Cláudia Cristina do Lago Borges e Priscilla Gontijo Leite


O USO DAS TECNOLOGIAS NAS DIRETRIZES DA BNCC E DA BNC-FORMAÇÃO




Pensar o ensino de História sempre foi um desafio para professores e pesquisadores em busca de torná-lo significativo para o aluno e alcançar o desenvolvimento da consciência histórica, um dos pilares fundamentais para o exercício pleno da cidadania. Nos tempos atuais, adiciona mais um desafio para o professor: a “concorrência” do mundo digital na sala de aula. A presença do virtual está cada vez mais forte no cotidiano por meio de ofertas de dispositivos, mídias, aplicativos e softwares, que, a princípio, tem se tornado atrativos para o público mais conectado com a internet, porém, isso não garante sua confiabilidade no quesito aprendizagem. Quando o professor não utiliza bem a tecnologia na sala de aula, ela deixa de cumprir o papel de ser uma ferramenta para uma aprendizagem significativa e crítica. Assim, a tecnologia deve ser sempre um aliado do professor no processo educativo e não encarado como um concorrente.

Por outro lado, práticas educacionais juntamente com as estruturas escolares somam-se a outra gama de fatores que tornam o ensino de História um desafio tanto para quem já está em sala de aula, como para os que ainda irão começar essa jornada. Este complexo sistema, que tem sido bastante discutido nas bases teóricas da educação brasileira, se depara agora com dois marcos regulatórios: a BNCC, implantada em 2017, e a BNC-Formação, que regulamenta as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores, publicada em dezembro de 2019.

Se partirmos para as ações práticas da sala de aula, nos deparamos hoje com um cotidiano considerado incomum há 20 anos, e que, apesar de estarmos totalmente inseridos nele, para muitas escolas e professores o uso das tecnologias digitais voltadas para a educação é considerado pedagogicamente inapropriado, ou ainda evitado por diversos fatores, desde não saber dominá-lo à precária infraestrutura física de algumas escolas, como indicou uma pesquisa realizada por professores da rede básica de João Pessoa em 2019.  Porém, precisamos admitir que o uso das tecnologias hoje é tão costumeiro quanto levantarmos todos os dias para realizar nossos afazeres. A abrangência dos tipos de mídia e o acesso a internet têm aproximado cada vez mais os indivíduos ao universo digital e virtual, ao ponto de passarmos mais hora na frente de uma tela conectada do que fazíamos nos anos 2000.

No confronto inevitável entre o ensino tradicional e a inserção de metodologias ativas, a qual inclui o uso de tecnologias digitais, o cenário brasileiro é desconcertante. Vários docentes e instituições de ensino não têm a menor ideia de como lidar com essa modalidade e nem mesmo possui qualquer condição estrutural para adaptar-se a esse modelo. Desta forma, em especial no Brasil, o nível e a abrangência de inserção de alunos, professores e escolas no sistema de uso das tecnologias no ensino ficam apenas no discurso formal, como indica o relatório da UNESCO de 2014. Se compararmos os dados da UNESCO com o relato dos professores hoje, percebemos que concretamente poucas alterações ocorrerem, especialmente na rede pública de ensino. Assim como cita o documento:

“[...] se um professor de finais do século XIX entrasse hoje em uma sala de aula típica de uma escola na América Latina, a maioria das coisas lhe seriam muito familiares: o giz e a lousa, as carteiras ou os livros didáticos são tão comuns agora como naquela época. Entretanto, não são muitos aqueles que parecem se dar conta de que este mesmo professor antiquado se surpreenderia pelas demandas dos currículos de hoje.” [UNESCO, 2014, p. 12]

E percorrendo hoje as escolas públicas do Brasil, e quanto mais afastadas dos centros urbanos for, vê-se que as condições de adequação ou adaptação para o uso das tecnologias voltadas para educação são realidades bastantes destoantes daquelas que vemos nas escolas privadas de áreas metropolitanas.

