Bruno dos Santos Nascimento e Marize Helena de Campos


FAKE NEWS: DE PROBLEMA SOCIAL À INSTRUMENTO CRÍTICO NO ENSINO DE HISTÓRIA




 “Não há dúvida, né? Partido Socialista, como é que é? ”, disse o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em 02/04/2019, ao fazer visita ao Memorial do Holocausto em Israel. A frase se referia a afirmação feita pelo presidente de que o Nazismo, movimento partidário alemão que durante a Segunda Guerra Mundial prendeu e assassinou milhares de judeus, homossexuais, ciganos, negros e ...comunistas, era de esquerda. Seu respaldo comprobatório seria o nome do partido: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Inserida num contexto global de tensões políticas, sociais e econômicas, a afirmação do líder máximo do Estado brasileiro gerou certo desconforto na sociedade israelense, pois, nesta mesma visita ao Museu, Bolsonaro sugeriu um “perdão” aos crimes hediondos contra os 6 milhões de Judeus durante o Holocausto [O Globo, 2019]

É sabido que uma vasta historiografia sobre o fenômeno do Nazismo afirma que o mesmo foi um movimento de extrema-direita e que a opção pelo nome sugestivo do partido fora um instrumento para a adesão popular e uma afronta aos comunistas alemães da época. Na verdade, Hitler, líder máximo do Partido Nazista, nutria um ódio mortal pelos comunistas e o nome de seu partido funcionava como provocação estratégica:

Mais do que qualquer outro grupo, os marxistas, ludibriadores da nação, deveriam odiar um movimento cujo escopo declarado era conquistar as massas que até então tinham estado a serviço dos partidos marxistas dos judeus internacionais. Só o título “Partido dos Trabalhadores Alemães” já era capaz de irritá-los [Hitler]

Se a historiografia especializada é consensual sobre essa temática [Pragmatismo Político, 2017], e os próprios escritos de Hitler apontam para um desacordo ideológico, por que então nos deparamos hoje com uma discussão sem o mínimo fundamento científico ou histórico?

Evidentemente que estamos tratando, sobretudo, de uma discussão política e ideológica, mas que não é mundial. A historiografia alemã, por exemplo, não se preocupa com a natureza ideológica do Nazismo, visto que já foi suficientemente demonstrada; mas, antes, com a natureza de sua existência na Alemanha da primeira metade do século XX. “Nazismo de esquerda” parece figurar uma disputa ideológica e simbólica somente brasileira [Uol, 2018].

Essa simplória incursão introdutória nos orienta como rastro sintomático de uma possível crise sobre o conceito de verdade no mundo contemporâneo, que inevitavelmente atinge diversos setores da vida cotidiana e, sobretudo, neste caso, a interpretação histórica sobre eventos importantes. Além disso, é patente que a difusão cada vez mais constante de informações e notícias falsas esteja influenciando também o processo de ensino-aprendizagem e ainda a relação professor-aluno-escola-família, uma vez que o conflito ideológico brasileiro perpassa por diversos âmbitos da vida comum [Correio Brasiliense, 2018]. Agentes políticos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Movimento Escola Sem Partido estão cada vez mais em evidência no Brasil com uma espécie de revisionismo histórico e uma luta cega contra a “doutrinação comunista” nas escolas, protagonizando polêmicas conceituais e difusão de notícias falsas [O Globo, 2018], como “Nazismo de esquerda” e “Ideologia de Gênero”. Além disso, cada vez mais jornalistas acendem na discussão pública falando sobre história de maneira deliberada. O tal Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, escrito pelo jornalista Leandro Narloch, é uma das expressões mais cabais da vulgarização da história, pois trata de temas históricos polêmicos de forma sensacionalista e equivocada, aquém do rigor metodológico e científico da historiografia especializada [Narloch, 2009]. No que nos interessa a discussão em torno das assim chamadas Fake News, será tratada aqui como um problema social agudizado pelas novas redes digitais e também como instrumental para um ensino crítico de história que deve ter sua primazia pautada na pesquisa e análise das fontes, passadas e do tempo presente.

Fake News: problema social de longa data
Os termos “Fake News” e ”pós-verdade” ganharam atenção especial pelo mundo a partir de 2016. Eleita a palavra daquele ano, “pós-verdade” foi definida pelo Dicionário Oxford como: “Um adjetivo relacionado ou evidenciado por circunstâncias em que fatos objetivos têm menos importância na formação da opinião pública do que apelos por emoções ou crenças pessoais” [D’Ancona, 2018]. Essa definição, um tanto rasa, a partir de então buscou compreender eventos como a decisão do Reino Unido em sair da União Europeia, caso que ficou conhecido como Brexit(neologismo para Britain e Exit) e, sobretudo, a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos [Genesini, 2018]. Tomados esses eventos, a imprensa internacional procurou dar atenção especial ao consumo das chamadas notícias falsas, atribuindo a estas um status decisivo, como influenciadoras de resultados eleitorais e difusão da desinformação e ódio cibernético a partir de apelos emocionais e paixões pessoais.

