Douglas Mota Xavier de Lima e Rosiangela Campos Picanço


PODCASTS PARA USO NO ENSINO SUPERIOR DE HISTÓRIA


 

Desde finais do século XX, com a maior difusão dos computadores pessoais e o acesso crescente à internet, a informação e a comunicação passaram por transformações muito significativas, tanto na esfera da vida cotidiana como em atividades especializadas de trabalho e pesquisa [SILVA; FONSECA, 2007]. As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação [TDIC] tem gerado, ao menos, três tipos de efeitos: elas alteraram a estrutura de interesses – as coisas em que pensamos; mudaram o caráter dos símbolos – as coisas com as quais pensamos; e modificaram a natureza da comunidade – a área em que se desenvolve o pensamento [SANCHO, 2006]. Essa revolução tecnológica resultou, inclusive, no advento de uma geração que passou a ser denominada de nativos digitais [PRENSKY, 2001] ou homo zappiens [VEEN; VRAKKING, 2009].

A Educação não ficou à parte dos impactos dessas tecnologias e isso tem suscitado mudanças nas formas de aprendizagem e no acesso à informação, particularmente no Ensino Superior, nosso foco de reflexão. Atualmente, cresce o recurso às redes de relacionamento via internet e muitos jovens universitários realizam boa parte de suas atividades mediante o uso de ferramentas digitais, seja em sites institucionais, periódicos on-line, blogs ou em páginas diversas encontradas em sites de busca. Em termos de conhecimento e informação, a rede possibilita uma constante conexão entre as pessoas e um número incalculável de imagens, narrativas, registros jornalísticos etc.; entretanto, a captação da informação nem sempre se traduz em conhecimento adquirido, sendo comum a identificação de métodos inadequados de pesquisa e estudo, a ausência de capacidade crítica e a baixa confiabilidade de algumas informações disponíveis na rede. Sabe-se que há um claro aspecto positivo nas informações disponíveis na internet, porém há também aspectos negativos, expressos, por exemplo, na veiculação de conteúdos inverídicos que carregam uma aparência de verdade. Mostra-se, assim, imprescindível saber se conduzir minimamente nesse emaranhado de informações escritas, visuais e auditivas.

A ampliação dos sites dedicados aos domínios da História tem criado um desafio de grande envergadura ao ensino e a pesquisa na área, visto que os alunos têm utilizado mais o recurso da internet do que os espaços tradicionais de conhecimento, como bibliotecas, enciclopédias e os próprios livros [SÁ, 2009]. Contudo, apesar do crescimento do conteúdo on-line da área de História [videoconferências, documentos digitalizados, documentários etc.], observa-se o número reduzido de recursos com finalidade didática, em especial, voltados às tecnologias móveis.

Diante dos elementos expostos, busca-se discutir o uso de um recurso relacionado às TDIC, os podcasts, como materiais didáticos, ou seja, referenciais para o ensino de história, com destaque para o Ensino Superior e a formação de professores.

Tecnologias digitais na educação

Segundo Moran [2012], as tecnologias digitais podem ser utilizadas na Educação para melhorar o desempenho do que já existe, por exemplo, auxiliando o professor na organização de materiais e na ilustração de conteúdo; e podem propiciar a criação de espaços e atividades dentro da instituição de ensino, como o uso de vídeos nas aulas e o desenvolvimento de atividades em laboratórios de informática ou ambientes virtuais, como blogs e fóruns. As tecnologias têm pressionado a novas práticas educacionais, tanto repensando o espaço de aprendizagem como enfatizando práticas de cooperação e interação. Nesse campo, um dos exemplos para a modalidade é o blended learning [ensino híbrido], definido como “qualquer programa educacional formal no qual um estudante aprende, pelo menos em parte, por meio do ensino on-line, com algum elemento de controle do estudante sobre o tempo, o lugar, o caminho e/ou o ritmo” [HORN; STAKER, 2015, p.34].

A própria orientação do uso pelos docentes de vídeos, documentos e outros materiais on-line, e a abundância desses materiais na rede, resulta das transformações ocorridas nas tecnologias digitais e, em especial, na web, desde finais do século passado, mudança que pode ser representada pelo termo web 2.0. Entre as principais mudanças proporcionadas por essa nova versão da web está a passagem do isolamento para a interligação e a colaboração. Na web 1.0, um administrador inseria documentos ao servidor que administrava a rede, em geral, textos e imagens estáticas. Nessa versão, os internautas acessavam a informação da mesma forma que os meios tradicionais de comunicação, como leitor es ou espectadores. Com a Web 2.0, as páginas passam a ter serviços de interação onde se pode criar e compartilhar informação, sendo comum a utilização de ferramentas de partilha de imagens, áudios, vídeos, mapas interativos e textos, como Youtube e Dropbox, e ferramentas de criação de conteúdo, como Wikis, blogues, Prezi, entre outros. Tal compartilhamento se dá tanto em tempo real como de maneira interativa, permitindo ao usuário criar e editar os conteúdos [ADELL, 2012].

Para Marc Prensky, as gerações nascidas nas últimas décadas do século XX, inseridas desde o nascimento no universo da tecnologia digital, “passaram a vida inteira cercados de computadores, videogames, DVD players, câmeras de vídeo, celulares, sites de leilões on-line, iPods e todos os outros brinquedos e ferramentas da era digital, usando todos eles” [PRENSKY, 2010, p. 58]. Prensky [2001] argumenta que o resultado dessa integração das tecnologias digitais à vida das novas gerações gerou uma mudança fundamental entre as gerações, resultando na formação de uma geração de “nativos digitais”, crianças e jovens que “processam informações de uma maneira fundamentalmente diferente”, distinção que afeta, inclusive, a organização cerebral. A definição de Prensky o leva, consequentemente, a defender que a geração que foi introduzida tardiamente nesse universo digital, pode ser denominada de “imigrantes digitais”. Entre as consequências dessa diferença geracional apontadas, destaca-se:

“Na verdade, sob o meu ponto de vista, o maior problema da educação hoje é que os pais e professores imigrantes, que vêm da era pré-digital, estão se esforçando para ensinar uma população que fala uma língua completamente nova. Nas escolas, em todos os níveis, o sotaque de instrutores imigrantes digitais é um obstáculo ao aprendizado – os nativos com frequência não entendem o que os imigrantes estão dizendo” [PRENSKY, 2010, p. 59-60].

Apesar das importantes modificações geradas pela revolução técnico-científica-informacional, persiste uma resistência em relação ao uso destas tecnologias nas escolas. Para Ferreira: “essa dificuldade faz da escola uma instituição com pouca vontade de investir em novas formas de transmitir o conhecimento e de adaptação à realidade” [FERREIRA, 1999, p. 47]. A relutância das escolas em utilizar ferramentas do cotidiano dos alunos no espaço escolar é algo que deve ser levando em consideração e problematizado. O ambiente escolar compete com inúmeros outros espaços sociais e atrativos extraclasse, os quais, por vezes, desviam o foco dos estudantes em sala de aula. Contudo, como demonstra Arruda [2013], não se trata da escola acompanhar a velocidade dos microchips, apenas inserido as tecnologias digitais no ambiente escolar, é imprescindível problematizar a utilização destas e reformular a formação docente nas licenciaturas, incorporando as mídias em todas as dimensões da prática do professor universitário.

A proposição de Arruda contribui para que o foco de observação se concentre no ambiente universitário e, em particular, na formação de professores. Destarte, diante dos elementos expostos e a partir dos dados do projeto “E-learning e formação docente em História” [2019-2020], em desenvolvimento na Universidade Federal do Oeste do Pará, passa-se a discussão acerca dos podcasts no ambiente universitário.

Podcasts

Os podcasts estão na moda e, considerando o mercado brasileiro, fala-se atualmente em “era de ouro dos podcasts” [BARROS, 2019], devido ao exponencial aumento do número de ouvintes e programas disponibilizados e aos investimentos no mercado. O podcast pode ser definido como arquivos de áudio que tratam de temas diversos e são disponibilizados na rede. Eles são gravados nas extensões .mp3, .ogg ou .mp4, formatos digitais que permitem armazenar músicas e arquivos de áudio num espaço relativamente pequeno, além de geralmente estarem anexados a um feed [arquivo de informação] que permite que se assine os programas recebendo as informações sem precisar ir ao site do produtor.