Para debatermos aqui este perfil do mundo digital voltado para educação e sua relação com os marcos regulatórios, especificamente a BNCC e a BNC-Formação, dividiremos nossa discussão em três partes breves. Em primeiro lugar, vamos discutir sobre o uso das tecnologias aplicadas ao ensino de História; em segundo, vamos debater sobre esses novos marcos regulatórios e como eles se pronunciam quanto ao uso das tecnologias; e por último discutir como e quais os impactos do uso dessas tecnologias na condição real das estruturas escolares brasileira a partir da análise de entrevistas com professores da rede de João Pessoa.

O temo TICs – Tecnologia da Informação e da Comunicação surgiu nos anos 1970, mas nos idos dos anos de 1990 sua abrangência, antes utilizada nas áreas de ciências e tecnologias, acabou se expandindo e sendo aplicado nas áreas de educação. A princípio, a introdução dessa ideia passou a ser relacionada quase exclusivamente ao uso dos computadores, especificamente para que os alunos se familiarizassem com o funcionamento básico da máquina. Foi quando então as escolas deram início a abertura de salas aulas de informática. Com o avanço tecnológico em curso, vimos também a “evolução” dessas aulas e seus dispositivos, que passaram do computador, depois para os tablets, e agora a popularização das aulas de robótica. O uso da tecnologia reforça como o aspecto prático é um componente importante para a aprendizagem significativa e a importância da escola ter vários espaços, a exemplos de laboratórios dos mais variados tipos, para além do tradicional modelo da sala de aula.

Para os professores, a introdução dessa tecnologia no processo de aprendizagem ficou restrita ao uso de projetores, sem, no entanto, inserir os docentes no processo das metodologias ativas e inovadoras. Em outras palavras, a criação de salas de informática nas escolas inseriu os alunos, mas não os professores de outras áreas de conhecimento, que se mantiveram restritos ao uso do livro didático. Por outro lado, os docentes assistiram o avanço do uso de dispositivos por seus alunos, sem que, para isso, recebessem suportes técnicos e de formação por parte das estruturas educacionais e governamentais.

Se analisarmos a evolução das mídias e da facilidade de acesso a internet, vemos que com a chegada dos aparelhos móveis, como os smartphones, a disponibilização de informações ficou muito mais acessível, porém, muito mais vulnerável na sua credibilidade e confiabilidade. Aplicado ao ensino, a variedade de videoaulas, podcasts, filmes, games, aplicativos e software, pode instigar os alunos e auxiliar ao professor no processo de aprendizagem, porém, a questão é comoesses recursos estão sendo usados. Segundo Conte e Martini:

“[...]As tecnologias abrem horizontes para a curiosidade e criação humana da realidade e requerem a adoção de diferentes posturas e entendimentos no campo da formação educativa, como forma de superar os reducionismos e automatismos técnicos de ensino prescritivo para uma aprendizagem narrativa do mundo.” [CONTE; MARTINI, 2015, p. 1192]

Assim, a questão do uso das tecnologias para o ensino de História confronta-se com a da abertura de um vasto caminho de informação, tais como a possibilidade de ler textos ou documentos originais, ver mapas e obras de arte que se encontram apenas em arquivos ou museus, visitar sítios arqueológicos ou entender a construção de cidades antigas através de uma animação em 3D, tudo na frente de uma tela, mas que pode também conduzir para um crescimento da desinformação, levando a crença e divulgação das Fake News. E aí, um dos problemas que percebemos em algumas mídias que usam a História como enredo ou cenário, é a total falta de elementos historiográficos confiáveis.

Diante da ampliação do acesso a mídias que se utilizam da História, cabe-nos questionar como as políticas públicas de ensino pensaram nesse aspecto. Para tanto, iremos utilizar os marcos normativos produzidos pelo MEC nos últimos anos. Esses marcos tanto do ensino básico quanto o da formação de professores, segundo os próprios documentos, buscam uma regulamentação uniformizada para a educação brasileira, que, a princípio, deveria diminuir as discrepâncias no processo de ensino/aprendizagem em relação às questões regionais, sociais, econômicas etc. De acordo com a própria BNCC, a Base “[...] é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, de modo a que tenham assegurados seus direitos de aprendizagem e desenvolvimento.” [BRASIL, 2017, p.7].