À primeira vista, tais termos dão a entender que antes de 2016 ou mesmo da geração web 2.0, a verdade era imperativa no mundo, coisa que não se confirma ao olharmos a história global. Notícias falsas sempre existiram e temos relatos de sua existência desde a Antiguidade como recurso retórico usado por políticos para chegar a determinados fins pessoais e ideológicos [El País, 2018]. Robert Darnton, renomado historiador estadunidense, em texto publicado pelo Jornal El País em 2017, elenca alguns casos na história em que já existiam a presença da difusão de notícias falsas:

Procópio, o historiador bizantino do século VI, escreveu um livro cheio de histórias de veracidade duvidosa, História Secreta (Anedota no título original), que manteve em segredo até sua morte, para arruinar a reputação do imperador Justiniano, depois de ter mostrado adoração a ele em suas obras oficiais. Pietro Aretino tentou manipular a eleição do pontífice em 1522 escrevendo sonetos perversos sobre todos os candidatos menos o preferido por seus patronos, os Médicis, e os prendendo, para que todo mundo os admirasse, no busto de uma figura conhecida como Il Pasquino, perto da Piazza Navona, em Roma. Os pasquins se transformaram em um método habitual para difundir notícias desagradáveis, em sua maioria falsas, sobre personagens públicos [El País, 2017]

Dessa maneira, pode-se inferir que a difusão de notícias falsas não é um problema estritamente contemporâneo. Pelo contrário, atravessa a história humana de diversas formas e maneiras. Qual é então a diferença entre aquelas notícias falsas e as que localizamos hoje no tempo presente?
A grande diferença está na difusão dessas notícias e sobretudo na sua recepção [D’Ancona, 2018]. As Fake News modernas não são meramente mentira, calúnia ou notícias tendenciosas, mas sim, como aponta Thiago Reisdorfer, “raramente são pura invenção ou criação de informações sem respaldo. Em geral partem de concepções, crenças ou mitos presentes na sociedade, ou em parcelas que se deseja atingir, para a construção de sua narrativa” [Reisdorfer, 2019]. A disputa por narrativas deve ser aí destacada. Uma disputa pela fabricação da verdade, ou melhor, das verdades. Verdades que são construídas em um campo aberto de novas possibilidades e sem precisar estarem atreladas às grandes instituições sociais.

A novidade reside nessa nova era tecnológica, protagonizada pela internet e pelas grandes redes sociais de comunicação, em que existe uma exposição cada vez mais viral de informações das mais diferentes origens e destinações com um potencial de influência astronômico: “O novo é o Facebook, o Google e o Twitter, não a tentativa de contar mentiras ou falsificar informações, o que sempre existiu na história do mundo” [Genesini, 2018]. Esse novo mundo instituiu uma série de indiferenças e desconfianças com relação às instituições outrora detentoras de uma certa “verdade”, como a escola, a ciência e a política. Dessa forma, pode-se observar consequências agudas no campo social: negacionismo científico (terra planismo, nazismo de esquerda, vacinas que causam Autismo, ojeriza aos “especialistas” e negação do holocausto), hiperpolarização política e bolhas on-line (grupos que compartilham as mesmas ideias e percepções e que muitas vezes nutrem ódio pelo diferentee contraditório).

Diante dessas pequenas inferências sobre o fenômeno das Fake News, como nós, professores de história, poderíamos combater esse problema social com relação ao grau de veracidade de notícias e informações amplamente difundidas no espaço virtual que a maioria de nossos alunos está imersa?

O uso das fake News como instrumento de crítica e análise no ensino de História
O combate às Fake News deve abarcar diversos níveis de conscientização e prática crítica. O presente texto não pretende esclarecer todas as variações de um possível combate, mas sim, dar sugestões de intervenção no âmbito educacional, especialmente no ensino de história.
O professor, seja de qualquer área do conhecimento, deve ser o primeiro a estar atento às fontes utilizadas pelos seus alunos quando solicitada qualquer pesquisa ou trabalho efetuado através da internet. Muitas vezes a desatenção do docente abre caminho para propagação de informações duvidosas no ambiente escolar. Checar as informações e fontes consultadas pelos alunos é imprescindível para um primeiro combate às Fake News. Dessa forma, podem ser exercitados com os alunos os seguintes passos para uma boa pesquisa: perceber quais os diferentes conteúdos que estão sendo criados e compartilhados na rede, assim como identificar possíveis motivações desses criadores e a forma como o conteúdo é disseminado.
Quanto ao ensino de história, as Fake News históricas podem ser utilizadas como instrumental pedagógico e, assim fortalecer o senso crítico dos alunos a partir do momento que são confrontadas com textos de época e explanação da historiografia especializada. O confronto de interpretações abre espaço para ambientes de diálogo e amadurecimento cognitivo. É a partir da relação feita entre passado e presente, utilizando essas informações duvidosas que pode-se chegar a um combate mais eficaz em sala de aula contra a desinformação e as distorções históricas.
A seguir, transcrevo um projeto de atividade proposto pelo professor de história, Thiago Reisdorfer, especialista em história do tempo presente pela UDESC, feita para estudantes do segundo ano do ensino médio, como instrumental analítico para o ensino de história que tem o uso de um vídeo tendencioso sobre o processo de Independência do Brasil como matéria de pesquisa consciente e programática:


O grito do Ipiranga: Entre curiosidades e memória oficial
A atividade que propomos tem por objeto a análise do processo de independência brasileiro. Assim, pode ser aplicada tanto no ensino fundamental, quanto no ensino médio. Como preparação docente, este deve estudar o texto “Memória Da Independência: Marcos e Representações Simbólicas‘, de Maria de Lourdes Viana Lyra. O mesmo se encontra online, com fácil acesso aos professores. Indica-se também, apesar de não ser mandatório, a visualização do programa “Caminhos da Reportagem: Caminhos da Independência – ‘O grito nas ruas‘ disponível na integra no Youtube. Como preparação para os estudantes, deve-se apresentar, em diálogo com o material didático cotidiano, o processo de independência brasileiro. Após essa discussão, pode-se iniciar a atividade. Em termos práticos a atividade consiste na exibição e no debate de um vídeo de 2015 do canal O Curioso, hospedado no Youtube. O vídeo foi disponibilizado no dia 7 de setembro de 2015 com o chamativo título “10 COISAS QUE VOCÊ NÃO SABE SOBRE A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL‘. Ali são apresentadas 10 informações que, teoricamente, seriam desconhecidas de boa parte das pessoas:

1.A ida de D. Pedro de Santos a São Paulo teria sido realizada no lombo de uma mula e não a cavalo como a memória oficial consagrou.

2. D. Pedro, teria sido traído por sua amante a Marquesa de Santos.

3. Um dia antes do 7 de setembro D. Pedro teria sido rejeitado por uma “mulata” em Santos, que teria dado um tapa no rosto do então príncipe, após ele ter dado um beijo na bochecha dela. Após isso, ele teria tentado comprar a “mulata”, o que teria sido negado pelo seu dono.

4. Nos dias que precedem o 7 de setembro, D. Pedro teria se alimentado com uma variedade de alimentos e bebidas em Santos. Para “tirar o gosto” dessa alimentação, ele teria bebido “muito vinho”.

5. Como consequência, D. Pedro teria tido diarreia durante a viagem. Essa condição teria sido a causa da parada as margens do Rio Ipiranga. A tensão causada pela sua indisposição, juntamente como o recebimento de cartas de Maria Leopoldina teriam levado D. Pedro a proclamar a independência do Brasil.

6. O grito teria sido pura formalidade. O lema “independência ou morte” teria surgido depois. Mas a garantia da independência teria ocorrido apenas após “os brasileiros pegarem em armas”.

7.O grande organizador da estrutura estatal brasileira no período da independência seria José Bonifácio.

8. A maçonaria teria um papel importantíssimo nesse processo, sendo ―pilar fundamental da Independência.

 9. Exigência por parte de Portugal de indenização de 2 milhões de libras pelo reconhecimento da independência. Essa seria a origem da dívida externa brasileira.

10. Angola “quase teria” se tornado parte do território brasileiro.

A partir da exibição do vídeo e da enumeração das “curiosidades” elencadas pelo mesmo inicia-se um processo de análise histórica do vídeo. Essa análise pode ser feita coletivamente, pela turma toda, ou pode-se propor uma pesquisa específica, dividindo a turma em grupos responsáveis pelo levantamento de informações a respeito de uma ou mais dessas curiosidades. O professor deve providenciar material historiográfico para que os estudantes possam fazer o levantamento dessas informações. Como elemento central os estudantes devem ser incitados a verificar as informações disponíveis no vídeo e no material disponibilizado para a pesquisa. Isso pode ser feito tanto pela contraposição entre diferentes documentos históricos, quanto pela elaboração de um roteiro de questões ao material disponível. Algumas são centrais e comuns ao ofício do historiador e à crítica textual, outras podem ser elaboradas a partir dos interesses específicos do professor e da classe. Seguem algumas sugestões:

Quem produziu o texto/vídeo? Quando foi produzido? Qual sua intenção com essa narrativa? Como o texto/vídeo possui as informações apresentadas? Qual documento de época registrou o evento da forma narrada? Se não há registros, como é possível afirmar tal coisa? Quais os motivos para a construção da narrativa sem se basear em fontes confiáveis?

 A partir desses questionamentos os estudantes poderão, de forma acessível, perceber que as “curiosidades” 2, 3, 4, 5 e 6, não se sustentam após a verificação de textos da época. As “curiosidades” 1, 7, 8, 9 e 10 são elementos com vasta sustentação historiográfica e documental. A partir disso chegamos à parte argumentativa da atividade. Com essas informações e conclusões, o professor pode, de maneira dialógica, realizar uma discussão sobre como se faz importante a problematização constante a aprofundada das informações que nos chegam. Produtos de entretenimento, notícias jornalísticas, “links” compartilhados pelo Facebook, são produtos de interesses políticos, culturais, sociais que precisam ser pensados. Aceitar sumariamente informações sem sua leitura, sem sua checagem se constitui em um dano à dimensão cidadã da experiência dos sujeitos. Deste modo, o incentivo constante a essa problematização é elemento importante do processo de formação escolar do qual o ensino de História não deve se omitir [Reisdorfer, 2019].