Além do fácil acesso, outro elemento que diferencia o podcast de outras mídias de áudio é o sistema de “pull” e “push”, o qual permite aos usuários maior liberdade de escolha na sua relação com o conteúdo, como a seleção de seus programas preferidos sem depender de conteúdos previstos em uma grade de programação, em que o usuário não precisa necessariamente seguir uma ordem cronológica de conteúdo [SOUZA, 2017]. Além disso, o ouvinte pode acessar o podcast online ou fazer o download do arquivo para ouvir em qualquer momento de sua escolha. Essas duas características, fácil acesso e flexibilidade no uso, podem ser os principais fatores que explicam a popularidade que esse tipo de conteúdo tem alcançado na Web 2.0, tanto pelo crescente número de adeptos ou ouvintes como pela multiplicidade de programas nesse formato disponíveis na podosfera [termo utilizado para o espaço digital onde os arquivos de podcast são disponibilizados e circulam]. Os programas têm periodicidade variada - diária, semanal e mensal - e envolvem temáticas das mais diversas, como: História, Política, Economia, Cultura, Educação, Cinema, Culinária, Humor, Mundo Nerd, curiosidades etc. Geralmente, cada episódio trata de um tema específico, variando entre dez minutos a mais de uma hora de duração.

O podcast possui uma história recente e relacionada com a democratização da produção e comunicação de conteúdos proporcionada pelas mudanças na Web [SILVA; SILVA, 2017], além disso, resulta do maior acesso a smartphones e da melhora da qualidade de conexão. Outro fator positivo relacionado aos podcasts é a adequação da ferramenta para o ensino de estudantes com deficiência visual [FREIRE, 2011; BOTTENTUIT JÚNIOR; COUTINHO, 2009]. Tal aspecto amplia a sua relevância e atualidade ao considerar-se que, de acordo com os dados do Censo da Educação Superior [2017], entre os anos de 2009 e 2017 ocorreu um aumento gradativo do número de matrículas de alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento ou altas habilidades no ensino superior, alcançando o quantitativo de 38.272 estudantes em 2017. Dessa distribuição das matrículas por tipo de deficiência, destaca-se numericamente o grupo de alunos com baixa visão e cegueira, os quais podem ser prioritariamente alcançados pelo recurso dos podcasts.

Com base nesses apontamentos, avança-se para o último item de nossa reflexão: o uso de podcasts como materiais didáticos no ensino superior de História.

Podcast como recurso didático – um projeto em desenvolvimento

Há um sensível crescimento das reflexões produzidas na área de História acerca da relação mídia e educação, particularmente do uso de jogos eletrônicos, da gameficação e de recursos como os podcasts [ALBAINE, 2017; ARRUDA, 2014]. Apesar disso, prevalecem as lacunas e, particularmente do que se relaciona aos podcasts, percebe-se que as reflexões se orientam para a contribuição dos programas para a divulgação histórica [SILVA; SILVA, 2017] ou para o produção de discursos de maneira coletiva, por grupos geralmente sem voz e pelos próprios alunos [SOUZA, 2017; BARROS; MENTA, 2007].

No projeto “E-learning e formação docente em História”, nosso foco de pesquisa é a aprendizagem por meio dos dispositivos eletrônicos, mormente dos dispositivos móveis. No que pese a relevante contribuição dos cursos, palestras, programas on-line e animações disponibilizados em canais nacionais como UNIVESP-TV e CEAv UNICAMP, ou nos espanhóis HISTORIA A DEBATE, CANAL UNED e ACADEMIA PLAY, observa-se que são poucos os materiais disponíveis na rede que podem dar suporte ao estudo acadêmico, sendo mais volumoso o conjunto de materiais apenas dedicados ao entretenimento, ao contato com o grande público ou voltados para a Educação Básica. Outrossim, por vezes, os materiais disponíveis não apresentam bom áudio ou são muito longos, dificultando a compreensão do conteúdo e, inclusive, o acesso em termos dos dados demandados. Tais circunstâncias dificultam o desenvolvimento de atividades pautadas, por exemplo, nas TDIC e no ensino híbrido, e tendem a reforçar a centralidade das mídias impressas.

Ao concentrar a atenção nos podcasts, visamos discutir como eles podem ser incorporados nas disciplinas como referência acerca de determinado conteúdo, sendo um material didático complementar aos livros, artigos, dicionários e filmes comumente usados como referência nos componentes curriculares. Tal inclinação pauta-se, por exemplo, no levantamento realizado em 2017 com os alunos do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Oeste do Pará, onde percebeu-se que o smartphone era o principal dispositivo de acesso à internet pelos estudantes e que o acesso ao computador ocorria, sobretudo, na própria universidade [em laboratórios e salas de informática]. Do mesmo modo, conforme os dados disponibilizados pela própria instituição a partir das matrículas, uma parte considerável dos alunos necessita de medidas de assistência estudantil para o prosseguimento da vida acadêmica, o que, por vezes, resulta em dificuldades para a compra de livros ou para a produção de cópias – situação que se agrava pelos insuficientes recursos para a ampliação dos acervos físicos das bibliotecas universitárias –, circunstâncias que afetam negativamente o rendimento acadêmico e o aprendizado por parte dos discentes.

Considerando a alto número de podcasts disponíveis e tendo como eixo de interesse a relação indicada, isto é, como essa mídia pode servir de referência nas disciplinas, temos procurado caracterizar os programas em duas categorias: Podcast acadêmicos e Podcast informativos. A primeira categoria faz referência aos conteúdos que são criados dentro das universidades e outras instituições acadêmicas, seja pela iniciativa individual de pesquisadores, por projetos de extensão ou por grupos de pesquisa que tem nessa mídia uma via de divulgação do conhecimento produzido na academia. A segunda envolve os podcasts sem vínculo acadêmico, idealizados por profissionais da área de história ou não, geralmente voltados para o entretenimento e a discussão de temas abertos, contando com menor rigor acadêmico ou apelo científico. A investigação visa construir um guia de podcasts a ser disponibilizado aos estudantes de História, indicando aspectos positivos e negativos relacionados aos programas selecionados, assim como as temáticas abordadas por cada um.

Pela proposta que orienta nossa pesquisa, a questão do conteúdo mostrou-se premente. Em virtude das características da própria mídia, não é comum os programas indicarem referências que fundamentem a discussão realizada ou materiais para aprofundamento. Ademais, os podcasts tendem a ser permeados pela informalidade e, em alguns casos, pela sobreposição entre conhecimentos especializados e curiosidades históricas ou o senso comum. Outra preocupação é a crescente produção de materiais audiovisuais, entre eles podcasts, que veiculam posicionamentos revisionistas sem lastro nas pesquisas historiográficas. Nesse sentido, respeitando a natureza flexível dos podcasts, temos privilegiado programas produzidos por grupos de pesquisa, com vínculo acadêmico ou que sejam conduzidos por historiadores, como o podcast “DominiumCast”, ligado ao grupo de pesquisa homônimo da Universidade Federal de Sergipe, e , o podcastMais História, Por favor”, iniciativa conjunta do Programa de Pós-Graduação em História e do Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História da Universidade Federal de Santa Maria.

Como indicado, nosso projeto está em desenvolvimento e, ao compartilhar a presente reflexão, buscamos, por um lado, promover as discussões acerca das TDIC na Educação, em particular no Ensino Superior; por outro, fomentar o debate acerca dos podcasts, recurso acessível que muito pode contribuir na formação acadêmica dos futuros professores de história.

Referências

Douglas Mota Xavier de Lima é professor Adjunto da Universidade Federal do Oeste do Pará, Doutor [2016], Mestre [2012], Bacharel e Licenciado [2009] em História pela Universidade Federal Fluminense.

