo encontrar as respostas através da pesquisa.

A seguir, refletiremos sobre os novos caminhos da pesquisa histórica e suas possíveis abordagens em sala de aula a partir das histórias em quadrinhos.

Historiografia e histórias em quadrinhos na sala de aula

Neste trabalho não será possível darmos conta de todas as contribuições oriundas da renovação historiográfica. Assim sendo, destacaremos algumas que encontram-se na ordem do dia. Esta proposta tem como objetivo oferecer aos estudantes da Educação Básica conhecimento sobre as novas maneiras e orientações para a realização da pesquisa, mostrando-lhes as possibilidades para a investigação histórica e instigando reflexões sobre nosso tempo presente.

Na Educação Básica a História Antiga está presente. Existem algumas HQ's que estão ambientalizadas neste contexto, seja recontando a literatura de Homero, ou as guerras travadas na antiguidade. Destacaremos três HQ's que estão ambientalizadas no antigo mundo grego. Na obra Os 300 de Esparta, de Frank Miller e Lynn Varley, lançado originalmente em 5 volumes (publicada em 1998 pela Dark Horse Comic, no Brasil foi publicada pela Editora Abril). A obra conta a Batalha das Termópilas, ocorrida no ano de 480 a.C., quando 300 guerreiros espartanos, sob comando do Rei Leónidas, lutaram para conter o avanço do exércio Persa, de Xerxes, em territóro grego. Esta obra foi novamente publicada, posteriormente, numa edição em volume único. Esta HQ nos remete a pensar na importância da História Pública. Esta vertente historiográfica que está na ordem do dia das discussões acadêmicas e que pode ser discutida também na sala de aula. Temos o acontecimento histórico, com inúmeras obras sobre o assunto Grécia Antiga e Esparta. Surgiram as histórias em quadrinhos que abordaram um evento da Grécia Antiga, um conflito. E, posteriormente, foi transformado em filme e exibido no cinema. A divulgação deste acontecimento ocorrido na antiguidade para um grande público teve a participação das mídias HQ e cinema. Qual a resposnabilidade destas produções com o conhecimento histórico? Quem escreveu o roteiro? Quais foram as fontes de pesquisa utilizadas para dar contexto e os cenários presentes na obra? Enfim, propor uma reflexão sobre a responsabilidade compartilhada.

Ainda no contexto da antiguidade podemos fomentar reflexões sobre o diálogo entre História e Literatura. Destacamos duas HQ's: Odisseia, de Homero (2012) e Ilíada de Homero: tradução em quadrinhos (2012). Podemos refletir sobre a importância da literatura como fonte para o conhecimento histórico. As construções narrativas, os mitos, as lendas. Como a Guerra de Tróia foi narrada e transmitida. Além de ser possível investigar o vestuário e as armas representadas nas HQ's.

Outro foco de pesquisa são os estudos étnicos. Neste grande grupo de pesquisa podemos encontrar questões como imigração, raça, etnicidade, refugiados, ondas migratórias históricas e contemporâneas etc. A realidade da sala de aula é complexa e dinâmica, assim sendo como podemos abordar tais temas? Novamente destaco as contribuições das HQ's. Mencionarei três obras que podem oferecer um primeiro contato com este assunto e seu uso em sala de aula. Uma coleção sobre a história dos judeus no Brasil Colonial intitulada Passos perdidos História desenhada, pode ser muito interessante para abordar o tema da imigração. Composta por quatro volumes, as obras foram produzidas pelos autores Tânia Kaufman, Amaro Braga, Danielle Jaimes, Roberta Cirne e Pedro Ponzo. Narram a trajetória dos judeus desde a Península Ibérica no século XVI, passando pelo Brasil Colonial dos séculos XVI, XVII e XX, com a segunda comunidade judaica de Pernambuco – Ashkenazim. Todos os volumes foram publicadas em 2007.

Outra HQ que possibilita exelente diálogo entre História, grupos étnicos, imigração foi produzido por Francisco Noriyuki Sato, com desenhos de Julio Shimamoto, Banzai! História da imigração japonesa no Brasil em mangá (2008). Retrata a história da imigração japonesa ao Brasil e sua inserção na sociedade, inicialmente nas fazendas de café. A história percorre fase da História do Brasil, destacando aqui os preconceitos cometidos contra estes imigrantes e seus descendentes durante o governo Vargas e a Segunda Guerra Mundial, período no qual o Japão foi inimigo dos aliados.