Considerações
A temática aqui proposta buscou contemplar, ainda que de forma compacta, a problemática das famosas Fake News e da pós-verdade como fenômenos dotados de história, mas que encontram na contemporaneidade certo agudizamento, propiciado pelo vasto campo informacional das mídias digitais. Não se tratam de mentiras, são antes construções narrativas específicas em alto grau de tensão social, política e ideológica. Portanto, começar esse texto com a fala do presidente do Brasil afirmando que o nazismo teria sido um movimento de esquerda não foi mera casualidade estética. Um líder máximo de um país influencia uma massa de cidadãos que de forma desavisada propaga incoerências históricas e preconceitos (no sentido estrito do termo) que podem gerar discriminações, desacordos pessoais e ainda alimentar o ódio ao diferente e ao contraditório.

Utilizamos como forma de combate às Fakes a tática do uso delas próprias como instrumental analítico no ensino de história. Por se tratar de um problema complexo e de difícil resolução, vide a história das notícias falsas, optamos por uma abordagem que coloque os estudantes como protagonistas da checagem dessas informações, confrontando textos e fontes de forma dialógica, crítica e consciente a partir de um projeto de aula feito pelo professor Thiago Reisdorfer para alunos do segundo ano do ensino médio. É de esperar-se que mais professores pensem a temática de forma crítica e que possam assim estar esquematizando estratégias educacionais frente ao nosso velho-novo problema com as informações.

Referências
Bruno dos Santos Nascimento é graduando de História pela Universidade Federal do Maranhão [brunobs2098@gmail.com]
Prof.ª Dr.ª Marize Helena de Campos é docente do Curso de História pela Universidade Federal do Maranhão, Campus São Luís-MA
D’ANCONA, Matthew. Pós-verdade: A nova Guerra Contra os Fatos em Tempos de Fake News. Tradução Carlos Szlak. – 1. ed. – Barueri: Faro Editorial, 2018. [livro]
GENESINI, Silvio. A pós-verdade é uma notícia falsa. Revista USP – São Paulo. N.116, janeiro/fevereiro/março 2018. [livro]
HITLER, ADOLF. Minha Luta, p. 154-155. Disponível em:< https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=dGFyZGluLm5ldHxmaXNpY2F8Z3g6MWE1MTdkOTNlZjcxMTVkMw> Acesso em: 11/07/2019. [internet]
NARLOCH, Leandro. Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil. Revisão Rosângela Viana. – LEYA, São Paulo, 2009. [livro]
REISDORFER, Thiago. Fake News em sala de aula: o ensino de história e informação no tempo presente, p. 429-431. Disponível em: < https://www.academia.edu/36542965/FAKE_NEWS_EM_SALA_DE_AULA_O_ENSINO_DE_HIST%C3%93RIA_E_INFORMA%C3%87%C3%83O_NO_TEMPO_PRESENTE_Thiago_Reisdorfer> Acesso em: 11/07/2019. [internet]
Disponível em:< https://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/08/cultura/1528467298_389944.html> Acesso em: 11/07/2019. [internet]
Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/04/28/cultura/1493389536_863123.html> Acesso em: 11/07/2019. [internet]

33 comentários:

  1. Os autores chegaram a pensar em começar o artigo diferenciando os conceitos de fato histórico e Fake News de maneira mais objetiva? Perceberam durante a pesquisa que as diferenças existentes entre o fato verdade e não verdadeiro da Fake News está na conotação dada aos discursos e narrativas construídas pelos sujeitos nos diferentes contextos históricos?
    Fábio de Oliveira Cardoso

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  2. “Um erro só se propaga e se amplifica, só ganha vida com uma condição: encontrar um caldo de cultivo favorável na sociedade onde se expande. Nele, de forma inconsciente, os homens expressam seus preconceitos, seus ódios, seus temores, todas as suas emoções”, dizia Marc Bloch, em seu ensaio intitulado "Reflexões de um historiador sobre notícias falsas da guerra”, em 1921! Desta feita, nota-se que as fake news causam preocupação nos historiadores há muito tempo. Bloch ressalta talvez o ingrediente principal para tal ação prosperar: um caldo de cultivo favorável na sociedade onde se expande. Pois bem, de que modo a ciência histórica pode combater tal virulência, ainda mais em tempos obscuros nos quais vivemos? De que forma a sociedade pode suplantar a menoridade intelectual, tão bem definida por Kant? Aos autores, fica o registro: belo texto para tempos hodiernos estranhos, para dizer o mínimo. Congratulações.
    Willian Spengler

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    1. Olá Willian Spengler! Ficamos alegres pela sua leitura e comentário. De fato, Bloch estava pensando a problemática das notícias falsas em um momento onde a propagação destas encontrou terreno muito fértil e favorável, afinal, é justamente em momentos de maior tensão social que elas podem se reproduzir de maneira mais rápida. A guerra é um desses momentos e, localizar a verdade nesse meio tão hostil é tarefa quase impossível. Se o grande Marc Bloch já enfrentava essa inquietação em 1921, imagine nós, historiadores do século XXI, tendo que lidar com uma propagação em massa de informações manipuladas e em velocidade nunca antes vista. O papel do historiador deve ser o de combate a essas distorções. Deve englobar a tomada de posição do conhecimento cientificamente conduzido sobre a história, mesmo em tempos em que a profissionalização desta passa por boicotes políticos de natureza arbitrária. Nós conhecemos as distorções éticas presentes nos argumentos negacionistas e a tarefa do historiador da era digital será a de se adequar a essas tecnologias, pois é lá que o combate prevalece.