Rosiangela Campos Picanço é graduanda em Licenciatura em História na Universidade Federal do Oeste do Pará e bolsista do PROENSINO no projeto “E-learning e formação docente em História” [2019-2020]

ADELL, J. Educação 2.0. In: BARBA, C. & CAPELLA, S. (org.). Computadores em sala de aula. Métodos e usos. Porto Alegre: Penso, 2012, p.25-38.
ARRUDA, E. P. Aprender história com jogos digitais em rede: possibilidades e desafios para os professores. In: CIAMBARELLA, A.; et. al (org.). Ensino de história: usos do passado, memória e mídia. Rio de Janeiro: FGV, 2014, p. 239-254.
ARRUDA, E. P. Ensino e aprendizagem na sociedade do entretenimento: desafios para a formação docente. Educação, Porto Alegre, v.36, n.2, p.232-239, maio/ago. 2013.
ALBAINE, M. Ensino de história e games. Dimensões práticas em sala de aula. Curitiba: Appris, 2017.
BARROS, G. C.; MENTA, E. Podcast: produções de áudio para educação de forma crítica, criativa e cidadã. Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación. vol. 9, n. 1, abr. 2007.
BARROS, L. A era de ouro dos podcasts: entenda o boom dos programas de áudio on-line. O Globo, 21 de abril de 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/a-era-de-ouro-dos-podcasts-entenda-boom-dos-programas-de-audio-on-line-23612273 último acesso em 19/04/2020.
BOTTENTUIT JÚNIOR, J.B.; COUTINHO, C. P. Podcast: uma ferramenta tecnológica para auxílio ao ensino de deficientes visuais. In: VIII LUSOCOM: Comunicação, Espaço Global e Lusofonia. Lisboa: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 2009, p.2114-2126.
FERREIRA, C. Ensino de história e a incorporação das novas tecnologias da informação e comunicação: uma reflexão. Revista de História Regional, 1999.
FREIRE, E. P. O podcast como ferramenta de educação inclusiva para deficientes visuais e auditivos. Revista Educação Especial, vol.24, n.40, maio-agosto, 2011, p.195-206.
MORAN, J. M. A Educação que desejamos. Novos desafios e como chegar lá. São Paulo: Papirus, 5ª edição, 2012.
PRENSKY, M. Digital natives, digital immigrants, On the Orizon, MCB Univertiry Press, v.9, n.5, october 2001.
PRENSKY, M. Não me atrapalhe, mãe – Eu estou aprendendo!” Como os videogames estão preparando nossos filhos para o sucesso no século XXI – e como você pode ajudar! São Paulo: Phorte Editora, 2010.
SÁ, Antônio Fernando de Araújo. Admirável campo novo: o profissional de história e a internet. www.tempopresente.org, outubro 2009, p.23-35.
SANCHO, J. M. De tecnologias da informação e comunicação a recursos educativos. In: SANCHO et. al. Tecnologias para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, 2006, p.15-41.
SILVA, M; FONSECA, S. G. Ensinar História no século XXI: em busca do tempo entendido. Campinas: Papirus, 2007.
SILVA, M. S.; SILVA, C. A. F. A divulgação científica em História por meio de podcasts: possibilidades de educação histórica pela internet. In: LARA, R. M.; CAMARGO, H. W. (Org). Conexões: mídia, cultura e sociedade. Londrina: Syntagma Editores, 2017, p.257- 285.
SOUZA, R. F. O podcast no ensino de história e as demandas do tempo presente: que possibilidades? Transversos: Revista de História. Rio de Janeiro, n. 11, p. 42-62. dez. 2017.
VEEN, W.; VRAKKING, B. Homo zappiens: educando na era digital. Porto Alegre: Artmed, 2009.



48 comentários:

  1. muito interessante o texto, gostaria de levantar o problema do conteúdo no uso do podcast no ensino da história. A partir das subjetividades juvenis, surge o termo prosumer, que se refere ao fato de que a juventude de hoje produz e consome informações ... no caso do ensino, não é uma abordagem semelhante exigida pelo professor prosumer? Gostaria que você lesse meu texto para que possamos construir juntos

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    1. Olá Fabián, obrigado pela contribuição. Vou fazer a leitura e retorno com comentários.

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    2. Prezado Fabián, fiz a leitura do seu texto. Parabéns pelo trabalho que você e María Guevara estão desenvolvendo, muito interessante e muito atual, permite muitos aportes para pensar o cenário brasileiro. Considero que o problema tratado em nosso projeto é paralelo ao que vocês abordaram. Os estudos brasileiros sobre Podcasts no ensino e, particularmente, no ensino de história, têm oferecido apontamentos similares aos que vocês indicam a partir da Colômbia, enfatizando o potencial dos podcasts para a aprendizagem e a promoção da democracia participativa. No projeto que eu e Rosiângela estamos desenvolvendo, uma de nossas preocupações centrais é como orientar o 'consumo' de podcasts relacionados a História por parte dos estudantes? Refleti um pouco sobre a questão do professor prosumer e, inicialmente, penso que, de certo modo, o docente deve mediar a relação com a mídia. No Brasil, plataformas como Youtube e Facebook têm inúmeros grupos que estão produzindo conteúdo relacionado à História e assumindo discursos negacionistas, revisionistas, antidemocráticos e ultraconservadores. Diante disso, penso que o papel do professor (e da Academia como um todo) é produzir conteúdo referenciado e orientar o consumo desses materiais.
      Saudações.

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  2. Inicialmente parabenizo pelo excelente trabalho.

    Me chamo Jorge Luiz e sou licenciando do curso de História pela Universidade Estadual de Goiás.

    A exemplo do dito no texto, sites de busca usados durante as pesquisa para trabalhos acadêmicos me levaram a escutar podcasts sobre vários temas, muito deles interessantíssimos, tanto que passei a acompanhar com certa frequência alguns canais, como por exemplo o programa "Historiador Explica, Historiadora Explica" produzido pela Associação Nacional de História, o qual ouço pelo aplicativo da plataforma SoudCloud no meu celular. Já ouviram falar do programa?

    Recentemente, vendo um vídeo de um canal no Youtube, o Leitura Obrigahistória, quis compartilhar o conteúdo pois achei relevante para a discussão num dos grupos da faculdade e me deparei com o seguinte questionamento interno; "caso não compartilhasse o conteúdo produzido ele ficaria obscuro para a maioria, fora que eu mesmo só o encontrei pois fui em busca, pesquisei. De que forma podemos usar o podcats no ensino superior, de maneira que o argumento, conteúdo ou mídia digital auditiva vá até o público alvo?".

    Inicialmente como possível solução imaginei projetos de extensão que incluíssem rádios comunitárias ou mesmo propagandas sobre o canal de divulgação do podcast. Pensei também sobre a autoria e curadoria dos conteúdos, deveria envolver professores e alunos, somente alunos ou somente professores.

    Na experiência e na visão dos autores, o que acham sobre o questionamento que tive e também sobre as sugestões de solução para produção e uso dos podcats no ensino superior?

    Grat ;)

    Jorge Luiz Cezar de Andrade

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    1. Olá Luiz, obrigado pelo comentário. Vou tentar dividir os comentários na ordem do seu texto.
      1. Sim, conhecemos o podcast da Anpuh. Ele, inclusive, está no catálogo que estamos organizando. Consideramos ser um exemplo de "podcast acadêmico", no sentido de um material referenciado, produzido por pesquisadores.
      2. Sobre a sua segunda indagação, a partir de um relato pessoal, penso que existem, ao menos, dois pontos a considerar: em primeiro lugar, em geral, os podcasts são produzidos para o público em geral, sem preocupações 'acadêmicas' ou sem critérios tão rígidos como artigos, monografias etc. Isso está na natureza da mídia. Nesse sentido, a ampliação da divulgação de programas de podcasts e canais do youtube pode contribuir para a maior disseminação dessa informação de qualidade. Não obstante, por outro lado (e nesse ponto concentra-se a preocupação de nosso projeto), o meio universitário de história tem incorporado pouco os podcasts e outras mídias. Alguns grupos estão produzindo programas, movimento que se intensificou na pandemia, porém qual a discussão sobre essas mídias durante a formação em licenciatura? Como questionar um conteúdo assistido no youtube ou ouvido por meio de podcasts? Em nossa pesquisa buscamos tanto divulgar os materiais existentes, como oferecer apontamentos que estimulem a criticidade no contato com as mídias. Lembro, por exemplo, que num curso de especialização um aluno me procurou para saber se eu recomendava o "Guia Politicamente Incorreto...", pois era um livro que ele tinha ouvido falar muito bem, em outra oportunidade, alunos me diziam ter uma série de história muito boa disponível no youtube, fui acessar e era a série do Brasil Paralelo. São inúmeros os exemplos... a questão que estamos apontando é: quais critérios usar para selecionar um podcast? como definir a validade do conteúdo veiculado?
      3. Sim, considero sua ideia muito boa. Buscamos estimular esse lado extensionista da universidade, conrtibuindo com a divugação de informação de qualidade, produzida por grupos de pesquisa ou egressos. Os podcasts são ferramentas democráticas, que promovem a expressão de subjetividades e, em relação a História, expressam histórias de vida (essas questões estão muito bem tratadas no texto da María Guevara e do FAbián Llano nessa mesma mesa do evento), isso tem um potencial educacional enorme. Paralelamente, temos procurado ressaltar a importância de qualificar o conteúdo disponível e orientar o consumo.
      Ainda gostaria de acrescentar um elemento. O nosso projeto tem como eixo de discussão a possibilidade de usar o podcast como material didático. Por exemplo, para determinada aula de uma disciplina X, o material básico de consulta é o podcast do Dominium (Dominiumcast) sobre a Igreja medieval, em outra disciplina a aula terá como material base o podcast "Mais história, por favor" sobre gênero. Em síntese, pensar como incorporar as mídias como recurso didático.
      Saudações

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    2. Olá professor!