Por fim, indicamos uma HQ que aborda a imigração num contexto atual, os refugiados. Na obra de Kate Evans, Refugiados: a última fronteira (2018) é retratado a comunidade de refugiados na cidade portuária francesa de Calais, oriundos do Oriente Médio e da África que almejavam chegar ao Reino Unido. A autora uniu jornalismo e histórias em quadrinhos para mostrar a dificil vida dos refugiados. Sua obra nos faz refletir sobre os direitos humanos e as questões de fronteira.  A obra oportuniza debater e refletir sobre temas atuais, tendo a história em quadrinhos como referência.

Outro segmento historiográfico que vem ganhando destaque é a escrita biográfica, mais pela nova abordagem, contrapondo-se a antiga produção de heróis realizada no passado. Conhecer o sujeito histórico no seu contexto.

Dentre inúmeras obras existentes, destacamos Carolina (2016). Esta HQ retrata a vida da escritora Carolina de Jesus, contando sua vida e sua trajetória, desde sua infância em Minas Gerais e sua vida em São Paulo. Nesta HQ podemos propor um diálogo amplo, ou seja, a questão da literatura, a questão social, a questão da mulher, entre outras possibilidades.

Para dar continuidade na História das Mulheres, destacamos mais três obras que tiveram a figura feminina como objeto principal de suas narrativas biográficas. Ángel de la Calle produziu a obra Modotti: uma mulher do século XX (2005). A obra conta a história de Tina Modotti, uma imigrante italiana que foi estrela de Hollywood, militante comunista e que se destacou no mundo da fotografia. A HQ narra sua infância na Itália, sua passagem por Hollywood, sua vida contra os padrões sociais da época no México, sua vida como espiã em Berlim sob o regime nazista e sua luta na Guerra Civil Espanhola. Nesta HQ tanto biografia, quanto a questão da mulher estão em destaque.

A segunda obra que destaco é Frida Kahlo: para que preciso de pés quando tenho asas para voar?, escrita por Jean-Luc Cornette e Flore Balthazar (2016). Nesta HQ temos a trajetória de uma da mais importantes mulheres do século XX. Temos a trajetória da vida desta artista mexicana, que esteve envolvida com o muralista Diego Rivera e com Leon Trotsky. Biografia, arte, política fazem parte desta narrativa possibilitando um leque diversificado de temas a serem abordados tendo em Frida Kahlo o fio condutor através desta HQ.

Por fim, O mundo de Aisha: a revolução silenciosa das mulhes no Iêmen, de Ugo Bertotti (2016). Esta obra é uma reportagem em quadrinhos e foi inspirada nos relatos  de viagens, pelas imagens e pelas entrevistas da fotojornalista Agnes Montanari. Esta HQ retrata a vida de meninas obrigadas a se casarem muito jovens e suas lutas para terem seus direitos e sua liberdade reconhecidos. Retrata a luta pela emancipação feminina.

Ainda como uma contribuição para a vertente biográfica, destaco a obra Chibata! João Cândido e a revolta que abalou o Brasil, de Hemeterio e Olinto Gadelha (2009). Uma HQ que oferece uma abordagem da história social e política do Brasil da Primeira República. Podendo servir também para analisar a História Militar daquele período, analisando a presença dos negros e afrobrasileiros na marinha brasileira. Estudo da história da Revolta da Chibata, ocorrrida em 1910 sob liderança do Almirante Negro.

Ainda sobre História Militar podemos destacar duas obras que abordam a Guerra do Paraguai em HQ. Adeus, Chimando Brasileiro: uma história da Guerra do Paraguai, de André Toral (1999) e A retirada da Laguna em quadrinhos, de Alfredo d'Escragnolle Taunay, adaptada para quadrinhos por Eduardo Vetillo (2013). Estas obras oferecem a oportunidade de se aprofundar este que foi o maior conflito ocorrido na América do Sul no século XIX.

No rumo da História Social, política e da violência, ainda na Primeira República do Brasil, temos a HQ de Ruben Wanderley Filho, Lampião em quadrinhos (1997). Nesta obra temos a oportunidade de discutir questões sociais, a prática da violência tanto de Lampião, quanto do governo. A presença da igreja com a figura do Padre Cícero e a realidade do nordeste naquele período. Aproveitando podemos inserir uma HQ específica sobre este sacerdote: A vida de padre Cícero em quadrinhos: o conselhiero do Sertão (2003). Duas biografias que se entrecruzam, vidas que ganham sentido num mesmo contexto, personalidades da história brasileira, ambas amadas e odiadas. Para inserir um dado a mais ao debate podemos realizar também a leitura da obra O pagador de promessas, de Dias Gomes e adaptada para Graphic Novel por Eloar Guazzelli (2011). Com esta HQ podemos inserir na discussão a religião popular. Um estudo que pode ser feito em sala de aula partindo-se destes quadrinhos alimentando um debate produtivo.