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  3. Olá,Bruno e Marize!
    Que legal, essa temática emergir no nosso simpósio! Vocês pontuaram muitas coisas...a formação de uma opinião contraditória aos fatos históricos, que essa falta de transparência nos fatos já vem de muitos anos,etc. Me recordava aqui diversos fatos, dentre eles, a GUERRA DE CANUDOS. Por anos e anos, acreditou-se que aquela gente sofrida, maltratada pelos governos, chefes locais e a Igreja,planejou a guerra para restaurar a monarquia.E que tudo começou com a história de uma tal madeira para a nova Igreja.Assim, às luzes do ensino de História,vamos desconstruindo tantas FAKES do passado e do presente! Essa questão do COMUNISMO e SOCIALISMO estarem hoje em dia mais evidentes,expostos como doutrinas maléficas,fez com que muitos votassem na direita que aí está comandando a nação.A fake tomou conta das cinco regiões do país, por exemplo: "O Brasil vai virar Venezuela"; "o COMUNISMO está acabando o Brasil!" Quanta falta de conhecimento histórico! Existe sistema político e econômico 100% perfeito? O que se deve conhecer de cada um? Realmente, há fontes e fontes históricas.E a nossa História Brasileira, desde 1500 é alicerçada de muitas fake news...daí, a nossa criticidade diante dos fatos. Obrigada!

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  4. Bom-dia! Esqueci o meu nome...Ivanize Santana Sousa Nascimento

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  5. Olá Bruno e Marize! Inicialmente gostaria de parabenizá-los pelo texto e sobretudo pela temática trazida aqui. É interessante apontarmos que, atrelado às benesses dasnovas tecnologias, os malefícios tão logo aparece. A nossa história é permeada dessas fake news. Parabéns!

    Jefferson Fernandes de Aquino

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  6. Parabéns pelo texto, fundamental para nosso tempo. Como na história a disseminação de fake news ocorre também em outros campos do conhecimento. Diante da abordagem histórica e conceitual que trouxe no texto, considera o trabalho com as fake news, no campo da história, importantes para a compreensão de fenômenos próprios de outras áreas do conhecimento?

    Carla Cattelan

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    1. Olá Carla Cattelan. Obrigado pela leitura e questionamento. Não tenho a menor dúvida que o conhecimento histórico possa auxilar a pensar problemáticas oriundas de outras áreas do conhecimento. Mesmo nas Ciências da Natureza temos casos de polêmicas envolvendo conhecimento equivocado x conhecimento científico, por exemplo, a teorização do terraplanismo. Na história da medicina isso fica mais evidente. O grande debate em torno das vacinas ainda prevalece até hoje. Penso que o problema maior esteja nas mão das ciências sociais. De maneira geral, estas estão no campo das narrativas múltiplas do acontecer social, estando sujeitas a informações desleais e duvidosas. O diferencial do pesquisador atento e comprometido com sua área de conhecimento é o de estar alerta ao que acontece a sua volta. Dessa forma se produz boa subjetividade e se produz boa ciência. A contribuição da História nesse cenário é imprescindível.
      Atenciosamente, Bruno dos Santos Nascimento.

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  7. Boa Noite Bruno e Marize, tema muito interessante abordado por vocês. Qual influência vocês acham que a Fake news tem nessa nova corrente da história chamada negacionismo que tem por finalidade negar fatos históricos? O próprio presidente em um programa de tv afirmou que não houve escravidão, que teria sido o próprio africano que escravizou o negro, ou que a ditadura no Brasil não foi repressiva e violenta?

    Pedro Henrique Sassone Cupertino

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    1. Boa noite, Pedro Henrique Sassone Cupertino. Muito obrigado pelo interesse no tema. O negacionismo histórico nasce justamente com a premissa de ser uma "revisão". Seria como uma espécie de mostrar a "verdade" sobre fatos que foram "maquiados" por esquerdistas (aqui num sentido pejorativo) com fins de adequar a história a agendas políticas de partidos políticos (caso típico do Brasil). Em certa medida isso é verdade, não são raros os pesquisadores que esquecem a ciência para fazer política no meio acadêmico, e isso não é exclusividade da esquerda. Tomar posições políticas é um ato democrático e de cidadania. Contudo, radicalizar os espectros políticos é uma das maneiras de cegar o conhecimento e abrir caminho para a negação dos fatos.
      A ideia de revisão historiográfica é muito recorrente no meio acadêmico. Refutar interpretações e análises faz parte da construção do conhecimento. O problema reside em adequar o real, ou a produção do real, a visão sem respaldo científico. No campo da História isso é mais recorrente pela disseminação de best-sellers que são escritos por jornalistas ou por alguém que não é da área. Desse modo, guias pseudo científicos sugerem os mais esdrúxulos apontamentos sobre a escravidão e a ditadura no Brasil.

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  8. Embora concebamos que a propagação das Fakes News tenham como propulsor as redes sociais e a acessibilidade em massa da internet, podemos afirmar que a disseminação do revisionismo histórico e do negacionismo tenham origem neoliberal, tendo em vista seu caráter defensor do Estado mínimo de direito?