Já para a BNC-Formação, “[...]os professores devem desenvolver um conjunto de competências profissionais que os qualifiquem para colocar em prática as dez competências gerais, bem como as aprendizagens essenciais previstas na BNCC, cuja perspectiva é a de oferecer uma educação integral para todos os estudantes, visando não apenas superar a vigente desigualdade educacional, mas também assegurar uma educação de qualidade para todas as identidades sobre as quais se alicerça a população brasileira[...].” [BRASIL, 2019, p.1]

Posto que as diretrizes que nortearam a organização dos documentos, devemos questionar como superar o problema das desigualdades regionais de forma prática, sem que nenhuma região perca sua diversidade. Em termos pontuais, é possível pensarmos uma uniformização de aprendizagem de um aluno que estuda em uma escola pública em área ribeirinha no centro da Amazônia do mesmo modo que um aluno de uma escola privada na zona sul do Rio de Janeiro? E os professores dessas duas escolas, tiveram a mesma formação? Como fazer que as identidades tão diferentes reconheçam a si mesma e ao outro? Como lidar com os conteúdos de aprendizagem em cada região do país? E principalmente como garantir o acesso à tecnologia e a sua utilização crítica diante da enorme desigualdade social e econômica do Brasil? Neste sentido, o que os documentos trazem como proposta de “educação integral para todos” remete principalmente nas competências, sendo esta entendida pela BNCC como “[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana[...]” [BRASIL, 2017, p.8], e no caso das competências gerais, cabe ao professor “compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informaçãoe comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.” [Idem, p.9, grifo nosso]

Conforme o trecho acima, pressupõe que qualquer que seja a área de atuação, o professor deve não somente aplicar, mas também ter domínio para criar tecnologias digitais. Essa ideia também é defendida por Maria Lúcia Serafim e Robson Souza, quando afirmam que:

“[...]é essencial que o professor se aproprie de gama de saberes advindos com a presença das tecnologias digitais da informação e da comunicação para que estes possam ser sistematizadas em sua prática pedagógica. A aplicação e mediação que o docente faz em sua prática pedagógica do computador e das ferramentas multimídia em sala de aula, depende, em parte, de como ele entende esse processo de transformação e de como ele se sente em relação a isso, se ele vê todo esse processo como algo benéfico, que pode ser favorável ao seu trabalho, ou se ele se sente ameaçado e acuado por essas mudanças”. [SERAFIM, SOUZA, 2011, p. 20]

Assim, recai sobre o professor a responsabilidade pelo o uso das tecnologias em sala de aula. Deve-se perguntar então se lhe é proporcionados meios suficientes para que o professor consiga cumprir com essa responsabilidade. Nesse sentido, devemos nos perguntar sobre seu processo formativo. Atualmente nem todos os cursos de licenciaturas e as formações continuadas permitem que os professores desenvolvam aparatos capazes de lhe instrumentalizar para o uso das tecnologias. Conforme as competências gerais da BNC-Formação, cabe ao professor:

“Pesquisar, investigar, refletir, realizar a análise crítica, usar a criatividade e buscar soluções tecnológicas para selecionar, organizar e planejar práticas pedagógicas desafiadoras, coerentes e significativas”, e, reproduz o texto da BNCC, na qual o professor deve “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas docentes, como recurso pedagógico e como ferramenta de formação, para comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e potencializar as aprendizagens.” [BRASIL, 2019, p. 17, grifo nosso].

Diante destas diretrizes podemos questionar se a formação será a partir do currículo do próprio curso, cuja carga horária está voltada para o conceito das práticas pedagógicas e da formação específica, ou deverá o professor recorrer a cursos de formação continuada? E como os professores que se encontram em sala de aula deverão se adequar as exigências regimentais? E como a formação continuada irá acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias? Talvez a afirmação de remeter ao professor a tarefa de “criar tecnologias digitais” constitua uma ideia simplificada sobre o que seja a criação de tecnologias aplicadas ao ensino. Afinal, o desenvolvimento da tecnologia envolve competência e habilidades para além da didática. Não estaria, portanto, atribuindo ao professor uma tarefa além de sua formação?