A História e os movimentos sociais com características religiosas também estão em destaque. Acontecimentos como Canudos e Guerra do Contestado também estão disponibilizados em HQ's. Estas obras podem contribuir para pensarmos sobre religiosidade popular, questão da luta pela terra, identidades, a presença do messianismo e do milenarismo em revoltas populares do Brasil da Primeira República, como nos dois casos mencionados.

Para encerrar este tópico destacarei mais quatro possibilidades historiográficas que podem ser abordadas em sala de aula fazendo uso das HQ's. A primeira é a História da Ciência: podemos nos valer da obra Darwin: uma biografia em quadrinhos, de Eugene Byrne e Simon Gurr (2016). Uma obra que envolve biografia, mundo científico do século XIX, a teoria evolucionista. A segunda é a História Política que pode ser abordada através das obras As barbas do imperador: D. Pedro II, a história de um monarca em quadrinhos, de Lilia Moritz Schwarcz e Spacca (2013) e A revolução dos Bichos, de George Orwell, adaptada para quadrinhos por Odyr (2018). A terceira possibilidade historiográfica é História e escravidão. Indicamos duas obras de Marcelo D'Salete: Angola Janga: uma história de Palmares (2017), que disponibiliza no final do livro um glossário temático e mapas históricos sobre o tema da obra, e Cumbe(2018). A última contribuição historiográfica que destacamos aborda um tema antigo, os relatos de viagens. A própria História do Brasil está repleta destes relatos produzidos por viajantes que estiveram no Brasil ao longo dos séculos. É bom estar preparado para ler este tipo de literatura, ou seja, o olhar do viajante que olha o outro e o descreve, descreve muito de si mesmo também. Neste sentido, indicamos quatro HQ's que apresentmr lugares distantes no mundo: Coreia do Norte, China, Myanmar e Israel. O autor canadense Guy Delisle nos oferece um olhar sobre suas experiências nestes lugares do planeta. Diferenças culturais, religiosas, políticas e vida cotidiana estão presentes nestes relatos de viagens em quadrinhos. Estes podem oferecer uma boa oportunidade para discutirmos as diferenças, a questão do olhar, a sensibilidade, o respeito, a multiculturalidade etc.

Apontamentos finais

Enfim, encaminhando o fechamento deste trabalho gostaria de ressaltar que minha proposta não teve como objetivo efetuar uma análise pormenorizada de cada uma das histórias em quadrinhos aqui mencionadas, o que já foi realizado em outras oportunidades, mas dar visibilidade para uma bibliografia em quadrinhos que pode ser utilizada como ferramenta pedagógica no ambiente escolar da Educação Básica para discutir a produção historiográfica. Obras que possam ser utilizadas para promover debates sobre temas pertinentes ao estudo da História. Demonstrar que existem diversas maneiras de produzirmos o conhecimento histórico. O conhecimento histórico pode ser produzido a partir do estudo de um personagem ou de um grupo específico. A partir de uma abordagem militar, social, política, religiosa, migrações, ciência etc. Podemos utilizar documentos e fontes diversas como relatos de viagens, arte, produções científicas etc. Apresentar para os estudantes estas novas possibilidades historiográficas é difundir o conhecimento histórico e contribuir para a formação do cidadão e da sua autonomia.

Referências
Fabian Filatow é doutor em História (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS). Atualmente realiza Pós-Doutorado em História na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor de História na Rede Municipal de Esteio (RS) e da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio Grande do Sul.