      Muito boas respostas, as dadas a mim e aos colegas, obrigado.

      Ansioso para ver os podcasts em uso nos planos de ensino e igualmente ansioso para conhecer o catálogo que estão organizando.

      Abraços

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  3. Gostaria de parabenizar pela excelente discussão do texto apresentado, principalmente diante do contexto da Pandemia do Covid-19 ao qual estamos imersos, este debate se faz extremamente oportuno, mediante a necessidade de repensarmos, de maneira abrupta, novos caminhos a serem trilhados na prática docente. Gostaria de destacar que apesar das dificuldades, em geral, dos discentes dos cursos de licenciatura na aquisição de dispositivos tecnológicos, como smartphones modernos e computadores com acesso à internet de qualidade, é interessante refletirmos que muitos cursos de licenciatura em história ainda não possuem uma grade curricular adequada para o estímulo e o uso adequados das novas tecnologias digitais. Assim, a formação docente acaba por ficar descolada da realidade que o espera na prática profissional. Desse modo, gostaria de saber se existem pesquisas que objetivam mapear as grades curriculares dos cursos de Licenciatura em História com foco na necessidade em implantar componentes curriculares mais adequados ao contexto do chamado “ensino híbrido”, em vista de que a cada dia mais vêm se tornando necessário à prática docente?

    Bruno Márcio Gouveia

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    1. Olá Bruno, obrigado pelo comentário. Uma excelente reflexão.
      Não conheço pesquisa sobre como as grades curriculares estão incorporando as tecnologias de comunicação e informação. Do mesmo modo, não vejo um movimento para pensar as potencialidades do ensino híbrido. Pelo contrário, a sensação que tenho é de muita resistência. Por fim, concordo que as grades curriculares, em geral, não acompanham as mudanças da sala de aula. Quando trabalhava na educação básica, lembro que várias escolas do RJ estavam incorporando materiais didáticos digitais, plataformas on-line de aprofundamento e pude viver um pouco disso quando trabalhei na SME/RJ, pois minha escola pública usava o Educopedia e tinha notebooks para uso dos alunos em sala. Admito que, num primeiro momento, foi desafiador, pois nunca tinha discutido sobre plataformas, sobre como organizar apresentações em slides, como trabalhar com atividades em rede etc. Atualmente, vejo um movimento forte nesse sentido, por exemplo, com a BNCC que aponta nessa direção, e com o novo PNLD que incorpora manuais digitais.
      Saudações.

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  4. Diante dessa crescente e até massiva arcada de indivíduos que tratam de trabalhos científicos históricos ou até mesmo pequenos trechos que envolvem uma análise, uma problematização e uma crítica, é de extrema necessidade que nos dá área de História alunos ou professores, tomamos a iniciativa de trabalhar com podcasts, canais no YouTube e entre os vários meios de comunicação de longo alcance como por exemplo twitter, diante dessa demanda e das dificuldades, podemos analisar a questão de acessibilidade das informações, na universidade Nilton Lins, onde eu estudo aqui na cidade de Manaus AM, eu e alguns alunos temos interesse em montar um grupo de alunos, com disponibilidade pra fazer uma análise de textos passados ou em processo de análise, para aqueles que não tem facilidade na aprendizagem ou aqueles que trabalham e seu tempo é sufocado pelas necessidades dessa sociedade contemporânea e talvez caótica, visando que alguns já são idosos outros tem déficit de atenção, então queria saber como fazer que esse conteúdo seja não só atrativo, mas que seja acessível, educativo e traga entusiasmo para aqueles que tem uma série de dificuldades na área?
    Marcos Vinicius
    Parabéns pelo ótimo trabalho.

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    1. Meu nome completo é Marcos Vinicius Alves da Silva

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    2. Apesar dessa informação chega tão rápido, quais são os maléficios e os benefícios? Hessilha Batista da Costa

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    3. Prezado Marcos, obrigado pelo comentário. Penso que a sua iniciativa é louvável. Considero que trabalhos como o meu e da Rosiângela podem contribuir indicando bons podcasts para esses alunos acompanharem. Vou imaginar uma situação. Conheço pouco Manaus, mas meus amigos que residem na cidade comentam com frequencia o problema do trânsito. Quando eu era estudante de graduação e de pós-graduação no RJ, era comum ficar horas no ônibus (as vezes chegava a 3h) e no metrô. Talvez, muitos dos seus colegas de graduação também passem por isso e, diante dessas circunstâncias, eles poderiam usar esse tempo 'morto' de engarrafamentos, por exemplo, para ouvir um material sobre Ditadura Militar no podcast da Anpuh, sobre a sociedade senhorial no podcast Dominumcast, ou sobre gênero no Mais história, por favor, etc. Os arquivos de áudio constumam ser mais 'leves' para download e de fácil reprodução, além de, geralmente, apresentar linguagem acessível e dinâmica. Observe que, no caso dos alunos que você citou, as condições para eles acessarem os textos impressos são muito problemáticas, envolvendo tanto o tempo de leitura que é escasso como os custos com livros e reproduções. Nesse sentido, os podcasts podem contribuir na formação, complementando os materiais usados nas disciplinas. Eu, inclusive, ao receber na graduação da UFOPA alunos que estão há décadas distantes do ambiente escolar, costumo indicar vídeos do Telecurso2000 como uma forma desses alunos recuperarem elementos mínimos referentes aos conteúdos de história, visto que, por vezes, o contato com livros didáticos ou manuais acadêmicos é muito limitado.
      Vou aproveitar e responder em bloco a pergunta da Hessilha. Acredito que já pontuei muitos benefícios dessa mídia, assim, em termos de malefícios, penso que devemos ter muito cuidado com as informações veiculadas. Desse modo, é fundamental questionar quem está falando? qual a formação? esse material tem algum vínculo com a pesquisa acadêmica? ... esses são alguns itens que eu e Rosiângela temos tratado para pensar que podcasts sugerir, evitando programas puramente de entretenimento.
      Saudações a ambos.

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  5. Caros,
    Parabenizo pelas reflexões propostas. É visível o interesse dos alunos e da sociedade como um todo sobre os podcast, especialmente que tratam de curiosidades históricas. Gostaria da opinião dos autores sobre como as tecnologias auxiliam a propagação de teorias negacionistas e os riscos de tais teorias propagaram no meio digital – através de impulsos de publicação pagos, por exemplo. Como os podcast acadêmicos podem ganhar mais espaços na rede?
    Aproveito a oportunidade para divulgar o PODCAST Senta que lá vem História, produzido pelos discentes do curso de licenciatura em História da UFPB.
    https://linktr.ee/sentaquelavempodcast
    att,
    Priscilla Gontijo Leite.