Buscando entender como todo esse sistema funcionará na prática, precisamos primeiro analisar a nossa conjuntura atual e quais as perspectivas futuras. Para isso, precisamos entender as demandas dos professores, bem como seus anseios para perceber se as normativas elaboradas pelo poder público lhes são pertinentes. Para isso, em 2019, o Grupo de Pesquisa Humanyzarte, do Departamento de História da UFPB realizou uma pesquisa entrevistando 273 alunos do 6º ano do Ensino Fundamental e 5 professores de História das respectivas turmas, todos de escolas públicas de João Pessoa. Dos professores, todos informaram recorrer ao uso das tecnologias para sua preparação de aula, mas, todos também concordaram que a escola não oferece algum tipo de plataforma ou fórum digital para interação entre professor e aluno nas atividades além da sala de aula. Também apontaram como propostas para as escolas dinamizarem a utilização desses recursos: uma maior acessibilidade tecnológica, além da projeção de slides e apresentação de filmes, interdisciplinaridade entre as aulas de História e de Informática, e a elaboração de oficinas para capacitação dos professores.

No caso dos alunos, vemos que o acesso aos dispositivos móveis, como o smartphone são maiores, 93,8%. Porém, 63,4% disseram utilizar o livro didático para seus estudos, 86,1% informaram que na escola não é permitido o uso de celular em sala de aula, e 14,7% [o equivalente a 40 entrevistados] disseram não ter acesso a internet. Ou seja, diante deste quadro, percebe-se claramente as discordâncias entre o que está na regulamentação da BNCC e o que é na prática escolar.

Segundo o relatório da Unesco [2014], o uso das tecnologias digitais na educação tende a diminuir as desigualdades, pois aproxima alunos e professores de diversas áreas através de sistemas digitais e virtuais, e para isso “uso de métodos de ensino e aprendizagem que vão além das lições e dos livros escolares pode ajudar a conseguir que os estudantes aprendam melhor a partir de uma combinação de recursos adequadamente orquestrados pelo professor.” [UNESCO, 2014, p. 24]

As análises apresentadas pelo relatório da UNESCO sobre o uso das tecnologias digitais na educação na América Latina, sem dúvida, traz um retrato sobre como a educação precisa acompanhar a atualização tecnológica, e como a escola e professores precisam adaptar-se a esse modelo que já se encontra vigente, e que, por mais que haja resistências, não retrocederá. Provavelmente, as orientações presentes nos marcos regulatórios da educação brasileira, a BNCC e a BNC-Formação, estejam buscando adotar a mesma regra nas competências gerais do professor e do processo de aprendizagem. Mesmo concordando com as propostas apresentadas pelos documentos aqui citados, e sendo favorável a uma mudança nos paradigmas das metodologias e práticas de ensino, não podemos nos furtar ao questionamento de como isso afeta alunos, professores e escolas das áreas mais vulneráveis de recursos governamentais.

De acordo com os dados aqui apresentados pela pesquisa do Humanyzarte, a qual aponta para uma pequena amostragem de uma gigante realidade nacional, podemos afirmar que serão necessárias muitas mudanças para chegarmos ao que é indicado pelo estudo da Unesco e, também, ao que é desejado pelos normativas governamentais. E, diante do quadro exposto, faz-se necessário pensar a ampliação e adoção de políticas e sistemas de formação complementares para além dos currículos de formação, bem como de assistências técnicas as escolas, pois sem suportes e formação adequada, o uso das tecnologias para educação não passará de propostas teóricas.


Referências

Dra. Cláudia Cristina do Lago Borges é professora de Pré-história da UFPB e Coordenadora do ProfHistória da UFPB.

Dra. Priscilla Gontijo Leite é professora História Antiga do Departamento de História da UFPB, coordenadora do Grupo de Pesquisa Humanyzarte.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 2017.

BRASIL. Portaria n. 22, de 20 de dezembro de 2019.

CONTE, Elaine; Rosa Maria Filippozzi MARTINI. As Tecnologias na Educação: uma questão somente técnica? In: Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 40, n. 4, p. 1191-1207, out./dez. 2015.
SERAFIM, Maria Lúcia; SOUSA, Robson Pequeno de. Multimídia na educação: o vídeo digital integrado ao contexto escolar. In: SOUSA, R. P.; MOITA, F. M.; CARVALHO, A. B.G. (orgs.). Tecnologias digitais na educação. Campina Grande: EDUEPB, 2011.