A vida de padre Cícero em quadrinhos: o conselheiro do Sertão. Fortaleza: Feedback comunicações, 2003.
BARBOSA, Alexandre; VERGUEIRO, Waldomiro et al. (orgs.). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 4ª ed. 3ª reimp. São Paulo: Contexto, 2016.
BARBOSA, Tereza Virgínia Ribeiro; CAETANO, Andreza; CORRÊA, Paulo. Ilíada de Homero: tradução em quadrinhos. Belo Horizonte: RHJ, 2012.
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D'SALETE, Marcelo. Angola Janga: uma história de palmares. São Paulo: Veneta, 2017.
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DALCASTAGNÈ, Regina (org.) Histórias em quadrinhos diante da experiência dos outros.Vinhedo, SP: Horizontes, 2012.
DELISLE, Guy. Crônicas Birmanesas. Campinas, SP: Zarabatanas Books, 2014.  
DELISLE, Guy. Crônicas de Jerusalém. Campinas, SP: Zarabatanas Books, 2012.
DELISLE, Guy. Pyongyang: uma viagem à Coreia do Norte. Campinas, SP: Zarabatanas Books, 2007.
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HEMETERIO; GADELHA, Olinto. Chibata!: João Cândido e a revolta que abalou o Brasil. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2009.  
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KAUFMAN, Tânia Naumann; BRAGA, Amaro; Jaimes, Danielle; Cirne, Roberta. A segunda comunidade judaica de Pernambuco – Ashkenazim do século XX. Recife: Publikimagem, 2007. (Passos perdidos, história desenhada, vol. I).
KAUFMAN, Tânia Naumann; BRAGA, Amaro; Jaimes, Danielle; Cirne, Roberta. Caminhos dos judeus na Península Ibérica: século XVI. Recife: Publikimagem, 2007. (Passos perdidos, história desenhada, vol. II).
KAUFMAN, Tânia Naumann; BRAGA, Amaro; Jaimes, Danielle; Cirne, Roberta. Cotidiano colonial em Pernambuco: cristãos-novos do século XVI. Recife: Publikimagem, 2007. (Passos perdidos, história desenhada, vol. III).
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ORWELL, George. A revolução dos bichos. Adaptação e ilustrado por Odyr. São Paulo: Quadrinhos na Cia, 2018.
PINHEIRO, João; BARBOSA, Sirlene. Carolina. São Paulo: Veneta, 2016.
RAMOS, Paulo. VERGUEIRO. A leitura dos quadrinhos. 2ª ed. 2ª reimp. São Paulo: Contexto, 2018.
SATO, Francisco Noriyuki. Banzai!: história da imigração japonesa no Brasil em mangá. São Paulo: NSP-Hakkosha, 2008.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; SPACCA. As barbas do imperador: D. Pedro II, a história de um monarca em quadrinhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
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TAUNAY, Alfredo d' Escragnolle. A retirada da Laguna: em quadrinhos. São Paulo: Cortez Editora, 2013.
TORAL, André. Adeus, Chimando Brasileiro: uma história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
VERGUEIRO, Waldomiro; RAMOS, Paulo (orgs.). Quadrinhos na educação: da rejeição à prática. São Paulo: Contexto, 2015.
VERGUEIRO, Waldomiro. A linguagem dos quadrinhos uma “alfabetização” necessária. In: BARBOSA, Alexandre; RAMOS, Paulo et al. (orgs). Como usar as histórias em quadrinhos na sala de aula. 4ª ed. 3ª reimp. São Paulo: Contexto, 2016.
WANDERLEY FILHO, Ruben. Lampião em quadrinhos. Maceió, AL, Pancron Indústria Gráfica, 1997.

20 comentários:

  1. As revistas em quadrinhos possibilitam aos educadores formularem aulas mais divertidas e atraentes para os alunos. Por envolverem duas formas d linguagem, verbal e não verbal, os HQs podem ser utilizados como material pedagógico em diferentes áreas do conhecimento, em especial no ensino de história, há várias revistas em quadrinhos voltadas para fins educativos tratando de temáticas históricas. Como observa Vilela (2004, p.109-110), ´´O uso dos quadrinhos pode ser feito de diferentes maneiras: para ilustrar ou fornecer uma ideia de aspectos da vida social de comunidades do passado; como registros da época em que foram produzidos e como ponto de partida de discussões de conceitos da História``. Podemos considerar que as histórias em quadrinhos são importantes fontes para elaborar problematizações textuais e imagéticas, levando em consideração que muitos quadrinhos trazem em seu conteúdo interpretações do passado que podem ser usadas para iniciar diálogos ou problematizar um conteúdo.


    Miriára Santos Farias

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    1. Olá Miriára Santos Farias.

      Excelente questionamento. Sou da opinião que Histórias em Quadrinhos são fontes históricas de um determinado tempo, pois foram e são produzidas num contexto, numa época, com determinados recursos, conceitos, visões, imaginários etc. Assim, podem possibilitar reflexões sobre estes tempos nos quais foram produzidas (caso dos super heróis e sua relação com a Segunda Guerra Mundial, por exemplo). Podem sim ser um excelente recurso para problematizações textuais (que palavras estão sendo usadas, qual a carga ideológica delas etc.) e imagéticas (como o negro é representado em HQ's dos anos 1930 no Brasil, por exemplo ou no Tintin na África, a figura feminina nas HQ's quem eram e como são representadas as heroínas etc.) Certamente explorar a linguagem visual, da imagem é fundamental para compreender a HQ, para o objetivo desejado em aula. Numa HQ deve-se "ler texto e imagens" com uma única narração. Nestas narrativas podemos questionar como o passado é apresentado, revisita, recriado. Quem detém o destaque na cena, o poder, o trabalho manual etc. Tudo dependerá do objetivo e proposta da aula, do estudo a ser realizado. Abraço.