    Adriana Cardoso dos Santos Pereira

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    1. Boa noite, Adriana Cardoso dos Santos Pereira. Você levantou um importante questionamento. Quando observamos os canais de divulgação do "revisonismo" histórico, observamos o seguinte:
      1- Os comentadores consultados para entrevista não são historiadores. Quando são (pouquíssimos), estão a margem de um núcleo de especialistas nas áreas abordadas;
      2- Tanto o MBL, Escola Sem Partido e o Brasil Paralelo são financiados por organizações privadas e atendem a interesses da iniciativa privada. É a partir desse patrocínio mercadológico que os conteúdos são "criados" para melhor servirem a esses investidores. O resultado se mostra em um maior trabalho de divulgação, qualidade áudio visual em alto nível e uma narrativa atraente e sensacionalista.

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    2. Boa noite, Bruno. Muito grata pela atenção. Há de se esperar que nesses movimentos não sejam observados a presença da academia, mas de pseudo intelectuais que não se embasam na ciência e que por esse domínio tentam combatê-la a todo custo.

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  9. O plano de aula do professor Thiago Reisdofer utilizado nesta pesquisa como estratégia do combate as Fake News na sala de aula, surge como promissor ao tornar os alunos agentes da checagem e do combate a falsas noticias e informações divulgadas em redes sociais, blogs e sites. O artigo sugere que o próprio professor disponibilize o material de pesquisa aos estudantes. Como percebem essa possibilidade em escolas públicas dotadas de um acervo bibliotecário composto majoritariamente por livros didáticos concisos e sem laboratório de informática?

    Adriana Cardoso dos Santos Pereira

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  10. Caro Comunicador;
    Boa noite.

    Texto cativante e didático.

    Quando o senhor remete ao tema adotado descreve :

    (...) “Tomados esses eventos, a imprensa internacional procurou dar atenção especial ao consumo das chamadas notícias falsas, atribuindo a estas um status decisivo, como influenciadoras de resultados eleitorais e difusão da desinformação e ódio cibernético a partir de apelos emocionais e paixões pessoais.” (...)

    (...) “Esse novo mundo instituiu uma série de indiferenças e desconfianças com relação às instituições outrora detentoras de uma certa “verdade”, como a escola, a ciência e a política. Dessa forma, pode-se observar consequências agudas no campo social: negacionismo científico (terra planismo, nazismo de esquerda, vacinas que causam Autismo, ojeriza aos “especialistas” e negação do holocausto), hiperpolarização política e bolhas on-line (grupos que compartilham as mesmas ideias e percepções e que muitas vezes nutrem ódio pelo diferentee contraditório).” (...)

    Esse mundo de indiferenças e desconfianças, geralmente são agressões verbais, físicas e psicológicas que humilham, intimidam e traumatizam a vítima. Os danos causados pelo bullying podem ser profundos, como a depressão, distúrbios comportamentais e até o suicídio.
    Neste contexto, isso recocheteia na escola e prolifera o conceito colonizador e/ou decolonizar.
    Assim sendo, podemos enfatizar mais esse tema nas aulas de história, em especial na prática do bullying que é um conjunto de violências que se repetem por algum período.
    Impede perguntar, o ódio será porquê os leitores e/ou estudantes não leêm os conteúdos e sim somente os títulos, sem pesquisar à fonte – interpretar à fonte, como um bom investigador historiador ?????

    Gostaria de sua justificativa.

    Franrobson Rodrigues Ribeiro – Manaus/AM.

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    1. Boa noite, Franrobson Rodrigues Ribeiro. Obrigado por ter lido o texto e muito feliz pelo questionamento.
      A internet se mostrou, de fato, como grande propagadora de violência gratuita. Apesar das inúmeras possibilidades nesse ambiente de informações e entretenimento, infelizmente, a possibilidade da barbárie também é uma realidade. Atacar o "outro" se tornou corriqueiro e crimes cibernéticos já fazem parte do nosso cotidiano. Por ser um espaço aberto, o anonimato possibilita o ataque virtual de forma mais acessível. Quanto as informações propagadas, muitas vezes os links são compartilhados sem uma leitura prévia. Isso acontece por que são produzidos para certos nichos de recepção que já nutrem certas opiniões agressivas.

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  11. Olá, Bruno e Marize, texto excelente e pertinente.

    Sobre a seguinte passagem:
    “A novidade reside nessa nova era tecnológica, protagonizada pela internet e pelas grandes redes sociais de comunicação, em que existe uma exposição cada vez mais viral de informações das mais diferentes origens e destinações com um potencial de influência astronômico: “O novo é o Facebook, o Google e o Twitter, não a tentativa de contar mentiras ou falsificar informações, o que sempre existiu na história do mundo” [Genesini, 2018]. Esse novo mundo instituiu uma série de indiferenças e desconfianças com relação às instituições outrora detentoras de uma certa “verdade”, como a escola, a ciência e a política. [...]”