UNESCO. Tecnologias para a transformação da educação: experiências bem-sucedidas e expectativas. Relatório. 26 de outubro de 2014. Disponível em: http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/FIELD/Brasilia/pdf/brz_ci_preliminar_doc_tecnologias_transformacao_educacao.pdf. Acesso em 20 de novembro de 2019.

20 comentários:

  1. Como o professor em sala de aula pode usar das tic's e apresentar esta forma de aprender, diante de uma diversidade de realidades em que uma parte dos alunos não possuem acesso a essas tecnologias em seu cotidiano?

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    1. Prezada Beatriz Bezerra,
      Realmente há vários fatores que não estão no alcance do docente, como as tecnologias disponíveis na escola (laboratórios, computadores, Datashow etc). Por isso, a importância dos estudos, como apresentado pela Unesco para mapear as fragilidades e indicar ao poder público onde investir melhor o dinheiro. Isso é no quadro teórico, pois sabemos que na realidade, as vezes, os recursos não chegam ondem deveriam. Uma alternativa que alguns professores encontram nesse cenário é a utilização de smartphones e de alguns aplicativos mais leves.
      Outra alternativa é incentivar a participação dos alunos em feras de tecnologias e feras em universidade e faculdades. Também pode entrar em contato com programas de extensão na sua localidade para incorporar a escola em algum projeto. É importante ampliar o olhar do aluno, despertar seu senso crítico e incentivar seu interesse pela continuidade dos estudos para além da escola.
      Att, Priscilla Gontijo.

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    2. Prezada Beatriz Bezerra,
      Realmente há vários fatores que não estão no alcance do docente, como as tecnologias disponíveis na escola (laboratórios, computadores, Datashow etc). Por isso, a importância dos estudos, como apresentado pela Unesco para mapear as fragilidades e indicar ao poder público onde investir melhor o dinheiro. Isso é no quadro teórico, pois sabemos que na realidade, as vezes, os recursos não chegam ondem deveriam. Uma alternativa que alguns professores encontram nesse cenário é a utilização de smartphones e de alguns aplicativos mais leves.
      Outra alternativa é incentivar a participação dos alunos em feras de tecnologias e feras em universidade e faculdades. Também pode entrar em contato com programas de extensão na sua localidade para incorporar a escola em algum projeto. É importante ampliar o olhar do aluno, despertar seu senso crítico e incentivar seu interesse pela continuidade dos estudos para além da escola.
      Att, Priscilla Gontijo Leite.

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    4. Perdão, esqueci de assinar
      Beatriz Bezerra da Silva

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  2. Boa tarde,

    Gostei da perspectiva das autoras de confrontar diretrizes oficiais com a realidade de alunos e professores da ponta. Tenho duas perguntas.

    1. A primeira de caráter mais prático: Onde está disponível o texto da BNC-Formação? Usando os dados da referência bibliográfica não achei. Quero muito ler o documento e comparar com o que já estudei da BNCC.

    2. Vocês apontaram no fim que "podemos afirmar que serão necessárias muitas mudanças para chegarmos ao que é indicado pelo estudo da Unesco". Em síntese, quais as ações que as autoras julgam mais relevantes para isso, considerado a realidade do ensino público para isso?