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  2. Olá, Fabian!
    Muito bom o seu texto.
    Sei que a sua proposta foi elencar as possibilidades de como os temas históricos podem ser explorados através das HQs. Comprei algumas, mas nunca tive coragem de usá-las em minhas aulas, já que encontrava dificuldade em contextualizar esse tipo de produção em sala de aula, quer dizer, não se limitar a uma mera ilustração. Em sua experiência docente e de pesquisa, como tem feito ou identificado a melhor forma de contextualização esse tipo de fonte? E na prática com os educandos, como é feita a abordagem? Em outras palavras, como é a dinâmica com os alunos: todos leem a HQ? Seleciona-se uma ou duas páginas para representar o contexto? É realizada alguma leitura dinâmica?
    >Paulo Roberto Martins da Silva.

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    1. Saudações Paulo Roberto Martins da Silva.

      Realmente usar HQ's em sala de aula, ao contrário do que muitos pensam, não tem nada de fácil ou simples. É necessário muito planejamento e um objetivo claro para que a proposta possa ser efetuada. Vou responder seus questionamentos por partes e mesclando com algumas experiências de sala de aula. Sobre o contextualizar as obras: Isso é importante, fazemos o mesmo com um texto de um autor que queremos utilizar em aula, ou com uma fonte/documento sempre contextualizamos - quem fez, onde foi feita, ano, qual era a finalidade etc. Este contexto básico vale também para a HQ (se é atual, antiga, nacional, internacional, qual a área do autor, quadrinista, desenhista etc). Evidenciar que uma HQ exige muitas pessoas para ser produzida. Demonstra que a HQ teve uma orientação, uma ideologia, uma proposta, focou num determinado público etc. A época na qual foi produzida também é legal de ser mencionada (exemplo para Capitão América, Batman, Tintim etc.). Se estavam num contexto de guerra, de imperialismo, se era o século XIX, XX ou XXI. Pois estes dados ajudam a refletir sobre o texto e imagens presentes nos quadrinhos. Busco construir um breve histórico da HQ que vou utilizar e passo para os estudantes (uma página ou explicar no quadro mesmo já vale) com informações sobre a história daquela HQ. Já sobre a abordagem, bem isso é bem pessoal. Vai depender muito da turma, da série, da escola, do acesso aos quadrinho, da aquisição da leitura etc. Então vou exemplificar duas abordagens que já realizei algumas vezes. A primeira foi distribuir para cada estudante (turmas do 6 Ano dos Anos Finais da Educação Básica) uma HQ (eles poderiam escolher). Tinha sobre Egito, África Antiga, Mitos Gregos, Índia, China antiga, Povos originários da América (Astecas e Maias), Mitos e Lengas africanas, Buda em Mangá, Dalai-Lama, tinha volumes da série Pateta faz História - Muralha da China etc. Os exemplares eram meus e a cada aula levava para serem lidos em sala de aula - um projeto, duração de dois meses (cada semana um período era dedicado para a leitura e anotações sobre o que leram - quais informações obtiveram). Resumindo, no final cada um apresentou o que aprendeu sobre o período histórico ou personagem histórico da HQ que leu (uns fizeram cartazes, outros apresentaram oralmente, outros recriaram uma HQ independente etc.). Enfim, foi um projeto para introduzir diferentes civilizações e povos que seriam e foram estudados ao longo daquele ano escolar. E ao longo do ano, para cada civilização estudada se fazia referência a uma HQ e isso gerou uma boa discussão. Outro exemplo: escolhi uma única HQ para trabalhar a questão do outro (1º Ano do Ensino Médio - Noturno). Selecionei algumas páginas e fiz uma leitura coletiva com o data show em sala de aula. Neste o objetivo também era instrumentalizar a turma para os detalhes de uma HQ - balões de fala, diferente tempos numa única página, expressões, onomatopeias, símbolos de épocas passadas e atuais presentes, marcações de tempo e espaço, preconceitos etc. Caro Paulo, fácil não é, pode até dar mais trabalho, mas o resultado mostra que vale a pena. Aprendi muito com meus estudantes, eles começaram a sugerir HQ's aí a coisa fica mais interessante pois incluímos seus interesses nas aulas e podemos explorar estes materiais. Espero ter ajudado. Abraço.

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    2. Muito agradecido pela resposta, Fabian!
      Algumas ideias surgiram enquanto lia sua resposta. Nunca pensei sobre fazer essa contextualização escrita, o que já otimizará o tempo em sala de aula. Agora, preciso criar coragem e topar o desafio de ampliar as estratégias em minhas aulas.
      Um abraço fraterno!

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    3. Caro Paulo!
      Desejo-lhe sucesso!
      Abraço.