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    1. Olá Priscilla, obrigado pelo comentário e questão.
      1. Em relação aos riscos apontados, considero que, por um lado, precisamos amadurecer regulamentações e leis sobre o tema. Por exemplo, vejo com bons olhos o Instagram e o Facebook criando ferramentas para coibir fakenews. Esse tema é complexo, mas penso ser um debate importante e que não pode ser adiado. Outro elemento é investirmos na educação para as mídias/educação midiática, seja na Educação básica, seja (como é o meu caso) no ensino superior. Precisamos discutir ferramentas que orientem as pesquisas on-line e que instrumentalizem a crítica as informações veiculadas em diferentes mídias.
      2. Focando na questão dos negacionismos propagados, penso que se trata de um problema urgente. Mais do que produções independentes, por vezes, são canais estruturados, financiados, que investem na publicização dos seus conteúdos. Penso, por exemplo, no canal Brasil Paralelo. Os vídeos têm muita qualidade de edição, sustentam-se em falas de 'especialistas' e criam uma narrativa muito bem articulada e convincente. Em 2019, na disciplina de Medieval, fiz questão de usar um episódio da série "Brasil - a última cruzada" para debater com meus alunos a visão de história medieval veiculada pelo material, orientando sobre os perigos do discurso eurocêntrico e conservador apresentado no vídeo.
      3. Articulado a esses apontamentos, penso que um desafio que enfrentamos é "como comunicar?". No ST que coordenei na ANPUH 2019, debatemos bastante sobre a necessidade de produzirmos conteúdo qualidade, pensando tanto a qualidade no rigor da informação veiculada, como a qualidade da edição e demais recursos técnicos. Talvez, esse investimento seja um caminho para a promoção dos podcasts acadêmicos. Outro (diretamente relacionado com nosso projeto), é a ampliação da divulgação dos programas e a incorporação deles nos componentes curriculares.
      Por fim, obrigado pela divulgação do podcast, esse eu não conhecia. Vou acrescentar ao nosso levantamento.
      Saudações.
      P.s. Na disciplina de Antiga debatemos o seu artigo da Mare Nostrum sobre o ensino. A recepção sempre é muito boa.

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    2. Douglas,
      Agradeço os esclarecimentos. Concordo com seu poscionamento. O investimento é a longo prazo e temos que começar agora. Também devemos produzir um material para compor o debate ao "Brasil Paralelo". Fico estarrecida com fala de "alguns especialistas", os epsódios são envoltos de uma grande retórica. Por isso, é nosso papel enquanto profissionais fazer o debate adequando do que está vinculado nesses materiais.
      No caso das produções acadêmicas, infelizmente um problema é o orçamento. Temos poucos recursos e compra de novos equipamentos inexiste.
      Desejo sucesso no seu projeto e já quero ler os próximos resultados.
      Att,
      Priscilla Gontijo Leite

      Ps: Fico contente em saber do alcance da publicação. Espero que sirva de inspiração para novos projetos em ensino de história antiga.

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  6. Ana Cristina Pereira Lima19 de maio de 2020 às 10:54

    Prezados Douglas e Rosiangela, muito me instigou a possibilidade de usar podcast no ensino superior. Sou professora de uma Licenciatura em Educação do Campo, no interior do RN, onde alunos têm dificuldades de acesso à internet (geralmente fazem com dados móveis do celular). Gostaria que comentassem sobre o retorno desse material didático. Vocês discutem depois? Conseguem uma participação mais expressiva no debate se comparado aos textos recomendados para os alunos? Achei ótima a indicação dos grupos que produzem podcast acadêmicos. Excelente texto!
    Ana Cristina Pereira Lima

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    1. Olá Ana, obrigado pela pergunta.
      Eu e Rosiângela começamos esse projeto no fim de 2019 e algumas etapas dele foram prejudicadas pela pandemia. Esclareço isso, pois através do projeto pretendemos promover a incorporação dos podcasts como material didático nos diferentes componentes curriculares. Mas é um projeto em desenvolvimento.
      Assim, o que posso compartilhar é minha experiência com os podcasts nos componentes que leciono (Antiga, Medieval e Moderna). Na universidade temos uma plataforma acadêmica on-line, onde faço upload e compartilho links de diferentes arquivos (documentos, textos de apoio, vídeos, mapas animados, podcasts entre outros). Tento sempre deixar toda a plataforma pronta antes de começar o semestre, para os alunos iniciarem as disciplinas podendo acessar todos os materiais. A minha experiência é que os vídeos e os podcasts têm alcançado principalmente os alunos com dificuldade de leitura e com poucos recursos para fazer as cópias dos textos impressos. Como a universidade oferece conexão de qualidade, muitos conseguem acessar os materiais digitais na própria instituição, mesmo sem ter bons pacotes de dados ou banda larga na residência. Em geral, os alunos comentam em sala sobre o material assistido e descrevem nos diários (essa é uma avaliação que uso com frequência, escrevo sobre ela na Mesa 1 do evento - Ensino de História, Teorias e Metodologias), o que me permite ter um feedback do acompanhamento. No entanto, o meu desejo (e por isso o levantamento do projeto é importante) é conseguir, em algumas aulas, ter o podcast como principal recurso para orientar a discussão em sala, deixando de ocupar um lugar apenas complementar. Por fim, o melhor retorno que tenho, até porque já fiz mais vezes, é da produção de podcasts pelos próprios alunos.
      Saudações.

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  7. Bom texto que flui de maneira acessível e nos fomenta a reflexão do uso de podcasts no ensino de história, por razões muito bem apontadas e debatida pelos autores. Pessoalmente acompanho diversos podcasts dos mais variados assuntos, sobretudo canais de divulgação científica, como também humor, política etc. Sou um consumidor de podcasts muito antes de iniciar minha formação acadêmica, mas é certo que a carga de conhecimentos e experiencias adquiridas na academia contribuem para o desenvolvimento de uma espécie de maior rigor acerca do que se consome, e, embora a podosfera (como mencionada) se mostre uma ferramenta extraordinária por questões de acessibilidade, também se mostra um terreno repleto de informações cujo fontes são questionáveis e o senso comum por vezes está presente. Nesse sentido, levando em consideração este cenário de isolamento social e distanciamento em razão do coronavírus, como podemos através das mídias tecnológicas, neste caso, especificamente os podcasts preferencialmente acadêmicos, ampliar a eficácia das ações educativas e sobretudo, em razão do choque de geração entre professor-aluno, compreender as transformações do processos de ensino-aprendizagem para nos adaptarmos ao novo?

    Anderson de Paula Ribeiro Castro

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    1. Olá Anderson, obrigado pelo comentário.
      Em relação a contribuição das mídias para a eficácia das ações educativas e para a adaptação 'ao novo', penso que um elemento importante atualmente é a diversidade de fontes de informação de qualidade. Vou tentar esclarecer a ideia.
      Em geral, pode-se dizer que as gerações nascidas até a década de 1990 ou inícios do século XXI, tinham nas mídias impressas um recurso central de aprendizagem. Por exemplo, podemos pensar na importância do acesso aos jornais diários ou dominicais, a constante citação das matérias jornalísticas nos exames nacionais, e a centralidade do livro impresso e das bibliotecas. Isso gradativamente muda nas últimas décadas e mesmo com toda a desigualdade tecnológica de nosso país, é perceptível que as formas de aprendizagem mudaram, associando-se, sobretudo, aos meios digitais. Nesse sentido, pesquisas on-line, jornais virtuais atualizados constantemente, vídeos no youtube, programas de podcasts, entre outros exemplos, dividem cada vez mais o lugar que era ocupado pelo impresso. Considerando essa perspectiva, mostra-se necessário variar as plataformas, produzindo materiais em vídeo, em áudio, pílulas de conhecimento etc. Penso que esse é um caminho para aumentarmos a eficácia do ensino, diminuirmos o choque geracional e adaptarmos a educação às novas configurações sociais.
      Gostaria ainda de destacar outro elemento. Crescem iniciativas de produção de podcasts nos ambientes escolares e nas universidades, tendo os estudantes como protagonistas. Por compreender que a aprendizagem deve ser significativa, penso que esse movimento é importantíssimo, pois ele aponta para a apropriação por parte dos alunos do conhecimento, alcançando, talvez, o que você fala como eficácia.
      Saudações

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  8. Olá, parabéns pelo excelente trabalho, levando em conta a bibliografia levantada, para termos acesso a podcast com maior rigor científico, este deve estar ligado a academia? Pois dificilmente encontraremos "fora dela" algo que tenha base científica e se tiver não será tão bem expressado ao ouvinte(por questões de tempo, linguagem empregada, fuga de tema)?
    Gleissiano Ruan de Freitas