    Att. João Gilberto Neves Saraiva

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  3. Olá João,
    O texto da BNC-Formação é a RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019, disponível na íntegra em http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2019-pdf/135951-rcp002-19/file.
    Particularmente tenho várias críticas sobre esse documento, porém, me atendo a questão específica do uso das tecnologias, agora, mais do que nunca, estamos vendo como a prática e o conhecimento do uso das TICs para educação é necessário, especialmente para a formação docente.
    E aí, já comentando a sua segunda questão, a proposta apresentada pela UNESCO é bem abrangente, e o estudo que ela fez, considerando os países da América Latina, as desigualdades quanto ao acesso às tecnologias é gigantesco. E aí estamos vendo que não basta os professores dominarem o uso dos recursos tecnológicos, como prega a BNCC e a BNC-Formação, mas é necessário a socialização dos recursos.
    Analisando especificamente a formação docente, o quadro atual empurrou toda uma classe docente ao uso da tecnologia, mesmo sem ter o menor domínio. A experiência que podemos adquirir de tudo isso é a necessidade clara das instituições formadoras começarem a trabalhar essas habilidades, se não no próprio corpo departamental, ou buscar outros setores e profissionais da instituição que possam contribuir. E isso pode ser feito através de projetos de ensino, pesquisa ou extensão.
    E, para além da tecnologia, pensar como tornar esses recursos acessíveis ao público escolar de modo geral.
    No nosso caso em particular, coordenamos um grupo de pesquisa chamado Humanyzarte, voltado para o uso das tecnologias no ensino de História. Trabalhamos com projetos de ensino, em que desenvolve o uso de games; um projeto de extensão que utiliza o recurso de podcast, e um projeto de pesquisa (ainda em fase de elaboração) que analisará os impactos desses recursos no ensino básico, e teremos como amostras alunos e professores de escolas públicas de João Pessoa.
    Isso é só o começo, e a partir da experiência pela qual estamos passando, teremos muito trabalho pela frente, e esperamos compartilhar nossos resultados.
    Obrigada por dialogar conosco.
    Att. Cláudia Cristina do Lago Borges

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  4. Muito obrigado por responder prontamente. Vou baixar agora mesmo o documento.

    Concordo com vocês que a pandemia do coronavírus deixou evidente para o quadro mais amplo da comunidade escolar e universitária algo que os pesquisadores do tema já apontavam: a necessidade urgente de formação dos profissionais(seja ainda nas graduações, ou depois delas)em questões de uso educacional de tecnologias.

    Achei muito interessante o grupo de pesquisa coordenado por vocês seguir várias linhas ao mesmo tempo de questões que são importantes e atuais. Vou procurar por vocês redes sociais, etc. para me manter informado das ações e pesquisas. Moro e trabalho no estado vizinho, RN, então atuo em um quadro semelhante ao retratado em João Pessoa.

    Att. João Gilberto Neves Saraiva

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    1. Oi João,

      O grupo Humanyzarte tem uma página na web que usamos para divulgar o game desenvolvido pelo grupo - https://humanizarteufpb.wixsite.com/humanyzarte
      O jogo Evolucy está disponível na plataforma na versão demo, e em breve, estará disponível por completo e também para sistema androide.
      Podemos fazer contato e trocar informações. Nossos contatos são: humanizarteufpb@gmail.com
      claudialago.rn@gmail.com

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  5. Olá,

    Tendo em vista o tema tratado no texto e a relação das TIC's com a formação de professores não seria necessário levantar o questionamento também sobre as longas jornadas de trabalho de professores da rede pública de ensino além de apenas problematizar a sua formação? Ou seja, o professor necessita de muito mais do que apenas formação e computadores à sua disposição. Necessita também remuneração condizente e tempo hábil para a reflexão do seu próprio trabalho a fim de que possa formar essa capacidade de "...criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética..." como defende a BNCC.

    Além disso, sugiro que procure pesquisar sobre o ProInfo, programa do governo federal, regulamentado em 2007 pelo decreto nº 6300, e que deveria fornecer às escolar esse apoio técnico e pedagógico para o uso das TIC's em sala de aula.
    Obrigado!
    Nome: André Guilherme da Cruz Cremonesi