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  3. Alou Fabian. parabéns pelo texto. O uso de HQs como fonte histórica ou como instrumento de avaliação pelos alunos ( na medida que os mesmos possam "produzir" também sua compreensão do tema pelo meio quadrinistico), como você sugere seu uso em sala de aula? Como efeito de contribuição, sugiro também a indicação do livro O incrível universo das histórias em quadrinhos : leituras e diversidade. 1. ed. Londrina: Eduel, 2017. v. 140. 140p , produzido por equipe de pesquisadores do Laboratório dos Estudos dos Domínios da Imagem (LEDI) do departamento de História _UEL. Grata. Ana Heloisa Molina. UEL

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  4. Ola Ana Heloisa Molina. Tudo bem?

    Obrigado pela dica do livro vou buscá-lo com certeza!!!! Sempre é bom obter novas referências.
    Sobre os usos das HQ's em sala de aula existem inúmeras maneiras, tudo vai depender da proposta e dos objetivos de quem planejar a aula. Posso comentar, como sugestão, experiências vivenciadas na minha prática, mas aviso que não existe - você já deve saber, claro - receita pronta para uma aula de sucesso com HQ's ou qualquer outro recurso/material. Enfim, meu objetivo sempre é buscar que o/a estudante construa seu conhecimento com a HQ, claro que também fará uso de outros recursos e fontes/documentos, mas a HQ também é percebida nas minhas abordagens como uma forma de se construir o conhecimento no ambiente escolar. A sua leitura estimula o questionamento, a necessidade da se averiguar a informação, analisar a imagem ou as imagens, perceber preconceitos ou ironias etc. A leitura de uma HQ não é nada fácil, exige a decodificação de diferentes códigos de linguagem, compreensão de diferentes tempos e espaços. Isso é uma boa provocação, um desafio, um exercício. Como avaliação fiz algumas experiências que resultaram positivas tais como apresentação da obra (HQ) lida, dando o contexto na qual se desenvolve a trama, descrição dos personagens (características na HQ) e como são na realidade, buscando levá-los a identificar como certos povos e etnias são identificados - estereótipos. Quem são os heróis, quais os gêneros em destaque, que papeis desempenham na HQ etc. Também busco que descrevam o cenário arquitetura, natureza, aspectos físicos e humanos etc., e como estas regiões ou locais estão atualmente. Espero que tenha sido útil para você. Abraço.

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    1. Alou Fabian.. Muito bom ler suas considerações e experiencias em sala de aula. Como esse livro que citei é distribuido gratuitamente, se você me enviar seu endereço por email ( ahmolina@uel.br) posso te encaminhar. O LEDI tem uma revista a Dominio da Imagem que também é muito interessante e é virtual. Veja lá e envie tb seu artigo. Um abraço. Ana Heloisa Molina

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    2. Olá Ana.

      Obrigado pela dica da revista. Então vou enviar um e-mai para você para o envio do livro. Abraço.

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  5. Saudações Fabian, primeiramente gostaria de agradecer muito o teu texto, desconheço grande parte dessas produções de Hq's, então foi um grande aprendizado. Gostaria de saber sobre a produção de Hq's para o ensino de história da África, vi que citaste ali Angola Jamba e mais um outro Hq que também desconhecia, "Refugiados: a última fronteira". Saberia me dizer se há outras obras relacionadas ao continente africano? Renata Dariva Costa

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  6. Olá Renata Dariva Costa.

    Agradeço pelas palavras e fiquei feliz por pelo texto ter sido útil. Realmente existem inúmeras edições sobre Histórias em Quadrinhos (HQ), apenas mencionei algumas. Sobre a sua pergunta, especificamente sobre o ensino de história da África. Bem, sempre é necessário realizar uma pesquisa para encontrar materiais, vou apenas indicar algumas HQ's que eu conheço mas certamente devem existir muitas outras. Vamos lá: “Aya de yopougon”, de Marguerite Abouet e quadrinhos de Clément Oubrerie, editora L&PM, 2012, a obra aborda a vida de uma jovem na Costa do Marfim no final da década de 1970. Retrata o cotidiano, os dilemas, as vivências, relacionamentos etc. Em português conheço o volume 1 e 2, mas o projeto já está no volume 6. Vale a pena dar uma procurada. Outra obra aborda o religioso “Orixas do Orum ao Ayê”, de autoria de Alex Mir, Editora Nobel, 2010. Caso você tenha interesse em ampliar esse leque vou deixar aqui alguns links que abordam especificamente HQ's e História da África, neles existem indicações de quadrinhos específicos sobre a temática desejada.