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    1. Olá Gleissiano, obrigado pela pergunta.
      Ela não é fácil e não tenho uma resposta fechada. Para evitar que eu me comprometa com uma posição muito restritiva, vou começar estabelecendo uma diferenciação, criando duas categorias que eu e Rosiângela temos trabalhado de maneira inicial. De um lado, "podcasts informativos", de outro, "podcasts acadêmicos". A primeira categoria abarca o maior conjunto de podcasts e envolve a expressão maior da mídia, a produção aberta de conteúdo. São programas feitos de maneira independente, com pautas diversas, por pessoas das mais diversas formações. Em linhas gerais, o acesso a esses programas ocorre pelo interesse temático do ouvinte ou puramente pelo entretenimento. Esses podcasts são informativos e veiculam uma série de conteúdos acerca da História, falam de doenças, guerras, personagens, discutem filmes, jogos, novelas etc. Por exemplo, eu posso ouvir um podcast sobre Game of Thrones que aborde os elementos históricos da série, apenas por entretenimento ou por buscar algum contato com o tema, sem a preocupação de ter acesso a dados históricos mais precisos e especializados. Porém, se como ouvinte eu busco um material mais criterioso e que permita maior aprofundamento de determinados conteúdos históricos, eu preciso ouvir os especialistas. O mesmo acontece sobre outros campos, como Economia, Relações Internacionais, Saúde, Arte etc. Na busca de encontrar esse tipo de material (lembro que a pesquisa que nós estamos relatando no texto procura oferecer aos alunos de graduação um catálogo de podcasts que podem ser usados nas disciplinas), mapeamos uma série de podcasts que estão sendo produzidos por grupos universitários, aspecto que, de certo modo, serve como garantidor mínimo do rigor do conteúdo veiculado.
      Isso quer dizer que fora da universidade/grupos de pesquisa não existam programas com base científica? Não. Por exemplo, os podcasts "Fronteiras no Tempo" e "História FM" não têm vínculo universitário, mas são produzidos por pessoas com formação em História e oferecem material de muita qualidade.
      Espero ter conseguido responder.
      Saudações.

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    2. muito obrigado pela resposta! assinado Gleissiano

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  9. Olá Gleissiano, obrigado pela pergunta.
    Ela não é fácil e não tenho uma resposta fechada. Para evitar que eu me comprometa com uma posição muito restritiva, vou começar estabelecendo uma diferenciação, criando duas categorias que eu e Rosiângela temos trabalhado de maneira inicial. De um lado, "podcasts informativos", de outro, "podcasts acadêmicos". A primeira categoria abarca o maior conjunto de podcasts e envolve a expressão maior da mídia, a produção aberta de conteúdo. São programas feitos de maneira independente, com pautas diversas, por pessoas das mais diversas formações. Em linhas gerais, o acesso a esses programas ocorre pelo interesse temático do ouvinte ou puramente pelo entretenimento. Esses podcasts são informativos e veiculam uma série de conteúdos acerca da História, falam de doenças, guerras, personagens, discutem filmes, jogos, novelas etc. Por exemplo, eu posso ouvir um podcast sobre Game of Thrones que aborde os elementos históricos da série, apenas por entretenimento ou por buscar algum contato com o tema, sem a preocupação de ter acesso a dados históricos mais precisos e especializados. Porém, se como ouvinte eu busco um material mais criterioso e que permita maior aprofundamento de determinados conteúdos históricos, eu preciso ouvir os especialistas. O mesmo acontece sobre outros campos, como Economia, Relações Internacionais, Saúde, Arte etc. Na busca de encontrar esse tipo de material (lembro que a pesquisa que nós estamos relatando no texto procura oferecer aos alunos de graduação um catálogo de podcasts que podem ser usados nas disciplinas), mapeamos uma série de podcasts que estão sendo produzidos por grupos universitários, aspecto que, de certo modo, serve como garantidor mínimo do rigor do conteúdo veiculado.
    Isso quer dizer que fora da universidade/grupos de pesquisa não existam programas com base científica? Não. Por exemplo, os podcasts "Fronteiras no Tempo" e "História FM" não têm vínculo universitário, mas são produzidos por pessoas com formação em História e oferecem material de muita qualidade.
    Espero ter conseguido responder.
    Saudações.

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  10. Um ótimo trabalho! Cientes que estamos vivendo uma pandemia e além disso com o isolamento social como meio quase que totalmente eficaz para a não contaminação. Os podcasts se tormam uma saída mais viável para a rede de ensino do que as vídeocoferências?

    (Victor Hugo Oliveira da Silva)

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    1. Olá Victor Hugo. Obrigada por sua pergunta! Aliás, a análise dessa proposição envolve uma esfera maior, que é a rede de ensino.
      I. A priori, a inserção das novas tecnologias digitais no ensino enfrenta problemáticas, tanto nas escolas públicas como nas Universidades, seja pela falta de estruturas que possibilitem o acesso a internet nos espaços de aprendizagem, ou a ausência de um componente curricular nos curso de graduação em História que proponham a apropriação dessas ferramentas tecnológicas pelos discentes e futuros professores.
      II. Sobre a viabilidade do uso, é preciso considerar que essas duas mídias levantadas possuem particularidades. Ao abordar com mais propriedade o podcast, compreendemos que esse possui uma característica que permite um uso flexível, uma vez que o ouvinte pode acessá-lo quando estiver conectado à rede ou pode optar por baixar o conteúdo e escutar em momentos de sua preferência. Em contrapartida, a opção por uma ou outra não descarta a importância e finalidade de ambas, e seu uso depende do contexto a qual será empregada.

      Rosiangela Campos

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    2. Olá Victor. Obrigado pela pergunta.
      Corroborando com os apontamentos da Rosiângela, destaco que, se comparado aos vídeos, os podcasts são mais acessíveis pelo tamanho menor do arquivo, o que demanda menor uso de dados. Apesar disso, o cenário atual nos desafia e os problemas acabam por, por vezes, inviabilizar ambos os recursos. Como indicado pela Rosi, falta estrutura e orientação técnica aos docentes (por exemplo, como gravar o áudio? como fazer o roteiro? como editar? onde disponibilizar? qual microfone usar? etc.). Por vezes, os professores, mesmo os recém-formados, não tiveram qualquer referência de uso de tecnologias na educação, seja na graduação, seja na formação continuada. Em relação ao público, isto é, os alunos, o problema se agrava pelas dificuldades de acesso a internet (ausência de sinal, pacotes de dados limitados, dispositivos inadequados etc.) e pela falta de orientação sobre como usar o recurso.
      Saudações

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  11. parabéns pelo trabalho. Tenho algumas questões: Ted Talk incluiria aqui como podcasts? Você investigou se historiadores tem feito uso de podcasts além de Leandro Karnal - o qual apesar de ressalvas considero um historiador que vai ao público? Considera essa uma ferramenta que poderia ser usada pelos historiadores como forma de produção de conhecimento histórico? Grata Helena Ragusa Granado

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    1. Olá Helena, obrigado pela pergunta.
      O podcast é diferente do Ted Talk, que, salvo engano, são aquelas séries de conferências. Em geral, os podcasts são programas que abordam temas diversos ou concentram-se numa determinada área, por exemplo, História.
      2. Sim, muitos historiadores profissionais, ligados ou não ao meio universitário, têm produzido podcasts. Em nossa pesquisa, por exemplo, temos dado destaque aos podcasts produzidos pelos grupos de pesquisa e extensão das universidades brasileiras.
      3. Sim, sem dúvidas os podcasts podem ser usados para a produção de conhecimento histórico. É interessante que essa via apresenta-se tanto em relação a produção de conteúdo para o público em geral, como no que envolve a produção de materiais pelos alunos na educação básica. Sobre esses temas, sugiro a leitura de dois textos da nossa bibliografia: SILVA, M. S.; SILVA, C. A. F. A divulgação científica em História por meio de podcasts: possibilidades de educação histórica pela internet. In: LARA, R. M.; CAMARGO, H. W. (Org). Conexões: mídia, cultura e sociedade. Londrina: Syntagma Editores, 2017, p.257- 285; SOUZA, R. F. O podcast no ensino de história e as demandas do tempo presente: que possibilidades? Transversos: Revista de História. Rio de Janeiro, n. 11, p. 42-62. dez. 2017.
      Também vale dar uma olhada no texto que está na sequência do nosso na Mesa, escrito por María Isabel Guevara e Fabián Andrés Llano.
      Saudações

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    2. Gratíssima!!!! Helena Ragusa Granado

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  12. Boa noite, o texto é uma ótima reflexão sobre o uso das tecnologias no ensino e apresenta um debate muito grande acerca das funcionalidades do podcast. Como foi citado no texto, os podcast com assuntos históricos estão divididos em dois campos de um mesmo espectro: os que surgem em decorrência dos projetos das universidades e aqueles que surgem como um produto de pessoas ligadas ou não ao estudo da história mas que por interesse próprio decidiram por abrir uma plataforma de tal tipo.
    Meu apontamento se da no fato dessa divisão, se em um primeiro momento podemos afirmar que o primeiro tipo é voltado mais para o público acadêmico e o segundo pode ser visto como um produto? E ainda nesse sentido, como o autor vê o surgimento desses diversos podcasts sobre história? Eles ajudam na democratização do ensino? Tendo em vista que muitos desses podcasts tem base teórica mas uma linguagem mais inclusiva a população não acadêmica. Obrigado pela atenção.
    Lucas Felipe Duraek.