    Faz-me remeter também aos incontáveis sites de notícias e páginas cuja manutenção é dependente dos acessos que estes atraem por meio de manchetes esdrúxulas e, frequentemente, pouco interessadas no contexto do evento. Tal prática às vezes se difunde para além de compromissos ideológicos e prioriza o ganho monetário, seja pela obtenção e venda de dados pessoais do visitante do site, seja pela exposição de anúncios na página da web. A veracidade do conteúdo se torna secundária, dando preferência para sua capacidade de viralização.

    Poderíamos afirmar que a superficialidade do conteúdo constantemente exposto no espaço virtual, este que já ocupa boa parte da cultura ocidental, nos condiciona a um desinteresse em buscar fontes e críticas acerca daquilo que lemos no cotidiano? Seria possível, nesse caso, subverter as “Fake News” à favor da didática e do pensamento crítico sem desassociarmo-nos da emergente tradição virtual?

    Henrique Roberto Almeida de Lima

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    1. Olá,Henrique Roberto Almeida de Lima. Os algoritmos funcionam de maneira a condicionar nossas escolhas com base nas buscas e interesses que nutrimos no meio virtual. Então, penso que seja válida a sua afirmação. As fake news também se propagam nesse esquema de interesses. Elas são direcionadas a grupos específicos que tendem a polarizar os debates. Mas, da mesma forma que desinforma, a internet ou a "tradição virtual" pode ser sim utilizada com responsabilidade. A grande estrada à frente é pensar em estratégias de intervenção que priorizem e que estabeleçam o debate saudável e a produção de conteúdos qualificados na internet. Para os fins da escola, a internet pode ser uma grande aliada.

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  12. olá, parabéns pelo texto! O texto propõem uma ideia de como desenvolver o senso critico nas salas de aulas em uma tentativa de combater as fakes news, qual seria a sugestão para o desenvolvimento do senso critico da sociedade fora sala de aula?
    Isabelle Gontijo de Paiva Barreto

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    1. Olá, Isabelle Gontijo. Obrigado pela leitura e questionamento! Penso que se existe possibilidade de pensamento crítico em toda uma sociedade, essa deve passar necessariamente pela escola e pela educação gratuita e de qualidade. As grandes sociedades desenvolvidas e em destaque mundial pela capacidade de gerar conhecimento e novas tecnologias investem maciçamente em educação. Então,mesmo com um mundo inteiro a disposição em uma tela, a figura do professor e o papel da escola ainda se mostram alternativas valiosíssimas na construção de uma sociedade mais consciente e responsável.

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  13. Parabéns pelo texto, é uma importante discursão que contribui muito com essa “era de pós verdade” que estamos vivendo. Vejo a escola como preparadora de crianças e adolescentes para lidar com isso, com o estímulo do pensamento crítico e contestação. Mas a sociedade no geral é a principal propagadora de fake News, que é também abastecida com a crise política que estamos vivendo, muitas vezes sendo confundidos opniões com fatos e partidarismos. Visto isso, ter senso crítico é ser partidário. Como a escola deve atuar nesse sentindo?
    Emilly Gontijo de Paiva Barreto

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  14. Interessante haver uma proposta de atividade que vincule os jovens a importância da pesquisa, mas como lidar com os país raivosos que muitas vezes tem um desdem a pesquisa e acredita que a mesma tem um viés partidário? Como podemos atuar nesse sentido? Renata Dariva Costa

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    1. Obrigado pelo questionamento, Renata Dariva Costa. Esse é um dos problemas mais agudos e perturbadores da escola brasileira na atualidade. Acredito que lidar com esses pais raivosos não deva ser de exclusividade somente dos professores. A escola como um todo deve trabalhar para amenizar esses problemas apresentando um Programa Político e Pedagógico que seja claro aos seus fins e que estabeleça a ponte para um pacto de cidadania entre pais, escola e alunos. Equacionar a expectativa dos pais junto aos objetivos da escola deverá ser o desafio mais difícil dos anos que se seguirão, mesmo com o fim do Escola Sem Partido. A escola não foge da constante vulgarização da política e da ciência, assim como do descrédito das instituições sociais. É um desafio coletivo, entendendo que na maioria dos casos, esses pais raivosos emergem em escolas particulares.

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  15. O texto sobre as fake news apresenta importante reflexões sobre o desenvolvimento da crítica à fonte como você pensaria a possibilidade do uso das fake news em sala de aula nesse contexto de pandemia, onde visualizamos um aumento de divulgação delas?
    Denise Frigo

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    1. Obrigado pelo questionamento, Denise Frigo. Em um cenário pós pandemia, o destaque às notícias falsas deve tomar um protagonismo maior, pois envolve a questão da vida para morte de forma mais direta. O novo termo adotado para qualificar o alto número de informações falsas na internet é "infodemia". Uma espécie de Pandemia das notícias falsas. No momento, o cuidado de si também depende das informações que consumimos. Para o ensino, acredito que as consequenciais da pandemia também incluam reflexões em todas as áreas sobre as Fake News.

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  16. Olá, boa tarde! Primeiramente gostaria de dizer que o texto ficou excelente e muito necessário para os dias de hoje. Acho interessante a proposta de atividades que reforça a relevância da pesquisa para os alunos que a todo momento são bombardeados de informação. Mas como lidar com os pais desses alunos que muitas vezes não querem que o professor fale de certos assuntos ou até mesmo são influenciados por conteúdos inflamatórios e mentirosos?
    Amanda Pereira Rocha

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    1. Olá, Amanda Pereira Rocha. Muito obrigado pela leitura e feliz por ter gostado. Vou postar a resposta que eu dei acima para a Renata Dariva, pois tem certo grau de repetição.