    Apresenta HQ africanas - https://www.geledes.org.br/hqs-africanas/

    Neste site temos Histórias em Quadrinhos da África:
    http://www.universohq.com/materias/historias-em-quadrinhos-da-africa-a-pujanca-de-um-continente/

    Compilação reúne ótimas HQ's africanas que trabalham as histórias e cultura do continente:
    https://formigaeletrica.com.br/quadrinhos/noticias-quadrinhos/hqs-africanas-kugali/

    Quadrinhos e neocolonialismo – os heróis e super-heróis na África e Ásia. Bom para conhecer e pensar sobre este olhar branco e ocidental sobre o continente africano nas HQ's:
    https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/quadrinhos-e-neocolonialismo-herois-e-super-herois-na-africa-e-na-asia.htm

    O site traz a HQ brasileira que mistura a cultura africana com os Vingadores de Jack Kirby, de 2016. Os contos dos Orixás, em quadrinhos poderes uma ótima arte. Vale a pena dar uma olhada.

    https://cosmonerd.com.br/hqs-e-livros/noticias-hqs-e-livros/contos-dos-orixas-hq-transforma-deuses-africanos-em-herois-critica/

    Espero que te seja útil. Desejo-lhe muito sucesso. Abraço.

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  7. Jackson Santos Jara21 de maio de 2020 às 01:45

    Olá professor Fabian.
    Sempre fui fã de quadrinhos e mangás. Apoio muito o uso das HQ's em todas as áreas de conhecimento.
    Estou produzindo um quadrinho voltado ao ensino de Astronomia. O senhor teria algum material para me indicar?
    Obrigado.

    Assinado Jackson Santos Jara.

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    1. Olá, Jackson Santos Jara. Tudo bem?
      Muito legal esta sua iniciativa de produzir uma HQ com foco na astronomia, conheço poucas publicações em HQ com temáticas das ciências. Desejo-lhe sucesso!
      Sobre as dicas, bem conheço pouco sobre astronomia em HQ, mas tenho algumas dicas, talvez você conheça, mas vale a tentativa. Vamos lá.
      Uma HQ sobre astronomia é: “Ombros de Gigantes - História da Astronomia em Quadrinhos”, 2ª Ed. Ano: 2010, Autor: Junior, Annibal Hetem; Gregorio, Jane. Ed. DEVIR.

      Sugestão de outras HQ fico devendo, mas se me permite, indico também alguns artigos sobre a área Ciência (Astronomia incluída) e HQ que pode ajudar a pensar o embasamento e ter ideias para sua HQ. (Mando os links também d ecada um deles)

      Artigos:
      Os cientistas em quadrinhos: humanizando as ciências
      https://www.scielo.br/pdf/hcsm/v23n4/0104-5970-hcsm-23-4-1191.pdf

      Os quadrinhos nas aulas de Ciências Naturais: uma história que não está no gibi:
      https://periodicos.ufrn.br/educacaoemquestao/article/view/3959/3226

      Uma dissertação defendida na UFRGS sobre o ensino de química em HQ:
      Ensino de estequiometria para o Ensino Médio: criação de uma revista de de História em Quadrinhos. https://lume.ufrgs.br/handle/10183/173272

      Um projeto sobre Ciências Naturais e HQ: Astronomia e mecânica clássica – 1º volume da série que usa quadrinhos para promomer a divulgação cientifica. (Dois links sobre esse tema):

      http://www.leds.ufop.br/hqciencia/

      http://minasfazciencia.com.br/infantil/2017/08/30/historia-da-ciencia-em-quadrinhos-quer-despertar-interesse-em-criancas-e-adultos/

      Espero que ter ajudado. Novamente, desejo-lhe sucesso e estou na espera da publicação pois quero adquirir um exemplar! Abraço.

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  8. ANDRÉIA DE ARRUDA MACHADO21 de maio de 2020 às 01:55

    Professor Fabian, boa noite!
    A utilização das histórias em quadrinhos no ensino de história é muito viável, como o senhor descreveu. E se unirmos algumas disciplinas o trabalho interdisciplinar apresenta bons resultados, basta termos tempo e conseguir com que os professores se organizem para o trabalho em equipe, o que nem sempre é fácil.
    Mas professor, gostaria de saber se o senhor tem mais informações e indicações sobre as HQ's eletrônicas, pois, muitos alunos não querem ler textos impressos, então, poderia ser uma outra alternativa para incrementar o ensino aprendizagem.