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    1. Caro Lucas, obrigada por sua pergunta! Sobre seu primeiro questionamento, apesar de termos dado ênfase em nossa pesquisa para aqueles conteúdos produzidos dentro de grupos de pesquisa nas Universidades, não descartamos de imediato a qualidade/utilidade dos podcast produzidos fora das universidades (informativos) pelos estudantes universitários, uma vez que tais conteúdos podem se atentar a critérios como a presença de referências, participação de profissionais da História nos debates levantados, etc.
      I. No que diz respeito a ser visto como produto, digo que depende do prisma em que se observa: pelo viés financeiro me parece que não, pois geralmente, os podcast informativos de História são fruto da iniciativa individual ou compartilhada de profissionais ligadas a área ou não, interessados em discutir assuntos do conhecimento histórico, mesmo que marcado por estilo mais informal e de entretenimento, e que por vezes não conta com o patrocínio de empresas ou algo parecido como uma monetização que traga retorno para seus criadores, entretanto, há de se considerar que todo podcast trata sobre conteúdos que são consumidos por alguém, empregando o valor de produto.
      II. Sobre o crescimento de programas de História na podosfera brasileira, consideramos que esse movimento tende sim à democratização do conhecimento histórico, uma vez que promove ampliação desse conhecimento tanto ao público especializado, como ao público geral, aliás, o crescimento de podcast dentro das Universidades se dá também por esse objetivo: disseminar o conhecimento produzido dentro e fora das academias.

      Rosiangela Campos

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  13. Prezado Professor Douglas e Professora Rosiangela,
    Parabenizo pelo texto.
    Diante do contexto, do uso do podcasts no ensino superior, inclusive como como materiais didáticos no ensino de História. Gostaria de saber, se podemos utilizar o podcasts no Ensino Médio como material didático?
    Carla Cristina Barbosa

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    1. Olá Carla, obrigado pela pergunta.
      Sim, é possível usar podcasts como material didático na educação básica. O uso vai depender do professor, como ele vai mediar e orientar o trabalho com a mídia, qual o objetivo da atividade, qual a possibilidade de acesso dos alunos etc. Lembro que, por vezes, quando lecionava no ensino fundamental, usava trechos de vídeos, séries, novelas e entrevistas para orientar o debate da aula.
      Em linhas gerais, os docentes se acostumaram a trabalhar com mídias impressas (p.ex.: jornais) e digitais, como filmes e documentários. Penso que o trabalho com podcast pode seguir o mesmo caminho.
      Outro uso que vem sendo mais investigado na educação básica (e, inclusive, os novos livros didáticos têm sugerido) é a produção de podcasts pelos próprios alunos. A proposta mostra-se com muito potencial, em especial, por envolver a aprendizagem significativa e as subjetividades dos alunos.
      Saudações

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  14. Bom dia, parabéns pelo texto, estive inclusive procurando mostrar aos meus alunos a possibilidade de usarem podcasts ao invéz de youtubers duvidosos. Porém gostaria de saber de vocês como vocês lidam com essas fontes de youtube e como podemos atrair os alunos ao uso de podcasts no ensino médio?

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    1. Olá Avelino, obrigado pela pergunta.
      Na universidade, costumo incorporar materiais diversos do youtube nas disciplinas que leciono, com objetivos dos mais variados. Dois exemplos extremos: vídeo-aulas - costumo usar algumas para mostrar aos alunos formas de comunicar determinado conteúdo de maneira dinâmica, sintetizada, clara e com uma linguagem acessível; canais de opinião - uso alguns vídeos que falam de história e veiculam mensagens de ódio, preconceito e intolerância. Na disciplina de História Medieval, por exemplo, ao falar do Islã, costumo incorporar vídeos brasileiros com milhares de visualizações que expressam, infelizmente, a islamofobia crescente em nosso país. Penso que essa estratégia nos ajuda, especialmente na formação de professores, a pensar o desafio que enfrentamos na educação brasileira, além de incentivar que os alunos reflitam sobre os usos do passado.
      Sobre atrair os alunos do ensino médio para essa mídia, penso que um caminho é explorar a produção de podcasts pelos próprios estudantes, talvez, tratando das demandas do bairro, de temas que eles gostariam de conhecer mais, etc. Em geral, os alunos dispõem de smartphones e esses aparelhos têm gravadores de áudio, na internet é possível encontrar editores de áudio gratuitos. Os novos livros didáticos têm incorporado essa sugestão, apresentando um passo a passo de como o professor pode orientar os alunos para a produção. Alguns estudos têm apontado para as contribuições desse engajamento dos estudantes para a aprendizagem.
      Saudações

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  15. Para contribuir com esse texto e projeto maravilhosos gostaria de citar que dentro da categoria "podcasts acadêmicos" existe o @sentaquelavempodcast, vinculado ao Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba e ao PROBEX.
    O tempo dos episódios não é extenso, sempre trazem um especialista na área do tema a ser discutido e ao final indicam referências bibliográficas e/ou audiovisuais relacionadas ao debate realizado.
    No primeiro episódio "Peste Negra x Coronavírus" o convidado foi o Prof. Dr. Guilherme Queiroz, medievalista da UFPB. No segundo ep. "Coco de Roda e Ciranda na Paraíba", Zé Silva (historiador graduado pela UFPB, pesquisador e brincante de cultura popular) foi entrevistado.
    O objetivo é comunicar os debates acadêmicos a quem se interessar, amplificar as vozes dos docentes e discentes, fazer pública suas pesquisas.
    Grata pelo texto!

    Atenciosamente,
    Gabriela Castro de Lima

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    1. Olá Gabriela, muito obrigado pela informação. A Priscilla Gontijo também comentou sobre ele num post anterior. A iniciativa de vocês é louvável, parabéns. Vamos incorporar ao nosso levantamento. Aproveito e, se possível, deixo meu abraço ao amigo Guilherme Queiroz, não o vejo desde 2014.
      Saudações

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  16. Olá,
    realmente o avanço dos meios tecnológicos colocou em xeque outras possibilidades de aprendizagem. Entretanto, sabemos que, infelizmente, no Brasil, muitos ainda não possuem o acesso considerado "mínimo" para o ensino, tais como acesso à internet, computadores, etc. Diante desse avanço tecnológico, como os podcast, e a carência dos matérias básicos de ensino nas escolas públicas brasileiras, como poderá a educação do país oferecer algo ao mesmo tempo atual e necessário para a população, principalmente a mais pobre? E qual deve ser o posicionamento dos docentes frente a essas questões tão urgentes e tão delicadas?

    Samuel de Gois Vida

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    1. Olá Samuel, muito obrigado pelo comentário.
      Você toca num ponto crucial: sem investimento na educação, nem as tecnologias digitais nem os recursos analógicos podem contribuir, de fato, para melhorar a educação. Para pensarmos na efetivação de metodologias de ensino que integrem as tecnologias digitais ou mesmo a inserção dessas tecnologias no cotidiano escolar, precisamos garantir, minimamente, o acesso dos alunos aos dispositivos e, em especial, à internet. Por exemplo, precisamos avançar nos debates sobre democratização das mídias e universalização das telecomunicações. Existe a iniciativa pública do MCTIC, com o Internet para todos, mas o programa é mais voltado para as instituições públicas (Ver: https://internetparatodos.mctic.gov.br/portal_ipt/opencms). Também vale a pena acompanhar as discussões do Fórum Nacional pela democratização da comunicação (http://fndc.org.br/).
      Quando lecionei na educação municipal do RJ, minha escola tinha mais de 100 laptops para uso dos alunos, eles ficavam ligados 24h na rede elétrica, ou seja, gerando custo, porém não tínhamos banda larga para os alunos, o que inviabilizava o uso efetivo dos equipamentos. É apenas um exemplo de que a disponibilidade dos dispositivos deve ser acompanhada de investimentos no acesso.
      Em relação ao posicionamento dos docentes, vejo que o cenário é muito diverso e vai depender de cada caso e de cada professor/instituição. Existem escolas públicas muito equipadas, outras sem qualquer estrutura, existem escolas particulares hight-tech e outras tão precárias quanto algumas públicas. Conheço trabalhos muito interessantes com Minecraft na escola pública e conheço colegas que ainda usam mimeógrafo em instituição privada da periferia.
      Por fim, os podcasts podem ser úteis mesmo nesse cenário? Sim, eles são instrumento de democratização da comunicação, demandam poucos recursos técnicos para gravação, edição e disponibilização. Orientei um TCC de duas alunas do PARFOR anos atrás, e parte do estudo foi elaborado sobre o uso dos celulares por alunos de escolas rurais aqui de Santarém/PA. Em síntese, é possível fazer muita coisa, mesmo com poucos recursos. O podcast é apenas uma delas.
      Saudações

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  17. JOÃO PAULO DE OLIVEIRA FARIAS21 de maio de 2020 às 14:15

    Olá, Douglas e Rosiangela!

    Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelas reflexões trazidas sobre o uso das Tecnologias Digitais de Comunicação e Informação, e principalmente sobre a mídia podcast, que como vocês ressaltaram vem crescendo muito nos últimos anos no Brasil. No texto vocês falam da importância de um trabalho com essa ferramenta e também alertam sobre o uso da mídia, para dentre outros agravar também alguns problemas, principalmente no campo do revisionismo histórico, queria que vocês explicassem um pouco mais, sobre como pesquisas e materiais produzidos nesse campo podem auxiliar no sentido de trazer uma pesquisa mais coesa e responsável para o uso dessas mídias? Vocês conhecem alguma(s) experiência(s) para se ter podcast dentre de uma expectativa que fundamentem melhor as discussões históricas em tempos de negacionismos e fakenews? E no Ensino Médio conhecem algumas experiências para se trabalhar com esse tipo de mídia?

    Atenciosamente:

    João Paulo de Oliveira Farias

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    1. Olá João Farias, obrigado pela pergunta.
      1. Sobre o uso responsável da mídia, gostaria de pensar em duas questões. Por um lado, não se pode confundir uso responsável com os meandros da pesquisa Academia, caso contrário estaremos descaracterizando a mídia como um todo. Por outro, e como consequencia do anterior, penso que devemos avançar nos debates sobre telecomunicações, que passam, inclusive, por estabelecer uma legislação clara sobre os produtos digitais. O tema é muito complexo, mas, infelizmente, a internet continua a ser um território sem lei, e os podcasts e vídeos também se nutrem dessa falta de regulamentação. Paralelamente, nesse projeto que desenvolvo com a Rosiângela, estamos buscando exatamente esse podcast mais criterioso, mais embasado, que pode ser usado como material didático. Nesse processo, os podcasts produzidos por grupos de pesquisa universitários e os programas feitos com especialistas na área têm se adequado a nossa procura.
      2. Assim, para a segunda indagação, penso que vale a pena acompanhar os podcasts mais ligados aos critérios que apontamos.
      3. Sobre trabalhos específicos no ensino médio, não me recordo no momento. Mas sugiro olhar esse texto que citamos: BARROS, G. C.; MENTA, E. Podcast: produções de áudio para educação de forma crítica, criativa e cidadã. Revista de Economía Política de las Tecnologías de la Información y Comunicación. vol. 9, n. 1, abr. 2007. Ele já tem um tempo, mas relata sobre o projeto PodEscola, um dos primeiros do país no tema. Os apontamentos são muito interessantes.
      Saudações

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  18. Muito bom texto!! Minha pergunta é a seguinte, Sabemos que existe disparidades entre o Ensino de História na sala de aula, metodologias fracassadas ainda estão vigentes. Ou seja, existem alunos que não são preparados para o uso de novas tecnologias como ferramenta de aprendizagem.
    Como nivelar uma turma que nunca teve contato com esse tipo de material (podcast) para aprender, interpretar e relacionar com a aula "conversada" e a atualidade ? Visto que devemos traçar a história presente-passado para melhor abordagem !

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    1. Olá Rafael, ótima discussão. Vamos lá.
      Considerando o quadro que você aponta, penso que os podcasts se adequam muito bem a ele, podendo oferecer bons resultados. A priori, considero que o distanciamento das tecnologias envolve muito mais os professores do que os estudantes. Atualmente os alunos da educação básica e do ensino superior estão muito mais familiarizados com as tecnologias digitais do que com as mídias impressas, fazem pesquisa no google, ouvem música nos serviços de streaming, seguem youtubers, jogam pelo celular etc. Enciclopédias, bibliotecas, jornais impressos... vão ficando cada vez mais distantes dessa geração. Por mais que esse quadro varie consideravelmente entre as regiões e as classes sociais, o Brasil hoje tem dois dispositivos digitais por habitante (https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/04/brasil-tem-230-milhoes-de-smartphones-em-uso.html), e esse acesso mínimo aos dispositivos também se apresenta nas escolas públicas.
      Isso não quer dizer que os alunos estejam preparados para o uso das tecnologias digitais, concordo com vc. Por isso é fundamental investir na educação midiática. A atual BNCC tem enfatizado a necessidade de se pensar as tecnologias de forma crítica, significativa, reflexiva e ética, considerando tanto os usos das tecnologias para a pesquisa e a informação, como a compreensão dos significados sociais e culturais delas. Vale a pensa olhar isso nas Competências Gerais.
      Diante dos elementos expostos, os estudos sobre podcasts têm demonstrado o potencial da mídia para o diálogo presente-passado, fortalecendo o protagonismo dos estudantes a partir de suas próprias demandas. Penso que o professor pode mediar esse contato com a mídia, orientando a produção de roteiro e a pesquisa. Deixo aqui uma matéria da Nova Escola sobre o tema: https://novaescola.org.br/conteudo/18378/chegou-a-hora-de-inserir-o-podcast-na-sua-aula
      Saudações

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  19. Olá! Boa noite, tudo bem com vc!?

    Foi muito gratificante conhecer um pouco do trabalho de vcs, e saber das possibilidades dos podcast para o ensino de História! (Ainda mais depois de ter assistido "midnight gospel", que embora seja uma série, aborda um pouco acerca de podcast)

    Fiquei muito curiosa quanto aos recursos básicos necessários para a criação dos podcast. Há a possibilidade de feitura dos mesmos com poucos recursos? Se sim, quais os mais básicos necessários para tal?


    Muito obrigada por compartilhar esse conhecimento.
    Abraço.



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    1. Olá Larissa, obrigado pelo comentário.
      Sim, é possível produzir com poucos (e gratuitos) recursos. É claro que, se o desejo é produzir algo mais profissional, será necessário investir em microfone, editor de áudio etc. Para o uso educacional, sem essas demandas, o próprio smartphone pode fazer todo o trabalho. Destaco esse dispositivo, pois ele é mais popularizado do que os notebooks, sendo comum que muitos alunos tenham aparelhos individuais. Em geral, todos os smartphones têm gravador de áudio, mesmo os modelos mais simples. O processo passa por estabelecer o roteiro, a dinâmica e gravar. Existem editores gratuitos para Android e em muitos disponíveis online. A matéria da Nova Escola oferece um passo a passo para o uso na Educação bem interessante: https://novaescola.org.br/conteudo/18378/chegou-a-hora-de-inserir-o-podcast-na-sua-aula
      Saudações

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  20. Parabéns pelo trabalho.
    Gostaria que comentasse sobre como fica a citação (tão comum aos trabalhos da área de História) do Podcast em caso de trabalho acadêmico - escolar? Sou professor do Ensino Médio Integrado e costumo recomendar alguns PodCasts. Mas sempre fico na dúvida sobre qual a melho maneira de fazer a refer~encia

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  21. Olá Ricardo, obrigado pela pergunta.
    Realmente é algo pouco usual. Conheço o seguinte modelo: Título do post. [Loucação de]: Nome do locutor. Local: Produtora, dia mês ano. Podcast. Disponível em: link. Acesso em: data de acesso.
    Exemplo: ANTICAST 66: as histórias e teorias das cores. Entrevistadores: Ivan Mizanzuk, Rafael Ancara e Marcos Beccari. Entrevistada: Luciana Martha Silveira. [S. l.] Brainstorm9, 31 jan. 2013. Podcast. Disponível em: https:player.fm/series/pupilas-em-brasas. Acesso em: 24 ago. 2015.
    Esse post da PUCRS também pode ajudar: https://www.facebook.com/bibliotecapucrs/posts/1398839170290128/
    Saudações

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