      "Esse é um dos problemas mais agudos e perturbadores da escola brasileira na atualidade. Acredito que lidar com esses pais raivosos não deva ser de exclusividade somente dos professores. A escola como um todo deve trabalhar para amenizar esses problemas apresentando um Programa Político e Pedagógico que seja claro aos seus fins e que estabeleça a ponte para um pacto de cidadania entre pais, escola e alunos. Equacionar a expectativa dos pais junto aos objetivos da escola deverá ser o desafio mais difícil dos anos que se seguirão, mesmo com o fim do Escola Sem Partido. A escola não foge da constante vulgarização da política e da ciência, assim como do descrédito das instituições sociais. É um desafio coletivo, entendendo que na maioria dos casos, esses pais raivosos emergem em escolas particulares".

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  17. Primeiramente gostaria de parabenizar os autores pelas ótimas e importantes considerações contidas no texto. E gostaria de perguntar o que acham a respeito da criação e difusão das Fake News se darem em um campo de disputa simbólico? Os criadores e difusores fundamentam seus discursos com base no local em que se veem socialmente. Discursos como o antifeminista partindo de mulheres, por exemplo, carregam implicitamente uma violência simbólica na qual estão imersas fazendo-as compactuarem e difundirem um discurso opressor. Vocês acham que poderíamos pensar que os discursos que buscam ser dominantes, como são os da extrema direita e conservadores, se aproveitam das possibilidades dadas pela internet para simbolicamente reforçarem a posição de dominação, chegando a se apoiarem em mentiras que os auxiliam na ocultação dessa violência? Outra questão que me fez refletir, é em como vocês pontuaram muito bem a utilização das próprias fake news em sala de aula, ao invés de o professor simplesmente afirmar para o aluno que se trata de uma mentira, é de suma importância colocá-los para exercitar o próprio senso crítico para notarem as incongruências e o poder simbólico que os discursos carregam.
    Jheniffer Caroline Oliveira Souza

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    1. Boa noite, Jheniffer Caroline Oliveira Souza. Muito obrigado pelas gentis palavras.

      Vou começar por um aspecto do final do seu comentário sobre o texto.
      O uso das Fake News como um instrumento de análise se mostra muito mais eficaz do que somente rebater a informação com uma afirmação contrária. O que se observa a algum tempo no Brasil é a ojeriza a autoridade científica. Parece que o professor se tornou substituível por conta dessas novas tecnologias. Algo que não é verdade. A importância do professor se mostra mais latente do que nunca e isso se mostra evidente no auxilio que ele pode dar na filtragem e análise conjunta com os alunos sobre as informações que recebem todos os dias. Informações que, como você bem pontuou, fazem parte de um contexto de lutas por representações simbólicas. Desde a redemocratização do Brasil é de se perceber uma gama de direitos garantidos constitucionalmente a toda uma população de sujeitos invisibilizados socialmente e isso de certa forma "agride" uma elite econômica acostumada com regalias e subalternidade gratuita. O campo simbólico de disputa pela verdade encontra agora a potencialidade da internet e dos meios de comunicação alternativos. Em um campo tão aberto, a camuflagem do autoritarismo e do preconceito afora a disputa simbólica pela melhor e mais atraente narrativa. Volto a importância do professor; é ele quem evidencia as incongruências históricas e estimula o pensamento crítico e "eles" sabem disso. Não é atoa que somos atacados.

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  18. Olá, Bruno e Marize Helena, parabéns pelas reflexões propostas no texto!

    Nesses tempos difíceis, mais do que nunca, o conhecimento histórico, precisa ser problematizado, como dizia Bloch. E essa problematização precisa ser significativa e confrontada com a narrativa do senso comum, o que tem polarizado e influenciado de forma negativa, o ensino aprendizagem.

    Nesse sentido, o papel do professor de História é fundamental no sentido de contribuir para uma análise crítica, principalmente no que diz respeito a propagação de fake News que confrontam o conhecimento histórico. Diante disso, lanço um questionamento: quando esse professor de História, também é um adepto do pensamento conservador, como analisar criticamente os acontecimentos históricos, principalmente aqueles difundidos no espaço virtual?

    Abraços,
    Valdenira Silva de Melo.

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  19. Olá Bruno e Marize, boa noite.
    Parabéns pelo trabalho, acredito que o fenômeno da recente intensificação das noticias falsas nas mídias sociais, nos chama atenção para a necessidade da disciplina História repensar o seu campo de atuação. Pois, se tradicionalmente o historiador estudava e escrevia sobre temas e acontecimentos distantes do seu tempo, atualmente é urgente que o historiador dispute narrativas para combater as noticias falsas, bem como os jornalistas e outros profissionais que falam de temas históricos mesmo sem terem formação.

    ATT: Cássio Júnio Ferreira da Silva.

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  20. Boa-noite!
    Vocês não comentaram minha fala...mas creio que é por aí também, não é?
    Esse tema invade tanto a História que é preciso tomar cuidado para não jogá-la à força!

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