    Ass: Andréia de Arruda Machado

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  9. Olá Andréia de Arruda Machado, tudo bem?
    Realmente, as HQ's possibilitam o trabalho interdisciplinar. Não tenho muita familiaridade com HQ's eletrônicas, sei que existem pesquisadores(as) que estão inseridos neste estudo. Tentando ajudar, vou indicar um artigo sobre o tema e um site da UNICAMP que oferece um programa para produzir HQ Eletrônica.
    HagáQuê - o site é: https://www.nied.unicamp.br/projeto/hagaque/

    O artigo do Simpósio Nacional de Informática na Educação, entre outros temas, analisa o HagáQuê, está no endereço:
    https://www.br-ie.org/pub/index.php/sbie/article/view/192/178

    Espero que seja útil para você. Desejo-lhe sucesso! Abraço.

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  10. Valeria Trindade Algayer21 de maio de 2020 às 19:47

    Boa noite! Sou aluna de pedagogia e achei bastante interessante a temática de seu texto, tendo em vista a formação que estou buscando, realmente não é fácil manter o interesse dos alunos em história, já que são gerações ligadas em tecnologias, gostaria de perguntar o que levou a escolher esse assunto especificamente nessa pesquisa?
    Att,: Valéria Cristina Trindade Algayer

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  11. Olá Valéria Cristina Trindade Algayer.
    A pedagogia é um campo de conhecimento muito lindo, importante e desafiador. Este artigo e outra produções que venho realizando estão ancoradas na minha prática docente enquanto professor de História. Neste fazer da sala de aula também busco o conhecimento teórico sobre HQ's e seus usos e recursos para o processo de ensino-aprendizagem. Mas diretamente sobre a pergunta que fizestes, na verdade foram meus estudantes que me levaram para os quadrinhos. Quando adolescente li um ou outro quadrinho (Tex, Homem Aranha, Tio Patinhas etc.), bem poucos mesmo, pois além de não ter dinheiro para comprar não tinha um grande interesse. Enfim, depois de anos de docência, lecionando para um 6º Ano do Ensino Fundamental, percebi que alguns estudantes liam escondido, sob as mesas da sala de aula HQ's, na verdade eram Mangás. Chamei um deles, e com receio já veio se desculpando. Mas eu pedi para ele me contar o que ele estava lendo e o que era aquele livrinho chamado mangá (eu não conhecia realmente). Ele ficou eufórico, falou o período todo - era um dos estudantes mais tímidos e não participativos daquela turma. Ele me disse que tinha relação com a minha aula, era um mangá ambientado no império japonês e a aula era sobre povos antigos. Baita sacada do menino! Daí nasceu meu primeiro projeto de HQ em sala de aula. Busquei conhecer e reunimos grupos para ler quadrinho. Nunca mais esquecerei aquele ano, aquela turma e este estudante que me ensinou a ver com os olhos de uma criança a paixão pelo aprender. Vivenciei na prática o ensinamento de Paulo Freire: "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre." Já fiz várias versões e modalidades de aulas com HQ com bons resultados. E sigo buscando ampliar este caminho de conhecimento, esta pedagogia para qualificar a prática do ensino-aprendizagem. Espero que tenha respondido sua pergunta. Desejo-lhe muito sucesso.

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  12. CASSIO FELIPE AZEVEDO DE FIGUEIREDO21 de maio de 2020 às 21:53

    Olá Fabian, parabéns pelo teu texto!
    sempre fui apaixonado pelos quadrinhos. Diversos deles trazem a história com tons leves, e outros mais sombrios, porém, sendo estes adaptações para a sua linguagem especifica. Gosto bastante de uma em especifica, Caveira Vermelha encarnado, da Marvel Comics, contando através dos personagens da Editora um pouco da ascensão nazista na Alemanha. A minha preocupação sobre trabalhar quadrinhos em sala de aula é a absorção dos alunos sob o material trabalhado, este sendo o suporte da aula, e não a referencia. Alguma sugestão?

    Cássio Felipe Azevedo de Figueiredo

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  13. Olá Cássio Felipe Azevedo de Figueiredo, tudo bem?
    Realmente, quando estamos em sala de aula, com jovens/crianças e mesmo adultos devemos estar atentos com os desvios que o uso de alguns materiais podem promover. O que tenho a sugerir é sobre o planejamento, ou seja, estar bem focado e organizado no que queremos com o uso daquele material específico - aqui no caso a HQ - naquela específica aula e como queremos abordá-lo e dar sequência. Isso vale para todo tipo de documentos e fontes: para filmes, fotografias, músicas, saídas de campo - museus por exemplo. Se não for bem planejado, com propostas bem definidas, organizadas e embasadas tudo se perde. O segredo, no meu entender, é planejamento. Quando aos quadrinhos, certamente numa primeira olhada os estudantes focam nas cores, cenas, imagens, mas devemos permitir este tempo de exploração do material, é o novo, a curiosidade, e depois dar um passo além. Usar este material para produção do conhecimento escolar. Espero ter sido útil. Sucesso!

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