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    1. Olá André,

      Bom, falar dos problemas que pautam as atividades do professor da rede básica é gerar diversas abordagens, e todas sim são necessárias. Entretanto, demos preferência em pontuar uma questão atual, que são os usos das tecnologias.
      O que queremos discutir é que a formação do professor vai para além dos conteúdos teóricos, ela parte por questões práticas, e como temos atualmente dois regulamentos, BNCC e BNC-Formação, impor a criação e uso de tecnologias no ensino básico, requer um novo aparelhamento estrutural e curricular dos cursos de formação, bem como do sistema geral que recai sobre professores e alunos do ensino básico, em especial das escolas públicas. E a discussão sobre ações de valorização, formação continuada e reconhecimento da categoria docente trata de uma abordagem política, requerendo análises e, até mesmo, espaços de caracteres para além do que propomos na discussão em pauta.
      Do mesmo modo é a discussão sobre o ProInfo de 2007, cujo projeto inicial teve diretriz bem fundamenta, com resultados iniciais bem promissores no contexto da formação docente, mas, voltando a questão política, não teve continuidade, além de não ter se estendido a um âmbito amplo das regiões brasileiras. A exemplo disso, professores de algumas escolas indígenas e de escolas do campo não receberam essa formação. Além de que, na época de criação, o programa atendia a uma demanda técnica específica (pensando nos softwares e sistemas disponíveis), em que professores receberam treinamento básico do uso das tecnologias, porém, a falta de atualização do próprio projeto deixou outras gerações de docentes à deriva quanto às tecnologias. Atualmente, professores estão tendo que lidar com sistemas de aulas remotas, plataformas que gerem reuniões em grupo, elaboração de softwares, games, podcasts, vídeo-aulas, e que, além de fazer, têm que editar, organizar, registrar, etc. É uma demanda atual que não fazia parte da realidade cotidiana da prática do professor. Ou seja, projetos no Brasil existem, assim como a criação de regulamentos, mas nem sempre são eficazes, e em geral, não são pensado para o âmbito público, e sim do privado.

      Espero ter atendido aos seus questionamentos.
      Att. Cláudia Cristina do Lago Borges

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  6. Caros autores Cláudia Cristina do Lago Borges e Priscilla Gontijo Leite, eles têm uma proposta interessante pensando em professores e alunos ao mesmo tempo. Como o projeto humanizado funciona nesta época do Covid 19 - pandemia? Como os podcasts funcionam nesse período de pandemia no proposta Humanizarte?


    Estimadas autoras Cláudia Cristina do Lago Borges e Priscilla Gontijo Leite, Tienen una interesante propuesta https://humanizarteufpb.wixsite.com/humanyzarte/equipe pensando en profesores y estudiantes simultáneamente. ¿Cómo funciona el proyecto humanizarte en este tiempo de covid 19? ¿Cómo funciona los podcasts en este tiempo de pandemia?

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    1. Agradeço o interesse Maria Isabel,
      Durante o período de pandemia estamos utilizando principalmente o email e o whatspps para dar prosseguimento as atividades do nosso projeto. Os programas do podcasts são gravados através do Skype, que foi a ferramenta que permitiu uma melhor qualidade de som (testes com outros programas foram realizados). Depois das entrevistas, os alunos fazem a edição do podcast em casa e nós, professores, fazemos os ajustes e correções. A divulgação está nas nossas redes sociais (@sentaquelavempodcast). A cada 15 dias estamos com um programa novo. Juntamente com os podcast divulgamos também um formulário do Google com perguntas sobre o perfil dos nossos ouvintes/estudantes e outras perguntas sobre a opinião deles sobre os programas. Ainda estamos na fase de coleta de dados, mas o nosso objetivo é, a partir dessas respostas, traçar quais estratégias podemos desenvolver para usar o podcast na sala de aula.
      Estamos a disposição para mais esclarecimentos.
      Priscilla Gontijo Leite e Cláudia Lago.

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  7. Olá,
    Muito interessante e atual a reflexão. A maior dificuldade deade às novas tecnologias nas escolas das classes populares coloca um desafio ainda maior para nós, professores de escolas da periferia. Minha pergunta é: Que políticas públicas de acesso dos estudantes das classes populares às TIC's vocês indicam como positivas?

    Carlos César Bento Filho

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    1. Olá Carlos

      A especificidade pela qual estamos passando nos obriga a pensar e discutir quais políticas públicas podem tornar o uso das TICs na educação de forma acessível. Na verdade, nós, autoras do trabalho, ainda não pensamos especificamente quais políticas devem ser aplicadas, a não ser permitir que o acesso seja livre, por exemplo, o jogo a qual desenvolvemos é de uso gratuito e os podcasts estão disponíveis em diferentes plataformas.
      Porém, isso não é suficiente se os alunos não têm acesso a internet, e isso dependerá de ações governamentais e escolares.
      Esse momento, sem dúvida nenhuma, transformará o sistema de ensino quanto ao uso das TICs.

      Att
      Cláudia Cristina do Lago Borges

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  8. Texto muito pertinente, principalmente na conjuntura que estamos vivendo. Gostaria de saber se ao final da pesquisa realizada pelo Humanyzarte com os alunos e professores do ensino fundamental na rede pública foi possível desenvolver algum mecanismo para contribuir a nível prático no uso das TIC's em relação às escolas visitadas. Caso a resposta seja afirmativa, qual o resultado alcançado?

    Atenciosamente,
    Gabriela Castro de Lima

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    1. Olá Gabriela Castro de Lima,
      A aplicação dos recursos das TICs nas escolas visitadas estava prevista para 2020. Estávamos preparando as escolas para receber o jogo "Evolucy" e aplicação de algumas dinâmicas. Infelizmente, com o atual cenário não tivemos condições de prosseguir. Continuamos em contato com alguns professores e esperamos retomar essa aplicação prática em 2021. Enquanto isso, estamos pensando nos desafios do ensino remoto, pois a conjuntura demanda essa urgência.
      Att,
      Priscilla Gontijo e Cláudia Lago.

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  9. Olá professoras Cláudia e Pricilla. Parabenizo-lhes pelo texto.

    Tenho dois questionamentos:

    1) Vou citar abaixo a parte do texto que suscitou minha questão:

    "E como a formação continuada irá acompanhar o desenvolvimento de novas tecnologias? Talvez a afirmação de remeter ao professor a tarefa de “criar tecnologias digitais” constitua uma ideia simplificada sobre o que seja a criação de tecnologias aplicadas ao ensino. Afinal, o desenvolvimento da tecnologia envolve competência e habilidades para além da didática. Não estaria, portanto, atribuindo ao professor uma tarefa além de sua formação?"

    Concordo com a afirmação de que é simplificada e até leviana a ideia de que os professores em atuação se tornem criadores de tecnologias. As habilidades requeridas para tal, são muitas e não fazem parte de nossa formação profissional.

    Quais são as propostas/horizontes que vocês enxergam para solucionar a problemática da formação continuada voltada ao uso pedagógico das tecnologias digitais?

    2) Geralmente, as propostas de metodologias ativas estão ligadas às metodologias de caráter construtivista. Vocês acreditam que essa corrente pedagógica é capaz de embasar um ensino de História crítico e humanizador?

    Att.,
    Renan Bolonha Sancio

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    1. Olá Renan

      Bom, sobre o processo de formação, acredito que esse sistema atual despertará nos cursos de formação e nas instituições de ensino a necessidade de implantar cursos e/ou disciplinas que contemplem essas habilidades. No caso de professores que já estão em sala de aula, caberá as escolas e as secretarias de educação providenciarem essa formação complementar, e isso os próprios professores deverão solicitar. Infelizmente será mais uma luta na conta da classe docente.

      No caso das metodologias ativas, é importante ter noção de que, assim como as tecnologias utilizadas em sala, não falam ou ensinam por si só. Acho que ela vem a contribuir dentro do processo da metodologia construtivista, no sentido de complementação ou participação no ensino. Mas é ilusório achar que basta utilizar um método do tipo, por exemplo, aula invertida com uso da pesquisa na internet, e simplesmente o aluno construirá todo o conhecimento sobre determinada temática. O professor é antes de tudo aquele que conduzirá o aluno ao conhecimento, é necessário que ele dê as diretrizes e oriente seus alunos por onde e como seguir o caminho.
      O professor nunca se elimina, ele é a figura principal no processo.
      Espero ter respondido.
      Att.

      Cláudia Cristina do Lago Borges

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    2. Olá Cláudia, grato pela resposta.

      Também acho que a formação continuada caberá às secretarias estaduais e municipais. Entretanto, creio que enquanto não houver uma política nacional de incentivo ou determinação de criação de políticas de formação continuada voltada para as tecnologias, infelizmente tal formação ficará restrita às secretarias que a acharem necessário ou algo do tipo.

      Att.,
      Renan Bolonha Sancio

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